Capítulo 3 Batizado de Clarice

Clarice.

Fui desperta me afogando com água. Levantei da cama em desespero, até perceber a gargalhada de Meandro. Bufei e fui me trocar.

Eu mal preguei os olhos essa noite. Estava muito ansiosa para meu batizado com as deusas. Apesar de saber que sou tão poderosa quanto meus amigos, não sabia se as deusas iriam fortalecer meus poderes e me aceitar da mesma forma que aceitou meus amigos. Eles não me contaram quase nada do batismo deles, me deixando mais ansiosa ainda. A única coisa que sei, na verdade, é que a deusa tornou meus amigos companheiros. Fiquei muito feliz por eles, mas me senti excluída, apesar de não querer me ligar a eles carnalmente. Agora eles vão passar o resto de suas vidas juntos, e eu nem sei como será o meu caminho sem eles. Daquele momento em diante, eles se tornaram uma família, e impossibilitando que eu permaneça para sempre ao lado deles. No fim das contas, eu também iria formar a minha família, e desejava do fundo de meu ser, que permanecêssemos todos juntos, até o fim dos tempos.

Troquei de roupa, e desci para preparar os mantimentos e tudo que levaríamos e guardar nos cavalos. Meus amigos iriam montar um acampamento próximo ao local de meu batizado. E caso precisassem, os deuses os avisaria para se aproximar.

Gritei meus amigos e partimos para o local sagrado das deusas.

Fiquei deslumbrada com o local. Era lindo, rodeado de flores de todos os tipos, e árvores altas, como se estivesse escondendo o local sagrado. Diversos pássaros cantavam e pulavam de galha em galha como se estivesse dançando com sua revoada. O local era um círculo formado por pedras grandes, e no meio um altar e uma mesa de pedra, o chão coberto por capim macio de um verde bem vivo e brilhante.

Meus amigos me pediram para eu entrar no círculo, ressoaram cantigas de entrega para a deusa e deixaram o local. Me senti mais uma vez ansiosa, até escutar a voz angelical das deusas me chamando.

Duas belas mulheres apareceram a minha frente, estavam nuas. Seus cabelos brilhavam na noite escura, parecia reluzir chamas incandescentes azuis com um toque de roxo. Elas exalavam perfume da natureza.

Ouvi elas sussurrando ao meu redor, pedindo que eu tirasse minhas roupas. Eu obedeci, e assim que tirei vi elas queimando e purificando o local com chamas ardentes de fogo que sai de suas mãos. Porém, o fogo não me queimava. Eu ouvi risos e música, mas ao me virar não vi ninguém ao meu redor. Queria muito saber quem estava cantando e tocava aquela suave e doce melodia.

A melodia dizia:

"De fonte para fonte,

flua através de mim

acima e abaixo,

voltear para revolucionar,

claramente

Esmaeça para crescer.

Pois, o desejo,

que assim seja feito!

Feitiço faça seu trabalho!"

O cântico suave, ficava cada vez mais forte e alto.

E então senti um cheiro, e esse cheiro ascendeu em mim desejos e fantasias que eu nunca tivera. Olhei em volta em busca do cheiro composto de madeira, hortelã. E então eu o vi, parado ao lado das pedras com os olhos cor de violeta brilhando vidrados em mim. Eu senti como se estivesse flutuando, e quando me dei por mim, eu estava parada na frente dele. Ouvi as deusas falando que éramos companheiros da eternidade. E que juntos enfrentaríamos grandes coisas, as quais ultrapassaria os séculos. Estávamos destinados. A deusa Freia jogou algo em nós que nos fez brilhar e eu sentir o poder correr em minhas veias, e dobrar a energia a cada pulsação. A deusa Hécates nos beijou dizendo que seriamos imortais e poderosos como elas. Senti um corte da minha mão e logo em seguida senti a quentura das mãos do jovem misterioso a minha frente. Quando nossos sangues se encontraram, senti uma explosão de desejo queimar dentro de mim, e por mais que eu tentasse, eu não consegui reprimir meus desejos, e comecei a toca-lo...