OS SETE DRAGÕES - Morning Star
img img OS SETE DRAGÕES - Morning Star img Capítulo 2 Acalmando o belo
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Capítulo 6 O presente de casamento img
Capítulo 7 A aposta real img
Capítulo 8 Um presente inusitado img
Capítulo 9 Uma manhã de primavera img
Capítulo 10 Se conhecendo img
Capítulo 11 A nova serva do castelo img
Capítulo 12 Desejo img
Capítulo 13 Antes do amanhecer img
Capítulo 14 Ambição img
Capítulo 15 Insanidade img
Capítulo 16 Desconfiança img
Capítulo 17 No fim da festa img
Capítulo 18 Sempre ao seu lado img
Capítulo 19 A visita img
Capítulo 20 A vingança img
Capítulo 21 A certeza do rei Dragão img
Capítulo 22 E a história recomeça... diferente... img
Capítulo 23 Glossário: img
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Capítulo 2 Acalmando o belo

– Não! Recuso-me a casar.

– Kanji, reconsidere. É pelo bem do nosso clã.

– Não vou me casar com uma humana imunda.

– Nem mesmo que esse casamento lhe renda o trono de um rico reino no ocidente?

Ele fez silêncio. Por um segundo pensou um pouco nas palavras de seu pai, tentadoras palavras. Era o mais jovem de dois irmãos, não herdaria o reino de seu pai e, por se tratar de um mestiço, dificilmente, algum Clã Youkai oferecer-lhe-ia uma princesa. Não havia muitas escolhas para Kanji, mas seu orgulho o impedia de admitir isso. Takeo, com sua habitual firmeza, perguntou:

– O que me diz?

Kanji responde emburrado olhando para Takara, que observava a conversa sem maiores intromissões. A mulher apenas lhe lançou um olhar cúmplice, que apenas o filho perceberia:

– Não sei...

Takara, mãe de Kanji e segunda esposa de Takeo, assistia a conversa em silêncio com seu rosto impassível. Quase sempre, a rainha preferia não tomar parte nas discussões do pai com os filhos e, raramente, emitia opinião. A não ser quando o marido, já impaciente com a teimosia de sua prole, exigia a opinião dela.

Shuji, o irmão mais velho de Kanji, filho do primeiro casamento do rei, um Inu youkai completo e poderoso, ouvia a conversa atentamente, mesmo parecendo um tanto alheio à discussão, como se isso fosse possível a qualquer ser naquele castelo. Permanecia apenas sentado com seus olhos fechados e o rosto baixo, quando sentenciou para a surpresa de todos:

– Eu me caso com a princesa humana.

Todos o olharam, estavam surpresos, sem entender a reação do príncipe herdeiro do reino do Oeste. A verdade era que o ambicioso príncipe via um futuro muito mais promissor para si nas terras ocidentais do que no reino que herdaria naturalmente.

O reino, o qual falavam no oriente, era muito maior que o do Clã Inu Youkai, famoso pelos produtos que exportava e temido por seu poderio militar. Como no ocidente não havia youkai, apenas humanos, o príncipe observou uma ótima oportunidade de conquistar grande poder e domínio com tal casamento arranjado, assim deixaria o reino do Oeste para seu irmão caçula, que poderia fazer o que desejasse.

Ao ouvir aquela frase do enteado, o qual sempre tratou com o mesmo carinho que seu próprio filho, a rainha questionou, incrédula:

– Você tem certeza, meu querido? Você é o herdeiro de seu pai, não necessita dessa atitude.

– Eu sei.

– Então, Shuji? O que pretende?

Perguntou Takeo, começando a se impacientar com a atitude de ambos os filhos, o príncipe falou com sua habitual frieza:

– Apenas será melhor se eu assumir o trono do reino do ocidente.

– Por que você, e não eu?

Pergunta Kanji, aos gritos, já imaginando a lógica do irmão, que se achava superior por ser um youkai de sangue puro:

– Kanji, você acabou de dizer que não se casaria com uma humana imunda.

– Ele detesta os humanos mais do que eu.

Retruca o garoto ao ouvir a afirmação do pai, que se intromete no assunto. O mais velho apenas observa a reação do irmão sem dizer uma palavra, levantando-se da poltrona onde estava sentado próximo à madrasta e reafirma antes de sair da sala:

– Estou disposto a aceitar o casamento com a humana.

– Volte aqui, maldito...

Grita Kanji, enquanto o irmão desaparecia da sala de reunião. Takeo ficou surpreso com a atitude do filho mais velho, enquanto observava Kanji esbravejando em direção à porta. Entendeu perfeitamente a decisão de Shuji, realmente ele era o mais indicado para assumir o trono daquele reino longínquo, e se ele desposasse a princesa humana, acabaria por fim os problemas do Clã Inu e, no futuro, seriam o maior e mais poderoso Clã Youkai que existiria.

Takara aproximou-se de Kanji, tentando acalmá-lo com sua habitual docilidade:

– Filho, acalme se. Você não desejava se casar com a princesa.

– Mas, mãe...

– Mudou de ideia?

– Não! Não sei...

– Então deixemos que seu pai decida.

Disse ela, olhando para o marido que estava de pé parado, no meio da sala, com o olhar pensativo. A verdade é que ele concordava com seu primogênito e ainda achava Kanji muito imaturo para assumir tamanha responsabilidade, ele sempre preferiu que o mais jovem de seus filhos reinasse sobre o Oeste, apenas não podia fazer isso por respeito a seu primogênito. Vendo a atual situação, disse:

– Muito bem, se essa é a vontade de Shuji, não me oponho. Nem você, Kanji, se oporás. Não queria se casar e não vai. Vamos, minha rainha.

– Pai???

– Já decidi.

Disse Takeo enquanto saia, conduzindo sua esposa pelo braço, com um sorriso que apenas ela percebeu. Iria com certeza contar o que estava planejando para o futuro dos filhos e essa o apoiaria como sempre fizera. Não andaram muito pelo castelo até chegar a suntuosa varanda principal, com sua vista do jardim. Vendo-se sozinha com o marido, Takara questiona:

– Quando a comitiva real chega?

– Em dois dias, meu velho amigo deve vir trazendo as princesas.

– São duas?

– Sim, mas ele só pretende casar a mais nova, pelo que me disse. Porém, eu tenho algo em mente.

– Esse Clã, por acaso, seria o dos dragões?

– Exatamente, minha rainha.

– Já posso até imaginar o que me dirá.

Takeo riu com a expressão da mulher, que já sabia que as princesas não eram simples humanas como haviam dito. Ele falava com toda a certeza das filhas do Lorde Hideki Higurashi, seu antigo companheiro de batalhas. Certa vez, o marido havia contado sobre a estranha origem daquele guerreiro impiedoso de olhos azuis.

Dizia a lenda que o guerreiro invencível era descente de um temível Dragão, chamado de Shooting Star, o qual lhe rendera poderes comparáveis apenas aos grandes Dai-youkai, mesmo esse sendo um humano. Depois de passar muitos anos no Japão, lutando ao lado de Takeo e dos Inu Youkai, voltou para o reino de sua família, onde assumiu o trono e suas responsabilidades.

Takara podia prever que seu marido não desejava apenas as terras daquele próspero reino, mas também desejava ter em sua linhagem, o lendário poder dos descentes de tão famoso ser. Claro que nada garantiria que a princesa tivesse os poderes de seu pai, mas o rei Inu youkai queria ver pessoalmente.

            
            

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