Após uma noite de altos e baixos, Saymon Diehl Stein, ainda encontrava-se dormindo. Angelina estava prestes a interceptar à entrada de acompanhantes luxuosas na sua residencia, pois aquilo manchava demais o nome da Mallmann no mercado, ainda que fosse a coisa mais natural mundo à fora. Seus preceitos cristãos, no entanto, a impedia de concordar com tamanha vergonha.
Pediu a Claire, sua fiel empregada para chamá-lo. Claire Kuhn, era uma mulher na casa dos cinquenta e cinco anos e ajudara na educação de Saymon quando mais novo, porém o rapaz sempre foi rebelde e preferia andar com más companhia, arrasando Angelina e Herbert. Ela bateu duas vezes na madeira e demorou alguns instantes até ela ser aberta, revelando um Saymon explodindo de ressaca.
- Qual foi da vez, Clarie? - ele perguntou esfregando os olhos.
- Sua mãe mandou chamá-lo. Aguarda por ti na sala.
Ele repousou o braço nu na porta e Claire desviou o olhar. Saymon estava praticamente desnudo, usava apenas uma sunga deixando à mostra o corpo perfeito conquistado durante mais de três anos de academia, o vício mais longo de toda à sua vida.
Ele sorriu da atitude de Claire e entrou no quarto sacudindo a cabeça em negação.
- Entre. Procure uma roupa adequada pra mim! - asseverou apanhando uma toalha da gaveta de seu guarda-roupa e enrolando-a na cintura. - Sabe qual o motivo da reunião inesperada?
Claire foi firme na resposta.
- O Dr. Ritter está lá embaixo.
Saymon suspirou fundo e virou-se para encarar Claire no meio do quarto, impassível.
- Mas que homem insuportável, em? Selecione uma dessas roupas de pinguim que minha mãe mandou você comprar e deixe sobre à cama. Vou tomar um banho.
Claire assentiu.
Saymon, então, caminhou para o banheiro. À noite havia sido longa demais e ainda lembrava-se perfeitamente de certos trechos. Principalmente quando Mia fizera-o gemer propositalmente. Sorriu apoiando os braços torneados na parede do box e apertando o botão de água fria para mandar embora àquela sensação de vê-la outra vez. Afinal, a gorota não passava de uma quente costela à qual logo encontraria outro parceiro para aquecê-la.
Esqueceria quando estivesse preso naquela cadeira e lendo diversos contratos, recebendo ligações ou à visita inesperada de algum acionista. Não havia nascido para os negócios, ele sabia disso e falava abertamente. Porém, Angelina, sua mãe, o obrigara a seguir os passos de Herbert, seu marido. Ela desejava que Saymon fosse tão competente quanto o esposo. Mas não era. Ele não passava de um rosto bonito na casa dos vinte e oito anos, o qual perdeu a maior parte da vida fazendo coisas inúteis e gastando fortunas.
Se isso era lamento para Saymon Stein? Não, não era. Terminara o ensino médio com as piores notas de todos os mais incompetentes dos seus amigos. Odiava somar, multiplicar, raciocinar. Era um completo vagabundo e essa escolha de Saymon foi o bastante para Herbert suspender todas às vontades do filho, deixando-o a mercer da ajuda de Angelina, a maior culpada pelo ser humano rude e ignorante o qual Saymon tornara-se.
De banho tomado, ele voltou ao quarto e se arrumou. Ficava parecendo maduro naquela peça de vestuário e consequentemente, confundido com um ótimo empresário: determinado, bom de palavras e otimista. Conquanto, Saymon era o contrário disso tudo. Na juventude, pensara em ser modelo, tinha o físico e aparência agradável, mas logo no seu primeiro tropeço foi mandado embora. Entrara para um grupo de teatro, outra vez, falhou. Até era competente, contudo as más influências sempre distorciam o guerreiro que um dia pudesse se tornar.
Amaldiçoado pela vida, Saymon só precisava curtir os anos que ainda restava para ele, assim como gastar o dinheiro de sua mãe e engrandecer apenas num mundo criado por ele. Angelina perdia aos poucos o marido, o filho, bom, este perdera-se ao nascer.
Saymon passou perfume e ajeitou o cabelo. Se olhou no espelho e notou o quão bonito ficava. Branco dos olhos azuis acinzentados e cabelos negros. O nariz reto e anguloso, rosto harmonioso, marcante e lábios avermelhados. Herdara tudo dos mais intensos arianos, pusera à magnificência toda dos alemães para fora. Tratou de colocar à gravata, pegara a maleta com diversos contratos e descera o lance de escadas.
Ao ouvir os passos do filho, Angelina e Petrus se levantaram. Os nervos tomando conta de suas peles, o suor encharcando o colarinho.
- Até que enfim. Mais de meia hora. - Angelina conferiu o relógio de pulso. - Cheirou qual droga durante à madrugada? Uma bem pesada, me parece.
Saymon sorriu ao pé da escada.
- Não, mãezinha, foi algo bem mais... maravilhoso. Uma dose de amor quente e voraz. - sorriu acenando para Petrus e fingindo está contente com a visita do advogado supervisor. - Que traz o mais pacífico dos medianeiros da Mallmann, aqui?
- Negócios. - expressou o advogado já de cabelos grisalhos.
- Como sempre. - disse Saymon deixando a maleta sobre à mesinha e sentando. - Estou ouvindo. Qual o assunto?
Petrus fitou Angelina cordialmente, não sabia qual seria à reação de Saymon. Então tirou o contrato assinado por Adam semana passada e entregou ao rapaz, que analisou cautelosamente.
- Quem é Adam Schulz Becker, Petrus? - ele indagou curioso e desceu com os olhos mais para baixo. - E por que estamos firmando um contrato com ele por quatro milhões de dólares mensais?
Saymon fechou o contrato e estendeu a Petrus, que o guardou na pasta.
- É meu sobrinho.
- Tá ficando entendido agora. Quer colocar sua família toda na minha empresa? - fungou. - A senhora tem um midinho podre, em Dona Angelina. Qual dos dois vai começar a explicar à razão desde contrato?
- Não é nada disso, Saymon.
- Se não é isso, é oque? Algum tipo de lavagem de dinheiro? Porque se não for, alguma coisa aí está muito estranha. - conjecturou.
Petrus voltou a olhar para Angelina, seria a vez dela de começar a explicar a razão do contrato.
- Filho? - ela o chamou complacente. - Eu pedi ao Dr. Ritter para procurar alguém capacitado afim de auxiliar você na empresa. Só quero seu bem e o bem da Mallmann. Por isso do contrato... ele foi atrás do sobrinho dele.
- Ainda não entendi o motivo disso tudo. - afirmou se levantando. - Ainda acha que sou um inútil, mãe?
- Não é isso, meu filho...
- É isso sim. A senhora não confia em mim e pediu ajuda do seu amigo para encontrar alguém mais capacitado afim de me instruir, como se eu não fosse o dono daquela empresa. - botou tudo boca à fora. - Que fique bem claro que não aceito.
Angelina entrou em desespero. Era uma mulher já de idade avançada, na casa dos cinquenta e quatro anos, e suas forças vitais para comandar a empresa esvaira-se.
- A Mallmann é tão minha quanto sua, Saymon. A decisão está tomada, o sobrinho de Petrus chegará amanhã. Já pedi para o Charles contratar uma empresa para fazer a reforma da minha antiga sala. - Saymon a encarou com desprezo no olhar. - Agora vá trabalhar. Ainda quer que eu o ache competente o bastante saindo mais de uma da tarde para assumir um posto o qual começa muito cedo. Venha, Petrus! Vamos conversar melhor no escritório.
Assim que Angelina conduziu Petrus para o outro lado da mansão, Saymon pegou a primeira coisa que viu pela frente e atacou contra à parede. O choque inevitável lhe trouxe de volta à realidade. Claire o fitava amedrontada, a poucos metro.
- Meu Saymon, onde falhei contigo? - ele encontrou a voz chorosa da empregada. - Me responda para que possa consertar!
- Não existe conserto. Mande alguém a limpar essa sujeira.
E saiu pisando firme.
Saymon não era um rapaz mal ou incontrolável, apenas tivera uma educação e amor familiar reduzido, e ausência dos pais o levara a um caminho sem retorno. Não havia atalho ou quaisquer meio, somente círculos que sempre o conduzira a mesma estaca.
Chegara a Rose Ruschel nas últimas. Pensara bastante nas palavras da mãe e no que elas significavam no momento, nunca permitiria qualquer pessoa tomando decisões por ele. Jamais!
Caminhou até à recepção, pegou à chave e dirigiu para o último andar, onde ficava a sala da presidência. Saiu do elevador e fora à sua secretária.
- Boa tarde. Que temos pra hoje senhorita...
- Raven, senhor. - informou a seguir. - Apenas a leitura do orçamento mensal, a contratação do auxiliar administrativo e...
- Cancele tudo e peça para o Aaron vir até a minha sala com urgência.
- Cancelar? Mas a reunião orçamentária é essencial, senhor! - explanou a morena certificando-se mais de uma vez. - Os japoneses marcaram há um mês.
- Tô nem aí. Cancela e remarca pra amanhã.
Raven afirmou, afinal ele era seu patrão e cabia a ela cumprir tais ordens, ainda que fosse enfrentar os não amigáveis japoneses.
Ligara para Aaron e pediu para este ir ao encontro do chefe.
Saymon entrou na sala e encostou à porta. Arrumou vagamente a mesa e certificou-se de que nada o atrasaria. Tinham muitos assuntos a ser tratado e uma leva de funcionários a ser demitidos. Faria isso mais tarde. Mas no momento sua cabeça e seus pensamentos centralizavam na hipótese de ser auxiliado por alguém e isso não estava nos seus planos.
Sentado e a espera de Aaron, Saymon pediu um uísque à secretária e voltou aos conflitos internos. Sete minutos depois, Aaron apareceu na porta.
- Mandou me chamar?
- Sim, entre. - Saymon indicou à poltrona ao rapaz. - Preciso de alguns conselhos e como você é meu primo mais bem sucedido da família, talvez me ajude.
Aaron Sperb, era o diretor financeiro do G-MECA, o Grupo Mallmann Enterprises Construção & Advogacia, há sete meses. Era formando em economia na Universidade de Hoffman, à segunda mais importante do país, atrás somente de Valenza, no estado do Lassen, em Thyssen, capital de Ashton City, Lacerda, e Thirro. Com trinta e dois anos de idade, Aaron era visto pela tia, Angelina, como o futuro sucessor dela quando não estivesse mais condições de comandar à cadeira de vice-presidente. Isso causava certo desconforto em Saymon, ainda que ambos parecessem próximos.
- Quais seriam estes conselhos, Saymon Stein? - o loiro perguntou, curioso.
Saymon mal sabia por onde começar. Fora surpresa acordar e encarar à realidade fútil dos fatos. Sabia que Aaron manteria à postura formal, afinal, era chefe dele. Mas quando saísse pela porta? As palavras sufocava-o. Suspirou.
- Minha mãe se uniu ao Petrus para fazer um conselho paralelo e comandar a Mallmann.
Aaron debruçou o corpo na poltrona e entrelaçou os braços torneados acima dos peitos.
- Um conselho paralelo, Saymon? Da onde tirou isso?
- Ela mesmo afirmou. Mandou que o Petrus procurasse um auxiliar administrativo para me acessossorar em tudo. Conferir meus passos e perturbar meus neurônios. - relatou, por fim. - E o miserável contratou um tal sobrinho dele por quatro milhões de dólares mensais.
Aaron engoliu em seco. Ninguém o comunicou sobre nada, já que era o diretor financeiro da empresa.
- Tudo isso? Tá brincando comigo, não é mesmo? Ninguém falou nada sobre um novo contratado. - Aaron defendeu-se. - Mas não é uma má ideia ter alguém capacitado auxiliando você. Ainda está aprendendo a lidar com críticas, reuniões, prêmios e viagens. Acho que será uma boa. E Petrus é super competente.
Saymon revirou os olhos e apertou a caneta esferoagráfica entre as mãos.
- E tudo isso que te falei? Eu não sei quem é o escolhido de Petrus, mas sou contrário a ideia mirabolante da mamãe. Fale com ela, Aaron, sei que irá te ouvir. É doloroso, mas ela prefere tu a mim. - aquilo o feria, era fato, mas também não podia esconder à realidade. - Tente, só isso. Ou todo mundo me verá como inútil.
Aaron secou o suor com um lenço e pensou um instante. Seria muito mais difícil entender os problemas reais da empresa com Saymon no controle, mas havendo alguém acessossarando, talvez as coisas ficassem mais brandas.
- Sua mãe é dona disso tudo. Ela sabe que faz. Tem quarenta e oito porcento das ações, seu pai cinquenta e você, meu primo, apenas dois. - ele juntou os fatos para ser direto e coerente. - Pensa comigo: Tu só está aqui porque o tio Herbert prossegue doente e ela precisa cuidar dele. Ninguém nesta empresa é de acordo com tuas decisões, vou ser sincero, nem eu. Se ela mandou fazer isso, é porque à gravidade do problema a atormenta demais.
Saymon suspirou agudo. Talvez o primo tivesse mesmo razão.
- E se eu por acaso aceitar fazer parte dessa loucura?
- Aí terá duas mentes pensando no bem-estar da Mallmann. Admito, não é o que queríamos, mas é o que temos ao alcance. Não é à solução, porém, é o caminho a trilhar.