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- Juliett! - Exclamou a advogada.
- Quanto tempo, doce irmã! - Lançou seu veneno abraçando a irmã mais velha.
- Joanne só é reservada demais.
- Que seja. - O tom de desdenho soava mais como uma inveja. - Vou tomar um banho, fico feliz que tenham vindo. - Finalizou dando as costas, subindo as escadas.
Alisha surgiu na sala de fininho, enquanto puxava Joanne na mesma velocidade que chegara.
- Você some por meses e me aparece com um homem... desses? - Joanne riu, sabendo o que ela queria dizer. Alisha era uma mulher de pele negra, talvez um metro e sessenta, com cabelos incrivelmente lisos e longos, seu corpo magro cabia em qualquer roupa da sessão infantil. Ainda assim era linda, mas o que mais chamava a atenção era seu par de olhos cor de avelã, que pareciam cintilar quando estava feliz.
A advogada até teria pensado em algo para responder, mas Jonathan chamou antes sua atenção.
- O restante da família já já chegará - ele avisou, sério. - Deixarei que descansem, eu sei que a viagem foi longa.
Joanne sorriu feliz. Abraçou mais uma vez o pai de forma confortante e agradeceu.
- Ao acordar amanhã pela manhã, me encontre no celeiro, Ethan, mostrarei a você a fazenda - convidou antes de sumir pelo corredor.
Ethan fechou a porta do quarto, que era bem amplo. O guarda-roupas de madeira maciça era embutido na parede e consistia em oito portas. No chão, havia um grande tapete de camurça sobre o assoalho envernizado muito bem colocado. A cama box de tamanho queen era extremamente macia e espaçosa, assim como os travesseiros. A luz do quarto era quente, dada por um abajur em uma bancada ao lado da cama.
- Essa madeira tem uma qualidade impressionante! - Exclamou o loiro passando os pés no assoalho, pisando duro feito uma criança pirracenta.
Joanne riu, era sinceramente engraçado.
- Médico e marceneiro? - Balbuciou. - Você é um ótimo ator!
As sobrancelhas se ergueram.
- Não tanto quanto você.
- Eu não sou mentirosa - respondeu, sentida.
- Você é advogada, então dizer que não mente é bastante contraditório.
De certa forma, ele tinha razão.
- Mentir não é primordial na advocacia, é só saber o que se falar e quando se falar.
- Mentir. - Ele sorriu novamente, insistindo. - E ponto final. Fale de você.
- Você não me disse muito sobre você. - Um sorriso bobo invadiu seus lábios. Sabia que se pretendessem passar as férias juntos, ela precisaria saber ao menos um mínimo sobre ele, para que não tornassem o convívio dos dois num inferno.
Ele retirou os sapatos de forma desajeitada, os jogando em um canto qualquer. Tirou a camisa, se jogando feito criança sobre a cama macia, se sentindo engolido por ela.
- Eu não sou do tipo que fica contando histórias tristes, Joanne.
- Por que eu te contratei mesmo? - Ela o indagou.
- Porque precisava do noivo perfeito - respondeu. - Vai ver com os dias que eu sou melhor calado do que falando.
A morena o observou falar, quase desdenhando.
- Independentemente de qualquer coisa, não acha que eu preciso conhecer o homem com quem noivei? - Seguiu desfazendo as malas. Por que havia trazido tantas coisas? Com certeza usaria apenas metade daquilo, e olhe lá.
Ouviu a porta bater e antes mesmo que pudesse levantar-se da cama para poder abrir, uma longa cabeleira loira passou por ela se jogando na cama sobre a morena, que quase veio a óbito sem um pingo de oxigênio. Beatrice era uma de suas primas de segundo grau por parte de pai. Tinha olhos esverdeados como esmeraldas e aproximadamente um metro e setenta de altura. Era a namorada de Castle.
- O seu cabelo cresceu tanto, Jojo! - Seus olhos brilhavam de saudade. - Você está linda, meu Deus!
Joanne já estava sem ar.
- Desse jeito você vai me matar! - Ethan estava estirado na cama assistindo à cena, com as mãos atrás da cabeça e o dorso viril desnudo, sério e calado enquanto a euforia não passava. - Bea, este é o meu noivo.
A loira o olhou dos pés à cabeça, analisando o suposto noivo de sua prima, que já se sentia em casa esparramado na cama.
- Beatrice Jones, a seu dispor. - Expôs os dentes brancos, o saudando.
- Chaos, Ethan Chaos - disse, apertando sua mão. Houve uma troca fria de olhares entre Joanne e Beatrice que não passou desapercebido pelo único homem no recinto, ele certamente estava sobrando. Se levantou, pegando uma toalha de banho no cabideiro e se direcionando ao banheiro para se banhar. - Vou deixá-las sozinhas.
Beatrice era a sexóloga da família e terapeuta de casais nas férias. Era inteligente e por mais incrível que pudesse parecer, havia sempre sabedoria em suas dicas e ensinamentos. Literalmente uma professora do sexo, não apenas na forma física mas na teórica também, era dona de muitos fundamentos com sentido. Mesmo que falasse bobagens em boa parte do tempo e não tivesse trava em sua língua afiada, ela era também uma boa amiga.
- Jojo. - Ela suspirou em um sussurro, o quarto fazia eco. - Que noivo é esse?
Jones corou.
- Oras, que tipo de pergun-
- Não há como passar desapercebido! - Arfou a loira.
- Ethan é um amor. - Tentou despistar.
- Não poderia esperar menos de você. - Beatrice agarrou Joanne em um abraço apertado. - Some durante meses e quando volta, traz um filé mignon!
Vestiu um sorriso envergonhado.
- Ele tem muitas outras qualidades.
A loira sorriu assanhada e cerrou os olhos, a fim de encontrar alguma expressão a mais em Joanne que talvez lhe pudesse arrancar mais que apenas as palavras robóticas que ela dizia.
- Muitas, eu aposto. - O duplo sentido era evidente, e causou uma crise de risos na loira. - Mas fico feliz que tenha finalmente encontrado alguém.
- Eu também.
- Eu e Castle apostamos vinte dólares que você era lésbica. - Ela sacodiu a cabeça.
- Vocês o quê?
- E então, eu ganhei vinte dólares - disse, animada. - Eu sabia que você só precisava de alguém para domar esse coraçãozinho. Você trabalha demais.
- Quando ficou tão competitiva? - Beatrice nunca fora de ligar para essas coisas. - Estou finalizando um punhado de processos, por isso sumi por semanas.
- Meses - corrigiu Beatrice. - Quase um ano.
- O importante é que estou aqui!
- Sabia que é muito estranho te ver assim, com alguém? Não me entenda mal, Jojo, mas é que você nunca trouxe ninguém pra cá. - Ela se certificou que Ethan ainda estivesse no banheiro para continuar a falar. - Aí, você me aparece com um cara super gostoso, que parece ser feito para o sexo, que nem você. - Ela riu, ironicamente. - A transa deve ser maravi-
O loiro as interrompeu, saindo do banheiro apenas de toalha. Os cabelos claros caíam sobre a testa bronzeada, as gotas de água se salientavam descendo pelo pescoço, lambendo o peitoral marcado pelos músculos definidos, e sumindo feito fantasmas na toalha grossa enrolada em sua cintura.
- Ethan! - Se espantou Joanne. - Uma roupa, coloque uma roupa, por favor! - Gritou, tampando os olhos.
Ele gargalhou, não esperava que uma mulher de quase trinta anos ficasse envergonhada daquele jeito.
- Vocês falam alto demais! - Ele vestiu uma calça de moletom por baixo da toalha molhada, insistindo em continuar deixando sua parte superior desnuda. - Aliás, Beatriz, você não está errada, Joanne é mesmo feita para o sexo.
- Beatrice, por favor - corrigiu.
O rosto perolado da jovem se tornou um verdadeiro tomate. O médico havia entrado muito no personagem e a essa altura as coisas já pareciam querer passar dos limites.
- Ethan! - Gritou em reprovação.
Beatrice riu junto do noivo de sua prima, mas notou que o clima estava ficando fora de órbita e resolveu deixar os dois pombinhos a sós.
- Joanne, te aguardo na sala depois - sussurrou enquanto saía em passos leves.
- Por que disse aquilo? - A advogada indagou Ethan, séria.
- Entrei demais no personagem - riu. Vestiu sua camisa e antes de sair completou: - Mas mesmo assim, acabei de te provar que sou melhor de boca fechada.