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19 de março de 2019 15:40. Cartel da Viper - Fells
- Don? - A porta do escritório foi escancarada e Luan entrou - Fiquei sabendo que o Carlos vai a uma festa hoje à noite. Para nossa sorte e para o azar dele, - debochou - a festa será na Peccato.
Espalmei minhas mãos sobre a mesa de cedro, levantando da cadeira, dei a volta me apoiando na beira da mesa, cruzei os braços em frente ao peito, sorrindo por saber que hoje seria uma grande noite.
- Então é hoje que aquele figlio di puttana cai.
Carlos pegou emprestado uma grande quantia em dinheiro comigo e não pagou. Todas as vezes que fomos cobrar a dívida, ele dava um jeito de escapar. Foram meses de tocaia para pegar aquele bastardo, por fim fizemos ele pensar que havíamos recuado, então pouco a pouco aquele rato saiu da toca. Logo ele descobriria que ninguém me fazia de idiota, agora não era mais questão de dinheiro,era questão de honra. Eu queria vê-lo sofrer.
A tal festa era de uma prima de Marcos, que mesmo sem saber me fez um grande favor reservando uma de minhas boates. A boate era usada para lavagem de dinheiro e outros assuntos relacionados à máfia, uma ótima forma de não chamar a atenção para os negócios da Viper, além claro, da empresa de minha mãe.
Agora iria esperar o momento certo e dar ao Lucas o tratamento que ele merece.
***
Cheguei a festa a mais de uma hora, tentei não chamar atenção, pois a última coisa que queria, era que o bastardo soubesse que estaria aqui. Da área vip que foi reservada só para mim, conseguia ter a visão de todo o salão. Meus olhos percorriam atentamente o ambiente à procura de Marcos. Massageando a têmpora olhei para o relógio no pulso, já passava das vinte e uma horas, a pouca paciência que eu tinha já estava se esgotando. De repente alguém me fez parar e esquecer por um segundo meu objetivo.
Com um vestido prata extremamente sexy que deixava pouca margem para imaginação, a moça entrou na Peccato acompanhada de uma loira com cara de assanhada, e de dois rapazes.
Como se não bastasse estar me tirando o sono desde a primeira vez que a vi no cemitério, agora ela tinha que vir me atormentar aqui na boate.
Dando mais alguns passos ela fixou seus olhos castanhos esverdeados no vidro blindado da área vip, os lábios carnudos formavam um lindo sorriso, como se pudesse me ver do outro lado do vidro.
- Enrico, Enrico, seu foco não é esse! - Sussurrei, balançando a cabeça afastando sua imagem de minha mente.
Ela se misturou à multidão que dançava freneticamente músicas eletrônicas sob as luzes pirotécnicas e voltei a me concentrar no que estava fazendo antes, não demorou e meu alvo adentrou o estabelecimento indo direto para o bar,onde o barman preparava coquetéis.
Levantei da poltrona indicando para Luan e Adrian que eu estava indo buscar nosso convidado, eles já sabiam o que fazer.
Antes de chegar até Marcos, a moça esbarrou em mim. A olhei assustado. Em meio a tanta gente tinha que ser logo ela? Como eu sou bem mais alto que ela e estava meio escuro e por causa das luzes, seus olhos se estreitaram tentando ver meu rosto, mas não conseguiu. O que foi um alívio ou daria merda.
- Desculpa! - Ela gritou por cima da música.
- Não esquenta, tá tranquilo. - respondi do mesmo jeito e saí de lá o mais rápido possível.
Me aproximei de Marcos que estava de costas, assim que percebeu minha presença o rapaz entrou em pânico.
- Nem pense em correr, - sussurrei em seu ouvido - ou você morre aqui mesmo. - falei de forma controlada como um alerta. Segurei seu ombro fortemente dando impulso para que ele andasse - Andiamo, cazzo.
O homem caminhou a minha frente, subimos para a ala VIP, e assim que entramos apontei minha arma para a cabeça dele.
- Senta! - indiquei a poltrona.
- Senhor Enrico, e-e-eu ia pagar...
- Cala a boca cazzo! - lancei um olhar ameaçador e ele se encolheu - Se você tivesse sido honesto, não estaríamos tendo esta conversa agora. Se você não tivesse tentado me enganar, não estaríamos aqui Marcos.- as palavras saiam pausadamente enquanto eu caminhava à sua frente de um lado a outro. Ainda com a arma em punho - Você sabe o que acontece com quem pega o que não lhe pertence, não sabe?
O infeliz literalmente se jogou aos meus pés chorando e implorando por perdão.
- Por favor, Don. Por favor, eu vou pagar. Me de mais um tempo, por favor.
- Não! Não, adianta implorar, é patético até para você. - ri de seu desespero - Sabe, eu amo conhecer culturas e leis de outros países, e um dos países que mais amo a forma como exercem a lei, é a Índia. E há uma pena da qual eu sou amplamente fã - sorri colocando meu pé sobre a poltrona em que ele estava sentado e inclinei o corpo para encará-lo de perto - Sabe o que eles fazem com ladrões na Índia? - perguntei o vendo arregalar os olhos ao chegar na conclusão - Me diz então, o que você prefere? Ficar sem as mãos ou ser torturado até a morte?
O grito de desespero do homem ecoou pela sala, me afastei indo até Luan e lhe entreguei a arma ,dobrando as mangas de minha blusa social preta. Marcos tentou correr, mas meus soldados o seguraram. Não iria matá-lo, isso seria fácil demais, Marcos ficaria sem as mãos para se lembrar que jamais deveria tomar posse daquilo que não é seu e que em hipótese alguma, deve se meter com a máfia, no caso eu.
- Segunda opção então. - Indaguei sarcástico. Olhei para Luan, que me passou a arma e moveu a cabeça em concordância, ele já sabia o que fazer. Guardei minha pistola no meu coldre.
Luan e Adrian o arrastaram até o centro do camarote, o homem gritava, como uma criança em desespero, eles seguraram o infeliz e espalmaram suas mãos sobre a mesa que havia ali. Andei até a parede onde ficava minha Katana, - um presente que ganhei do chefe da Yakusa, durante uma negociação no mercado negro, antes de nos tornarmos -, segurei o cabo firme e levantei sobre minha cabeça, sabia que não precisaria de muito esforço, pois sua lâmina era tão afiada e o corte seria preciso, como um corte cirurgicamente bem feito. Desferi um golpe que arrancou as duas mãos de Marcos, o infeliz desmaiou com a dor. Mandei aquecer um ferro em brasa, estava tão quente, quase em ponto de fusão. Pressionei o ferro nos cortes cauterizando. O cheiro de carne queimada chegou até meu nariz fazendo com que meu estômago revirasse. Terminado o serviço, mandei Adrian o deixar na porta do hospital sem levantar suspeitas e descartar as mãos em qualquer lixão.
De uma coisa tinha certeza, aquele bastardo não esqueceria de mim jamais.
- Luan, peça para alguém vir limpar essa bagunça. Porque eu quero me divertir. - Luan era meu Consigliere desde a traição do antigo.
- Deixe comigo Don.
Desci as escadas e fui para o bar pedir uma dose dupla de Whisky , virando na garganta de uma só vez, o líquido desceu como um néctar dos deuses esquentando minha alma gelada. No palco uma moça dançava sensualmente, ela usava apenas uma calcinha minúscula e tinha um corpão da porra. Era ela que eu iria foder esta noite, foder pensando na porra da garota que insistia em ficar na minha mente.
Tomei mais uma dose de Whisky sentindo o calor preencher meu corpo, até olhar a minha direita e ver ela dançando com a amiga, fiquei hipnotizado por alguns minutos e como se percebesse que eu a encarava, Sofia me olhou de volta rapidamente, depois voltou a dançar de costas para mim.
Foda-se! Eu nunca corri atrás de mulher, e não seria hoje que isto iria acontecer.
Bebi a última dose de Whisky e fui até a morena do palco, que me olhou de uma forma quente e passou a língua pelos lábios, a noite hoje seria longa.