Capítulo 4 Bebida adulterada

A primeira coisa que Shirley fez ao acordar na manhã seguinte, com todo o corpo e a cabeça doloridos, foi ir o mais rápido possível para o banheiro e se agachar diante da privada para vomitar.

Espalhou creme dental na escova e lavou rapidamente a boca, enxaguando diversas vezes para tirar o gosto de vômito e álcool da boca.

Ainda meio cambaleante, ela se despiu e se enfiou embaixo do chuveiro, deixando que o jato de água fria caísse por seu corpo, para despertá-lo.

Pequenos flashes da noite anterior voltavam diante de seus olhos e ela se sentiu perdida.

Não se lembrava de muita coisa que acontecera na noite anterior, mas lembrava-se de ter feito sexo com um completo estranho e agora seria culpada por levar sua família a ruína.

Sentiu lágrimas se formando em seus olhos e tratou de afastá-las, esfregando-se o máximo possível para tentar eliminar qualquer vestígio dele de seu corpo.

Ela não sabia quem era, pois o quarto estava muito mal iluminado.

Mas se recordava de ter olhado para os seus olhos.

Tão negros como o ébano, a encará-la de volta, embaçados de desejo.

Fechou os olhos e pressionou a testa contra a parede, sem entender como ele conseguira entrar em seu quarto.

Apenas ela tinha acesso à chave do quarto e ela se lembrava de ter fechado a porta. Assim como se lembrava que tinha caminhado sozinha para o seu quarto na noite passada.

Fechou a ducha e pegou a toalha, secando-se, antes de pegar seu vestido e colocá-lo em seu corpo novamente, e então saiu do banheiro secando os cabelos molhados.

Quando ergueu os olhos, deparou-se com Lucien Li olhando para ela com um par de olhos negros muito familiares, e de repente Shirley sentiu um arrepio gelado percorrer sua espinha.

_O que está fazendo aqui?! _ ela quis saber, encarando-o e Lucien se ergueu da poltrona.

Ele entortou o lábio em um sorriso de escárnio, mas o humor não lhe alcançara os olhos.

_Eu pensei que seria indelicado sair logo cedo depois da noite passada...

O sangue fugiu do rosto de Shirley enquanto ela apertava a toalha entre os dedos.

_Agora eu sei porque meu sobrinho ficou tão chateado pelo término do namoro. _ Lucien prosseguiu. _ Você sabe como entreter um homem na cama, Srta. Wang. Eu confesso que fiquei... impressionado!

Shirley engoliu em seco várias vezes, sentindo-se ofendida com suas palavras, mas preferiu não demonstrar fraqueza.

Ergueu o queixo enquanto procurava por sua bolsa, ao mesmo tempo em que perguntava à Lucien:

_Eu não imaginava que trocava sexo por dinheiro, Sr. Li... _ ela comentou, sem olhar para ele, porque sabia qual seria a expressão dele no momento em que proferira aquelas palavras ofensivas. Mas ele tinha feito o mesmo com ela, não é mesmo! _Quanto eu lhe devo?

Então ela retirou algumas notas da carteira e jogou na cama antes de erguer os olhos para ele novamente, deparando-se com sua expressão imperturbável, mas os olhos eram gélidos e a tensão em seu maxilar era prova o suficiente do quanto havia se irritado com seu comentário.

Lucien passou os olhos sobre o dinheiro antes de voltar a encará-la.

_ Acho que, considerando todas as vezes em que a fiz estremecer de prazer em meus braços, eu mereço uma gorjeta pelos meus serviços...

Shirley jogou a toalha sobre a cama, ajeita os cabelos da melhor maneira possível e passa por ele, irritada, catando os sapatos no caminho para a porta.

_Não creio que tenha sido um serviço tão bom assim, Sr. Li. Já conheci quem fez um trabalho melhor do que o seu!

Shirley saiu do quarto rapidamente, sentindo o coração martelando dentro do peito. Passou por um rapaz no corredor, que a encarou de maneira curiosa, mas ela não teve coragem de erguer o olhar para ele.

Sentia-se suja, humilhada e envergonhada.

Tudo o que queria era ir para casa, mas se lembrou de que teria de dizer a verdade aos seus pais, sobre o que acontecera na noite anterior.

Claro que ocultaria a identidade do homem com quem havia passado a noite!

Mas ela precisava contar ao seu pai que não poderia mais se casar com Leonard Zhang, porque não tinha mais a única coisa que ele exigira para realizar o casamento... Sua virgindade!

Lucien observou a garota partir, sentindo-se enojado.

No instante seguinte, seu secretário Aaron entrou no quarto, seus olhos passando pela cama desarrumada e o dinheiro jogado de qualquer maneira sobre a colcha, antes de se voltar para o patrão.

_Sr. Li... _ele falou, anunciando sua presença. _Creio que tenha havido um engano...

Lucien olhou para ele e o secretário engoliu em seco diante de sua expressão completamente fria.

_Prossiga! _ ele ordenou, pegando as notas em cima da cama e colocando-as dentro do bolso.

Ele ainda teria uma oportunidade de entregá-las para a dona, e isso era uma promessa que ele fazia a si mesmo.

Foi então que notou algo que lhe chamava a atenção e puxou a colcha, revelando uma mancha de sangue no lençol, ao mesmo tempo em que Aaron dizia:

_Alguém trocou o número da sua suíte, senhor. _ ele disse. _ Essa suíte pertencia a Srta. Wang...

Lucien fechou os olhos com força, sentindo uma enorme enxaqueca, enquanto se virava e caminhava em direção a porta do quarto a passos largos.

_Quero um exame de sangue... para ontem! _ ele exigiu.

Na noite anterior ele não estava agindo normalmente e havia tomado apenas uma bebida no bar do hotel.

Não era o suficiente para deixá-lo bêbado a ponto de atacar a garota como ele fizera na noite anterior.

Quando chegara no quarto e se deparara com a beldade parada no meio do cômodo, algo tomou conta dos seus sentidos e tudo o que ele precisava era se satisfazer, sem se preocupar com mais nada.

Nem mesmo com a resistência que havia sentido quando a penetrou, o que, agora que tinha visto a mancha de sangue no lençol, era prova de que a garota ainda era virgem!

_Sim, senhor! _ Aaron pegou o telefone e fez algumas ligações enquanto seguia Lucien para o elevador.

Duas horas depois ele saia da clínica com os resultados de seus exames nas mãos e a confirmação do que já havia suspeitado.

Sua bebida havia sido adulterada com uma droga muito potente que o deixava com vontade insaciável de fazer sexo.

E para piorar a situação, ele tinha levado justamente a namorada de seu sobrinho para cama...

E ela era virgem!

_Descubra quem adulterou a minha bebida! _ ele ordenou a Aaron, enquanto entrava no carro pela porta traseira e fechava a porta, deixando claro que Aaron não seguiria com ele.

_Sim, senhor! _ Aaron respondeu prontamente enquanto Lucien fechava a janela e dava instruções ao motorista de onde deveria levá-lo.