Capítulo 3 Desculpa

Shay POV

O que aquela guria pensa que é para falar assim comigo? Tive que me concentrar para não bater nela, senão eu seria demitida, o que não era má ideia, mas eu precisava desse emprego, afinal assim como todos eu tenho diversas contas para pagar né, então eu não poderia me dar o luxo de perder esse emprego por causa dessa guria insuportável, apesar de eu ter odiado ter que ficar com ela uma semana depois do horário ela precisava aprender uma lição e não falar mais comigo daquele jeito igual ela falou, quem ela pensa que era, ta bom que alguém vai falar comigo daquele jeito e vai sair impune, já se foi o tempo que isso poderia acontecer.

Nesse momento eu estava na sala de detenção com os alunos que mandei para cá e infelizmente hoje só a aluna Benson, droga essa guria me tira do sério, quanto mais eu respiro fundo mais eu me estresso, e o pior que nem depois de mandar ela pra cá ela para de ser debochada, eu acho que o prazer dela é me tirar do sério.

- E então vai mandar eu fazer o que? -ela disse mexendo o lápis entre a ponta dos dedos e me olhando.

- Calar a boca é a primeira ordem. -digo curta e grossa, eu não tinha nenhuma tarefa para ela, só não quero que ela me incomode também, mas para falar bem a verdade eu já estava começando a me arrepender de ter mandado ela para a detenção.

- Por que você não gosta de mim? -diz ela se levantando e ficando na frente da minha mesa, era só o que me faltava mesmo.

- Mas que droga por que você acha que eu não gosto de ti? -digo arqueando uma das sobrancelhas, eu acho que nem a minha cara de mau dava medo nela, porque nem assim ela se afastava, eu achava isso impressionante.

- Porque você me trata super mal e sempre implica comigo. Seus pais não te deram educação não? -não acredito que ela falou isso, essa guria sem noção não sabe da missa metade que aconteceu comigoe. ainda tem coragem de tocar em um assunto tão delicado quanto esse para mim, tudo bem que ela não sabia sobre, mas não tinha nada que se intrometer nisso. Acabei não conseguindo me segurar e segurei seu braço com força.

- Nunca mais fala isso Benson -falo apertando seu braço, e logo me arrependo do que eu havia feito, droga!

- Para professora, ta machucando -meu deus o que eu estava fazendo? Ela não tem culpa de nada, largo seu braço, afinal, a coitada não teria como adivinhar o que eu já tinha passado.

- Meu deus desculpa Ashley -falo preocupada, mas acho que não tinha mais nada que eu possa fazer, certeza que agora ela vai abrir a boca para a escola inteira e para os pais, e além de eu perder meu emprego eu vou é ser processada, eu mereço.

- Não acredito que você fez isso -diz ela pegando suas coisas e saindo da sala, eu não podia deixar ela sair.

- Aonde você vai? -pergunto agoniada.

- Vou embora, não quero saber de você me agredindo de novo. -droga, eu realmente havia pisado feio na bola mesmo.

- Espera, me desculpa por favor -apesar de me esforçar não consegui segurar as lágrimas, nunca havia chorado na frente de uma estranha antes.

- Não adian... espera, você está chorando? -ela pergunta vindo até mim.

- N-não -falo secando as lágrimas.

- Ta sim, vem comigo -fala me puxando.

- Para onde? -a pergunto com dúvida, aonde que essa louca vai me levar, vai me matar agora, só o que me faltava.

- Um lugar aonde eu costumo ir, agora fica quieta e vem -pego minhas coisas e a acompanho, sem nem questionar muito, eu já havia feito coisa errada, resolvi ir mesmo assim, afinal, eu já estava na merda mesmo.

Andamos um pouco e subimos uma escada, percebo que estavámos no terraço da escola, ela me leva até um banco e nos sentamos.

- Pronto pode falar agora -ela diz me olhando, e eu viro a cabeça sem entender.

- Falar o que? -pergunto questionando ela.

- Por que estava chorando? -ela pergunta se aproximando, era só o que me faltava mesmo.

- Não te interessa. -digo curta e grossa, garota curiosa e sem noção, meu deus.

- Nossa, você é sempre grossa assim? -diz revirando os olhos.

- Só com que merece. -digo e dou de ombros.

- Meu deus, coitada da sua namorada hein -ela fala baixo mas eu escuto.

- Que diabos de namorada que tu ta falando guria? -aumento o tom de voz.

- A do telefone ué. -ela diz sem nem saber. - Está ouvindo a conversa dos outros agora srta. Benson? -a questiono rindo, aquilo estava até que divertido.

- Foda-se, namora ou não? -ela insiste, vendo que ela não ia desistir nem tão cedo eu falo mesmo.

- Não que seja da tua conta, mas não eu não namoro e nunca vou namorar, agora chega de perguntas. -digo rapidamente para já encerrar o assunto.

- Ta bom ta bom. -ela diz erguendo os braços em forma de rendição. Silêncio, resolvo quebra-lo, puxando assunto.

- O braço machucou? -pergunto com medo da resposta.

- Está melhor, por que fez aquilo? -ela pergunta me olhando.

- Desculpa -falo e abaixo a cabeça.

- Eu te desculpo -fala e segura no meu queixo ergando minha cabeça- Eu sou louca assim mas sou legal ta?

- Ta bom, acho melhor irmos.

- Também acho -ela ficou me encarando e eu já estava ficando incomodada.

- Que foi Benson? -ela me olha.

- Não me bate -quando eu ia falar algo ela me beija, no começo eu recusei mas depois eu retribui e aprodundei mais ainda o beijo, nos separamos por falta de ar e ela me encara com uma cara de susto.

- Por que você fez isso? -pergunto.

- Não sei preciso ir, esquece o que aconteceu aqui.

- Esqueço, não conta para ninguém que me viu chorando.

- Combinado, preciso ir.

Ela sai e eu fico ali e sorrio, fazia muito tempo que eu não sorria de verdade, e isso estava acontecendo agora, mas por que?