Dominador delicioso
img img Dominador delicioso img Capítulo 2 Tento um raciocínio
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Capítulo 6 Lista de desejo img
Capítulo 7 Tesão.... img
Capítulo 8 Hora do show img
Capítulo 9 Satisfeito img
Capítulo 10 Seja feita a sua vontade img
Capítulo 11 Secretaria gostosa img
Capítulo 12 Água na boca img
Capítulo 13 O show deve continuar img
Capítulo 14 Três minutos img
Capítulo 15 Minha doce menina img
Capítulo 16 Tortura img
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Capítulo 2 Tento um raciocínio

Passo os dedos trêmulos pelos meus longos cabelos, prendendo-os

numa trança lateral. Confiro pela última vez o meu reflexo no pequeno

espelho do banheiro e suspiro.

Eu não queria ir nesta festa!

- Não adianta mudar de ideia agora, Candice! Você vai nem que eu

tenha que te arrastar pelo campus!

Gemo de frustração e encaro a minha amiga, que está me observando

da porta com as mãos no quadril.

- Nathy, eu deveria estar estudando para a minha prova de

Constitucional! - tento arrumar uma desculpa, mas, ainda que ambas

estudemos Direito, ela não se atenta muito com as notas como eu. Ela estala a

língua e revira os olhos, ignorando as minhas palavras.

Além de ser minha melhor amiga, Nathy divide o apartamento comigo,

e por mais que sejamos totalmente diferentes e nos irritemos uma com a outra

de vez em quando, nos amamos como irmãs.

- Você prometeu que iria nessa festa comigo. Deixe de ser CDF pelo

menos um dia! Suas notas são sempre ótimas. E tem uma coisa, acha que não

sei que essa prova só será na próxima semana?!

- É... - fico sem graça, pega no flagra. - Mas eu gosto de estudar

com antecedência... - digo sem jeito, sabendo que estou ficando sem

argumentos.

- E outra coisa, a mais importante: você me PROMETEU! Então

termine de se arrumar logo que o pessoal já está nos esperando – ela

completa e aponta para o meu quarto, como se fosse uma mãe a me dar

ordens.

Olho para baixo, para as roupas que estou vestindo, sem entender.

- Mas eu já estou pronta!

- Ah não! Você não vai sair desse jeito comigo nunquinha! Nathy

agarra a minha mão e sai me arrastando pelo quarto. Abre o closet, jogando

várias roupas sobre a cama. Olho horrorizada para as peças que ela escolheu.

Com certeza estavam faltando alguns metros de pano por ali.

- Esses aqui vão ficar perfeitos em você! Troque logo essa roupa sem

graça. Estou te esperando na sala.

Seguro a minissaia jeans e o top preto nas mãos, imaginando se daria

muito na cara se, naquele instante, eu fingisse que estava passando mal...

Talvez de uma doença instantânea e contagiosa...

- E solte esses cabelos! - ela grita da sala. - Não entendo por que

você vive prendendo eles desse jeito, são lindos!

Reviro os olhos antes de retirar a minha calça jeans e a camiseta

cropped do corpo. Visto a minissaia e o top preto com relutância, sentindo-

me muito exposta e totalmente diferente do que sou. Não tenho medo de

mostrar um pouco de pele, mas aquilo já beirava a periguetice e, para piorar,

eu não fui abençoada com um corpão como a minha amiga.

Só estou fazendo isso porque, como Nathy jogou na minha cara há

instantes atrás, eu havia prometido. Estava bêbada quando fiz a promessa,

mas ainda assim eu dei minha palavra...

- Satisfeita? - Adentro a sala do nosso minúsculo apartamento

estudantil, dando uma voltinha, sem graça e me sentindo um pouco ridícula.

Ela sorri, aparentemente satisfeita. Porém, quando seus olhos pousam

no meu rosto, ela enruga o nariz. Nathy se aproxima de mim com um olhar

determinado. O que será que está acontecendo? Fico até com medo e dou um

passo para trás, mas ela me alcança. Liberta as minhas longas mechas loiras

da trança e me bagunça os cabelos. Eu quase tenho um ataque de fúria com

esse gesto, porém ela não me dá nem tempo para respirar. Antes que eu

reclame, sou jogada no sofá.

- Fique quieta que eu vou dar um jeito nessa sua carinha de boneca.

Sinto as cerdas do rímel passando pelos meus cílios repetidas vezes, o

pincel do blush contornando as maçãs do meu rosto e, por fim, o gloss

besuntar os meus lábios.

- Está gata demais! Agora sim está pronta pra a balada.

Reviro os olhos, achando que ela está exagerando. Ela me leva até o

banheiro, e quando vejo o meu reflexo no espelho fico pasma.

Essa sou eu?

Meu rosto, que antes aparentava ser tão delicado como o de uma

boneca de porcelana, agora parece mais maduro e bem sensual. Caramba, eu

estou incrível!

- Vamos! - Nathy me desperta do meu momento narcisista. Sorvo

uma grande lufada de ar e a solto lentamente pela boca, embaçando o

espelho, antes de seguir minha amiga porta afora.

***

- Minha prima me contou que largou o emprego só para fazer isso!

Estava dando mais dinheiro do que o salário de merda dela. - Kate gesticula

animadamente enquanto fala. Tento me afastar um pouco para não ser alvo

do líquido que beira em seu copo, prestes a ser derramado.

Escuto a conversa dos meus amigos quieta, enquanto beberico a minha

cerveja. A música alta, o burburinho e os gritos de vitória das pessoas

jogando bilhar na ampla sala abafavam as nossas vozes. Por isso não fico tão

constrangida com o tópico da vez, já que ninguém fora do círculo consegue

escutar.

Meus olhos fazem uma varredura no ambiente, estamos em um canto

da sala de TV do casarão, minhas costas estão apoiadas na parede cor de

creme que se estende por toda a casa. Daqui consigo ver o centro do aposento

onde se encontram quatro sofás marrons em corino assentados em um

semicírculo em frente à tela plana. Ninguém parece estar assistindo à partida

de football, os assentos estão ocupados por um grupo de pessoas rindo e

conversando enquanto bebem e alguns casais com as línguas enfiadas nas

gargantas de seus respectivos parceiros.

- Deixa eu ver se entendi direito... A sua prima se prostitui? -

Michael pergunta, curioso. Giro minha cabeça bruscamente ao voltar minha

atenção para o meu amigo.

- Não! Não é se prostituir! Ela não dorme com ninguém... Ela só faz

shows virtuais. É como se fosse... É como se fosse strip-tease, mas ela vai

além de tirar a roupa, sabe? Usa brinquedinhos e tal.

- Caraca! E isso dá certo?! - Nathy parece mais interessada do que

deveria. Quando percebe isso, tenta disfarçar: - Quero dizer, como ela sabe

que vai ganhar o dinheiro se é virtual?

- Então, pelo que entendi o site é bem organizado e confiável. As

pessoas que assistem aos shows compram créditos, e os gastam em forma de

gorjeta toda vez que gostam do show. Se quiserem fazer algum pedido

especial, elas pagam a modelo usando os créditos e ela recebe o dinheiro na

conta!

- Não sei se eu teria coragem de fazer algo assim... Usar o meu corpo

em troca de dinheiro? E se algum cara me pagasse e pedisse algo que eu

considerasse nojento? - Nathy diz, fingindo se arrepiar de nojo.

- Amiga, você é a dona do show. Ninguém te obriga a fazer nada!

Tem até como você colocar uma espécie de menu, com as coisas que faz e as

que não, sem perigo algum... Sabe, eu estava pensando em fazer também,

mas tenho medo que alguém me reconheça - confessa.

- O que você acha, Candice? Quase me engasgo com a cerveja e

encaro Nathy, com vontade de dar uns tapas naquela carinha linda dela. Ela

sabe muito bem que sou envergonhada demais para falar desses assuntos...

Bom, deixa eu me explicar. Não sou nenhuma santa, que isso fique

bem claro. Já tive um namorado sério e saí com alguns homens. Mas não me

sinto à vontade para falar de certas coisas.

- Se ela não se importa em usar sua imagem como instrumento de

trabalho, nem de que algum dia alguém poderá reconhecê-la, manchando para

sempre seu futuro e ferrando com sua vida... Então, que ela seja feliz.

- Nossa, Candice! Você é muito dramática.

- Sou realista. - Encolho os ombros e volto a beber o conteúdo do

meu copo de papel.

Meu celular começa a vibrar no bolso da saia. As únicas pessoas que

têm meu número são os meus amigos, que por sinal estão todos aqui, e meu

pai. Saio correndo até o lado de fora da fraternidade, fugindo do barulho e

atendo.

- Alô? - minha voz soa um pouco sem fôlego.

- Senhorita Greece?

Não sei o porquê, mas a voz feminina e sóbria no outro lado da linha

me faz arrepiar.

- Sim... sou eu.

- Estamos ligando pois a senhorita é o contato de emergência do

senhor Thomas Greece...

Sinto o meu sangue gelar e meu coração bater erraticamente. A

pressão nos meus ouvidos é ensurdecedora, mas eu faço uma força e tento

entender o que a mulher está falando.

- ... Sofreu ataque cardíaco essa noite e está hospitalizado. Seu estado

é grave. Conseguimos estabilizá-lo, mas ele precisa de tratamento e se não

houver melhoras, uma cirurgia será necessária.

Meus olhos se enchem de lágrimas e minha garganta se fecha.

Imaginar o meu pai sozinho numa maca de hospital me sufoca de dor.

- Onde ele está? Eu estou a caminho, só me diga... por favor... me

diga que ele está bem.

- Como eu disse, ele está estável agora, mas sua condição não é das

melhores. Seu pai precisa de tratamento, mas infelizmente não podemos fazer

muita coisa, pois o plano de saúde não cobre...

Minha náusea piora e me dobro com ânsia de vômito, ainda com o

celular colado na orelha.

O que posso fazer? Meu pai é a única família que tenho.

- Eu... eu vou dar um jeito. Estou indo para o hospital.

Anoto tudo e só após encerrar a ligação, me permito vomitar na grama.

As pessoas que passam por mim me olham enojadas, provavelmente achando

que estou caindo de bêbada. Lágrimas escorrem quentes por meu rosto e mal

consigo respirar com a dor pesando no peito, mas ergo a cabeça e me levanto

com as pernas trêmulas. Limpo minha boca rudemente com as costas da mão

e vou andando para o meu apartamento, à poucas quadras de onde está

rolando a festa, mas ainda assim longe para uma caminhada.

Corro pela rua escura com as calçadas ladeadas por árvores, sempre

tive medo de me aventurar pelo campus à noite e sozinha, mas eu estou tão

nervosa que mal penso na possibilidade de ser atacada. Chegando em casa a

primeira coisa que faço é trocar de roupa. Não posso aparecer lá vestida dessa

forma!

Com minha bolsa à tira colo eu busco por meus documentos e o meu

cartão contendo todo o dinheiro que eu havia guardado nos últimos meses na

poupança. Quando enfim acho que tenho tudo em mãos eu respiro fundo e

tento raciocinar.

A cidade onde eu fui criada fica a três horas da faculdade onde estudo.

Pego as chaves do carro da Nathy em cima do balcão da cozinha sem nem

pensar duas vezes e vou embora às pressas. Minha amiga deve me perdoar

quando souber o motivo do sumiço do seu precioso carro. Ou pelo menos,

assim espero.

            
            

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