Depois de um enorme interrogatório sobre o meu passado, Abby e eu fomos comprar nossos vestidos e máscaras para usar esta noite.
Se estou animada? Não, nem um pouco. Mas fazer o que, né?
Abby me fez andar por todo o shopping atrás do vestido perfeito para mim, pois já havia escolhido o dela, por mim qualquer um estava de bom tamanho. Quando saímos do shopping fomos em um salão ali perto, arrumamos nossos cabelos e quando vimos já eram dezoito horas; tínhamos duas horas para chegar em casa e nos trocar. Para mim parecia um tempo bom, mas para Abby estávamos atrasadas.
Passamos na casa de Abby para pegar suas coisas para ela se arrumar junto comigo. Assim que chegamos na minha casa fomos logo para o
banheiro, primeiro ela, depois eu, tomar banho com todo o cuidado para não molharmos nossos cabelos. Depois do banho tomado, colocamos nossos vestidos.
O meu é longo, branco, com pequenas pedras brilhantes espalhadas pelo tecido; ele é fechado na frente e tem um decote V nas costas que vai até o final da minha coluna. Completo meu look com um salto preto, brincos de pérolas e uma leve maquiagem. Odeio maquiagem, mas como vou a uma festa de gala, não custa nada usar um pouco. O vestido de Abby é vermelho, lindo, com uma fenda que vai até o começo da coxa e um pequeno decote na frente; seus cabelos estão soltos e lisos, já os meus estão presos em um coque alto e perfeito.
Quando terminamos de nos arrumar, pegamos nossas bolsas, nossas máscaras e saímos do quarto dando de cara com Hiz, Jena e Pedro, que estavam sentados na sala assistindo algum filme; eles começam a nos elogiar assim que nos vêm.
- Meninas, como vocês estão lindas! -Jena diz com um sorriso nos
lábios.
- Realmente devo concordar com Jena, vocês estão lindas. Acho que
vou precisar reforçar o meu armamento - Hiz comenta, fazendo todos rirem.
- Hiz, também não é para tanto - digo.
Alguns segundos depois, ouvimos a campainha tocar. Olho no relógio e vejo que são exatamente oito horas da noite.
- Estão esperando alguém? - pergunta Jena indo até a porta para atender.
- Sim. O Senhor Carlos e Senhor Adam ficaram de vir nos buscar.
- Olho para Abby sem acreditar.
- Eu não acredito nisso. - Os dois deuses gregos entram na sala parecendo que são o pecado em pessoa. Abby tem muita sorte em namorar Carlos. Ele é um pacote completo.
- Boa noite senhor e senhora Lancaster. Viemos buscar as meninas
- diz Carlos, olhando de forma maliciosa para Abby, que sorri com isso.
- Só não traga minha irmã tarde - Pedro adverte, fazendo-me
sorrir.
- Pode deixar, Pedro. - Dou-lhe um abraço e logo em seguida um
beijo na testa.
- Tchau Jena, tchau Hiz, beijos. - Me despeço deles.
Quando saímos de casa, damos de cara com um BMW M6 Gran Coupé, se não me engano. Nunca tinha visto um de perto assim, é lindo. Carlos abre a porta de trás para Abby entrar e ele vai em seguida. Quando vou entrar sinto a mão de Adam segurar meu braço e me virar para olhá-lo.
Deus! Como ele está sexy nesse terno e gravata pretos. Seu cabelo está penteado para trás e sua barba menor, mas evidente.
- Você está linda, Isabel - Ele me elogia, segura a minha mão e sinto meu corpo todo esquentar na hora.
- Obrigada, você também está muito bonito. - Desvio o olhar.
Odeio admitir, mas ele me intimida muito.
Ele abre a porta do banco do carona como um perfeito cavalheiro, logo em seguida dá a volta no carro e entra, dando partida.
Sabe quando você tem uma sensação de que alguma coisa não muito boa vai acontecer? Então, é exatamente isso que senti quando o carro parou em frente à enorme mansão de cor branca e creme, com detalhes em marrom.
dam sai do carro e abre a porta, assim como Carlos fez com Abby, ele faz comigo; eu mal ponho os pés no chão e ele coloca a mão na minha cintura de uma forma bem possessiva.
Se eu disser que não gostei disso estarei mentindo descaradamente. Antes de entrarmos, colocamos nossas máscaras. As dos irmãos
Laviscks são de cores escuras sem muitos detalhes, já a minha é prata com pequenas pedras brilhantes em torno dela, e a da Abby é branca com pedras pequenas em torno dos olhos.
Antes de conseguirmos entrar, somos recebidos por uma chuva de flashes. Tento sair de perto do Adam para que ele pose para as fotos, mas sinto-o apertar ainda mais seu braço em torno da minha cintura. Olho para ele assustada, mas decido não falar, e então por fim, conseguimos entrar.
Fico boquiaberta com a decoração da festa, simplesmente está tudo muito lindo. Não sou chegada a esses tipos de festas, também nunca fui em uma, mas tudo aqui está lindo, não tenho nem palavras para descrever. Olho para cima e vejo diversos lustres enormes, que pelo que percebi são de cristal, fora a decoração que está um luxo. O dourado e o branco fazem uma junção perfeita; mesas espalhadas pelo salão e uma ala reservada para dançar. Em um canto há uma mesa enorme com diversos tipos de aperitivos; garçons não param de circular com bandejas de prata que continham não só taças de champanhe, mas de outras bebidas de cores diferentes que não faço ideia do que eram.
- Meninas, nós temos de falar com alguns convidados e logo voltamos - diz Carlos, saindo junto com Adam. Abby e eu ficamos ali, paradas como duas idiotas no meio da festa.
- Eles não vão voltar, não é? - pergunto para Abby que está com uma cara nada boa.
- Espero que voltem - rebateu irritada.
- E nós vamos ficar aqui em pé feito duas idiotas? - Mal termino de falar e uma mulher de vestido branco e máscara branca, com uma pena gigante, aparece com um sorriso enorme no rosto.
- Vi que chegaram com meus filhos. A Abby eu já conheço, mas você não. Sou Katia e você é? - Se apresenta e me surpreende quando me beija em ambas as minhas faces.
- Sou Isabel. Trabalho como estagiária há pouco tempo na empresa.
- Olho para ela e não sei o porquê, mas acho que a conheço de algum lugar.
- Oh sim. Me desculpe, mas tenho a ligeira impressão de que te conheço de algum lugar, mesmo estando com a máscara, o que é estranho. - Sorri sem graça, sentindo a mesma sensação.
- Eu também acho que te conheço - murmuro.
- Me desculpe, mas você pode tirar a sua máscara? É que estou curiosa para saber se realmente a conheço. - Ela pede e eu acho um pouco estranho.
Aquela sensação estranha me bateu de novo. Sinto o meu corpo gelar e um arrepio inusitado me aflige.
- Está se sentindo bem? - pergunta preocupada.
- Sim, só foi um mal-estar, mas já vai passar. - Dou um sorriso
falso.
- Abby, vai buscar um pouco de água para ela por favor, e leve para
o meu escritório. - A senhora Lavisck pede e Abby concorda, saindo em seguida à procura de água.
- Vem, vamos ao meu escritório. Lá você vai poder se sentar um pouco, parece nervosa e está pálida. - Me segura pelo braço e me leva para uma porta grande de madeira escura; quando entramos ela me ajuda a me sentar em um sofá enorme, claro, e se senta ao meu lado. - Como se sente?
- indaga ainda preocupada.
- Com um pouco de falta de ar - digo retirando a minha máscara e
quando olho para ela, vejo que me encara com os olhos completamente arregalados.
- Senhora Lavisck? Se sente bem? - Agora é a minha vez de me preocupar, pois, do nada, ela ficou pálida.
- Não é possível... - Ela diz e coloca a mão na boca, tentando reprimir o choro.
- Não é possível o quê? Desculpe, mas não estou entendo nada. - Assim que termino de falar, a porta se abre e vejo Abby, Carlos e Adam que me olham e depois para a mãe, indo até ela.
- Mãe, o que você tem? Está pálida e gelada - diz Carlos segurando a mão da mãe, enquanto Adam a abraça.
- Adam! É ela, a minha Rapunzel! - A senhora Lavisck fala, me fazendo olhar completamente confusa para Adam, assim como está Abby, que também não entende nada.
- Eu sabia - murmura Adam olhando para Carlos, que concorda.
- Sabia do quê? O que vocês estão escondendo? - pergunta Abby.
- Você está idêntica à sua mãe, minha Rapunzel. - Olho para ela bem nos olhos e logo sinto flashes de lembranças em minha mente.
- Júlia, ela está cada dia mais bonita e parecida com você - fala a minha tia Kátia.
Ela vem até mim, me pega no colo e diz, olhando fixamente para os meus olhos com o sorriso enorme:
- Você está idêntica à sua mãe, minha Rapunzel. Em seguida dá um beijo longo em minha testa.
Olho para Kátia de olhos arregalados e só percebo que estou chorando quando sinto uma única lágrima escorrer pelo meu rosto.
- Tia Kátia? - Um sorriso gigante surge em seus lábios e junto com ele vêm as lágrimas.
- Você se lembrou, minha querida! - Ela me abraça fazendo-me chorar mais.