Peça-me oque Quiser
img img Peça-me oque Quiser img Capítulo 4 Jantar
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Capítulo 6 Quero que você me olhe sempre img
Capítulo 7 Fantástico img
Capítulo 8 Sem tempo a perde img
Capítulo 9 Maravilhoso Almoço img
Capítulo 10 Brincadeiras img
Capítulo 11 Entre risadas img
Capítulo 12 Surpresa img
Capítulo 13 Exausta img
Capítulo 14 Segunda-Feira img
Capítulo 15 Gato img
Capítulo 16 Sete e meia img
Capítulo 17 Sem Calcinha img
Capítulo 18 Frustada e Irritada img
Capítulo 19 sinto vontade de morrer img
Capítulo 20 Quarta-Feira img
Capítulo 21 O dia foi horrível img
Capítulo 22 Sexta-Feira img
Capítulo 23 Acordo sobressaltada img
Capítulo 24 O que houve img
Capítulo 25 Odeio acordar tão cedo! img
Capítulo 26 No sábado à tarde img
Capítulo 27 Você me faria uma tatuagem img
Capítulo 28 Continuo sem notícias de Eric img
Capítulo 29 Dois dias depois img
Capítulo 30 Fernando continua me procurando img
Capítulo 31 Por que você foi embora sem me avisar img
Capítulo 32 Esse homem serve pra você, moreninha. img
Capítulo 33 Exausta, adormeço em seus braços. img
Capítulo 34 Te amo. img
Capítulo 35 Meu Deus, criei um monstro! img
Capítulo 36 Três dias depois img
Capítulo 37 Björn está louco pra te provar de novo. img
Capítulo 38 Será que está se apaixonando por mim img
Capítulo 39 Você está bem, Judith img
Capítulo 40 No dia 27 de agosto img
Capítulo 41 21 de setembro img
Capítulo 42 Estou ficando desesperada img
Capítulo 43 Meu Deus! Você é casado img
Capítulo 44 A semana começa com força total img
Capítulo 45 Sabe o que tua sobrinha me disse img
Capítulo 46 O que você está fazendo img
Capítulo 47 Na segunda-feira.. img
Capítulo 48 Por quê img
Capítulo 49 Por que não me abraça img
Capítulo 50 Posso saber o que você está fazendo img
Capítulo 51 Dormiu bem img
Capítulo 52 Na manhã seguinte img
Capítulo 53 Na sexta-feira img
Capítulo 54 Tomaria café da manhã comigo img
Capítulo 55 Te amo, Jud! img
Capítulo 56 Oque Houve img
Capítulo 57 Na segunda-feira img
Capítulo 58 Peça-me oque Quiser 2 - Agora e Sempre img
Capítulo 59 17 de dezembro img
Capítulo 60 Observando img
Capítulo 61 O que é isso img
Capítulo 62 O que está acontecendo comigo img
Capítulo 63 O que fazemos aqui img
Capítulo 64 Quer café img
Capítulo 65 Seja bem-vinda. img
Capítulo 66 Dormiu bem img
Capítulo 67 Você notou como Flyn me olha img
Capítulo 68 Você é Judith img
Capítulo 69 Bom dia, moreninha. img
Capítulo 70 Não tinha ido pra Espanha img
Capítulo 71 O cheiro de Eric está em tudo img
Capítulo 72 Você está linda, Jud. img
Capítulo 73 Que linda que é minha Luz! img
Capítulo 74 Onde você está img
Capítulo 75 Véspera do Dia de Reis img
Capítulo 76 Que bela manhã! img
Capítulo 77 Faça um teste. img
Capítulo 78 Pobre garota! img
Capítulo 79 Qual é o tratamento img
Capítulo 80 De novo img
Capítulo 81 Nosso lar. img
Capítulo 82 Por quê img
Capítulo 83 A vida com Iceman img
Capítulo 84 Flyn está com ele img
Capítulo 85 Como foi hoje na escola img
Capítulo 86 Que horas são img
Capítulo 87 Adoro te ver assim, tão feliz. img
Capítulo 88 Brasileira! img
Capítulo 89 Bronca ou piscina img
Capítulo 90 Quando foi que você colocou isso img
Capítulo 91 Agora e Sempre! img
Capítulo 92 Quero estar com Eric e com Flyn. img
Capítulo 93 Como Flyn está img
Capítulo 94 Por que não acordei mais cedo hoje img
Capítulo 95 Posso saber onde você dormiu img
Capítulo 96 Que três mulheres tão bonitas eu tenho! img
Capítulo 97 O que Eric está fazendo img
Capítulo 98 Maldito cabeça-dura! img
Capítulo 99 É o primeiro dia da minha vida. img
Capítulo 100 O que você fez img
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Capítulo 4 Jantar

Chego em casa às sete e meia. Dou oi para o meu gato Trampo, que vem bem devagar

me receber. Largo a bolsa no sofá cor de berinjela, vou até a cozinha, pego seu remédio,

abro a boca de Trampo e lhe dou umas gotas. O coitadinho nem se perturba mais.

Após dar sua cota diária de carinho, abro a geladeira para pegar uma Coca-Cola. Sou

viciada em Coca-Cola... é desesperador! Sem pensar em mais nada, vejo a pilha de

roupas para passar que estão em cima da cadeira. Embora viver sozinha e ser

independente tenha lá suas vantagens, se eu estivesse morando com meu pai essa roupa

toda com certeza estaria passadinha e pendurada no armário.

Depois de terminar a lata de Coca, corro para o banho. Antes, ponho um CD do

Guns'n'Roses. Adoro essa banda. E Axl, o vocalista, com esse cabelo e essa cara de

gringo, e com seu jeito de mexer os quadris. Fico louca! Entro no banheiro. Tiro a roupa

enquanto cantarolo Sweet Child O'Mine:

She's got a smile that it seems to me,

Reminds me of childhood memories

Where everything was as fresh as the bright blue sky.

Que maravilha! Que voz esse homem tem! Instantes depois, suspiro ao sentir a água

quente caindo sobre minha pele. Faz com que eu me sinta limpa. Mas, de repente, o

senhor Zimmerman e seu jeito de falar comigo surgem em minha mente, e minhas mãos,

escorregadias por causa do sabonete, descem pelo meu corpo. Abro as pernas e me toco.

Ah, sim, Zimmerman!

Pensar em sua boca, em como percorreu meus lábios com sua língua, me excita.

Lembrar de seus olhos e dele todo me deixa a mil. Calor de novo! Minhas mãos deslizam

sobre mim, e uma delas se detém no meu seio direito, enquanto a voz penetrante do

vocalista do Guns'n'Roses continua a ecoar. Toco o mamilo direito com o polegar,

fazendo-o ficar duro. Mais calor!

Fecho os olhos e imagino que é Zimmerman quem o toca, quem o endurece. Não o

conheço. Não sei nada sobre ele. Mas sei, sim, que sua proximidade me enche de tesão.

Solto um gemido bem no instante em que ouço o toque do meu telefone. Deixo tocar.

Não quero interromper esse momento. Mas no sexto toque abro os olhos, saio da minha

bolha de prazer, pego a toalha e corro até o quarto para atender.

- Por que demorou tanto pra atender?

É minha irmã. Como sempre, na hora errada e fazendo mil perguntas.

- Eu estava no banho, Raquel. Algum problema?

Sua risadinha me faz rir também.

- Como está o Trampo?

Dou de ombros e suspiro.

- Igual a ontem. Sem muita novidade.

- Maninha, você tem que estar preparada. Lembra o que o veterinário disse.

- Eu sei, eu sei.

- O Fernando te ligou? - me pergunta após um breve silêncio.

- Não.

- E você vai ligar pra ele?

- Não.

Minha irmã não se contenta com minha resposta e insiste:

- Judith, esse cara é ideal pra você. Tem um trabalho estável, é bonito, gentil e...

- Então fica você com ele.

- Judith! - protesta minha irmã.

Fernando é o típico amigo da vida toda. Nós dois somos de Jerez. Meu pai e o pai dele

vivem nessa cidade linda e a gente se conhece desde pequenos. Na adolescência

começamos um rolo que continuou quando já éramos adultos. Ele mora em Valência, e

eu em Madri. É inspetor de polícia, e nos vemos nas férias de verão e inverno quando nós

dois vamos a Jerez ou em viagenzinhas relâmpago que ele faz a Madri com qualquer

pretexto para me ver.

É alto, moreno e divertido. Com ele eu consigo passar horas rindo, porque tem um

humor e um encanto irresistíveis. O problema é que não estou tão envolvida por ele

quanto eu sei que ele está por mim. Gosto dele. É meu casinho de verão e trocamos

fluidos quando vem me ver. Nada além disso. Não quero mais nada, embora vez ou outra

minha irmã, meu pai e todos os nossos amigos de Jerez se empenhem em fazer a gente

ficar juntos.

- Escuta, Judith, não seja idiota. Liga pra ele. Disse que iria te ver antes de ir a Jerez

e com certeza vai fazer isso.

- Ai, Raquel, como você é chata!

Minha irmã sempre faz a mesma coisa: me enche o saco e, quando percebe que vou

falar alguma besteira, muda de assunto.

- Quer vir jantar aqui?

- Não, tenho um encontro.

Ouço-a bufar.

- E posso saber com quem? - pergunta.

- Com um amigo - minto. Do jeito que ela é puritana, se eu disser que é com meu

chefe ela vai desmaiar. - E agora, irmãzinha, chega de perguntas.

- Tá bom, você sabe o que faz. Mas continuo achando que está enrolando o Fernando

e ele vai acabar se cansando de você. Espera só!

- Raquel!

- Tá bom, tá bom, maninha, não digo mais nada. Aliás, hoje voltei a receber flores do

José. O que você acha disso?

- Caraca, Raquel, o que você quer que eu ache? - respondo irritada. - É um gesto

carinhoso da parte dele.

- Sim. Mas ele nunca tinha me dado dois buquês de flores num intervalo de três

semanas. Aí tem. Alguma coisa tá rolando, eu sei. Eu o conheço e sei que ele não é tão

gentil assim.

Olho o relógio digital sobre a mesinha: são oito e cinco. Mas, disposta a aguentar as

paranoias da minha irmã, levo o telefone pro banheiro, deixo-a esperando na linha e

enrolo o cabelo numa toalha.

- Vamos lá, o que houve?

Como já está virando rotina, Raquel me conta a última briga com o marido. Estão

casados há dez anos, e a vida deles deixou de ser emocionante quando nasceu Luz,

minha sobrinha. Suas contínuas crises conjugais são o assunto preferido dela, mas me

cansam.

- A gente já não sai juntos. Não anda de mãos dadas. Ele nunca me convida pra

jantar. E agora, do nada, me manda dois buquês de flores. Não acha que ele está se

sentindo culpado por alguma coisa?

Minha cabeça quer gritar: "Sim! Acho que seu marido está te traindo!" Mas minha irmã

é uma sofredora nata, então respondo rapidamente:

- Não acho. Talvez ele tenha visto as flores e se lembrou de você. Qual é o problema?

Após meia hora de papo com ela, finalmente consigo desligar o telefone sem falar do

meu estranho encontro com o senhor Zimmerman. Gostaria de contar a ela, mas minha

irmã logo me diria: "Você está louca? É seu chefe?" Ou quem sabe: "E se for um

assassino de mulheres?" Então prefiro ficar quieta. Não quero pensar que ela pode ter

razão.

Às 20h40, fico histérica ao revirar meu armário.

Não sei o que vestir.

Quero estar linda como ele me pediu, mas a questão é que minhas roupas são bem

básicas e funcionais. Terninhos para o trabalho e jeans para sair com os amigos. Acabo

escolhendo um vestido verde que tem um corte bonito e se ajusta às minhas curvas, e

resolvo estrear um par bem provocante de sapatos altos. Minha última extravagância.

Volto a consultar o relógio, nervosa. Já são 20h50.

Sem tempo a perder, ligo o secador e seco meu cabelo mecha por mecha. Para meu

espanto, o resultado me agrada. Como não sou de me maquiar muito, passo delineador,

rímel e batom. Odeio usar muita maquiagem; isso eu deixo para minha chefe.

Toca o interfone. Olho as horas. Nove em ponto. Pontualidade alemã. Atendo nervosa

e, antes de abrir a boca, ouço uma voz:

- Senhorita Flores, estou esperando aqui embaixo. Desça.

Após balbuciar um tímido "Estou indo", desligo. Em seguida pego minha bolsa, beijo a

cabeça de Trampo e me despeço dele. Dois minutos depois, ao passar pela portaria,

vejo-o apoiado num impressionante BMW cor de vinho. Porém o mais impressionante é

ele próprio, em seu terno escuro. Ao me ver, Zimmerman vem e me dá um beijo educado

na bochecha.

- A senhorita está muito bonita - observa.

Tenho duas opções: sorrir e agradecer ou ficar quieta. Opto pela segunda. Estou tão

nervosa e desconcertada que, se eu disser algo, nem sei o que pode sair da minha boca.

Ele abre a porta de trás do carro, e eu me surpreendo ao ver que temos um motorista.

Uau, que luxo!

Eu o cumprimento. Ele retribui.

- Tomás, tenho reserva no Moroccio - diz Zimmerman assim que entra no carro.

Dito isso, aperta um botão e um vidro opaco se interpõe entre nós e o motorista.

Olha para mim e eu não sei o que dizer. Minhas mãos suam e eu sinto que meu

coração vai pular do meu peito.

- Está tudo bem?

- Sim.

- Então por que está tão calada?

Olho para ele e encolho os ombros sem saber o que responder.

- Nunca tive um encontro como este, senhor Zimmerman - consigo dizer. - Em

geral, quando saio para jantar com um homem, eu...

Sem me deixar terminar a frase, me encara com seus penetrantes olhos azuis.

- Sai para jantar com muitos homens?

Aquela pergunta me surpreende. Por acaso esse cara se acha o último macho do

planeta? Respiro fundo e me contenho para não responder com alguma grosseria.

- Sempre que tenho vontade - esclareço.

Levanto o queixo com orgulho e, quando penso que não vou dizer mais nada, eu solto:

- O que eu não entendo é o que faço aqui, em seu carro, com o senhor e indo jantar.

Isso é algo que ainda não consigo entender.

Ele não responde. Apenas me olha... me olha... me olha e me deixa perturbada com

seu olhar.

- O senhor vai falar alguma coisa ou pretende passar todo o tempo me olhando?

- Olhar a senhorita é muito agradável.

Xingo e suspiro. Em que furada eu fui me meter? Mas, como não consigo ficar quieta,

pergunto:

- Qual é o motivo desse jantar?

- Sua companhia me agrada.

- E por que perguntou se saio com muitos homens?

- Só por curiosidade.

- Curiosidade? - repito, coçando o pescoço, desconfiada. - Por acaso um homem

como o senhor leva uma vida solitária?

- Não, senhorita.

- Fico feliz em saber, porque eu também não.

- Pare de coçar o pescoço, senhorita Flores - ele sussurra, curvando os lábios. - As

brotoejas...

Cansada de tanta formalidade e levando em conta tudo o que já foi dito, eu protesto.

Vamos parar com isso logo de uma vez!

- Por favor... Pode me chamar de Judith ou Jud. Deixemos a formalidade para o

horário do expediente. Tudo bem, o senhor é meu chefe e eu lhe devo respeito, mas me

incomoda jantar com alguém que fica me chamando pelo meu sobrenome.

Ele faz que sim. Parece ter ficado satisfeito com minhas palavras. Seus lábios me

lançam um sorriso, e seu rosto se aproxima do meu.

- Acho ótimo, desde que a senhorita me chame de Eric - sussurra. - É desagradável

e muito impessoal jantar com uma mulher que se dirige a mim pelo meu sobrenome.

Após suspirar novamente, aceito e lhe estendo a mão.

- Combinado, Eric, prazer em te conhecer.

Ele pega minha mão e, para minha surpresa, dá um beijo nela.

- Digo o mesmo, Jud - acrescenta numa voz dócil.

Nesse instante, o carro para e, já do lado de fora, Tomás abre a porta para nós. O

senhor Zimmerman... digo, Eric desce e me oferece sua mão para sair. Quando já

estamos os dois na rua, o motorista entra de novo no BMW e vai embora. Então Eric me

segura pela cintura e eu leio um letreiro que diz "Moroccio".

Entrar naquele restaurante bonito e iluminado me deixa de bom humor. Sempre quis ir

ali. Além disso, estou faminta; quase não comi nada na hora do almoço e estou com uma

fome absurda. Ao entrarmos, observo as mesas do lugar e, em especial, os pratos que os

garçons servem. "Meu Deus, esses pratos estão com uma cara maravilhosa!" Ao avistar

Eric, o maître sorri e se dirige a nós.

- Acompanhem-me - ele diz após nos cumprimentar.

Eric me segura pela mão e eu me deixo levar. Vejo algumas mulheres olhando para

ele, o que me enche de orgulho por ser eu quem está a seu lado, e não elas. Ao

atravessar o salão onde as pessoas estão jantando, chegamos a um espaço reservado

com divisórias em tecido de cetim dourado. Não consigo esconder a surpresa, e, quando

o maître abre uma dessas cortinas e nos convida a entrar, quase pulo de felicidade.

É um lugar luxuoso e iluminado por velas. Num canto há uma poltrona que parece

confortável e, no centro, uma mesa redonda e arrumada para dois. Eric sorri do meu

espanto, e percebo que ele dirige um olhar ao maître para nos deixar a sós. Chega perto

de mim e, num gesto de cavalheirismo, puxa uma das cadeiras para eu me sentar.

- Gostou?

- Gostei...

Enquanto me acomodo na cadeira, ele dá a volta na mesa e senta na minha frente.

- Nunca jantou aqui?

- Já passei mil vezes pela porta, mas nunca tinha entrado. Só de olhar do lado de

fora, já dá pra saber que os preços são proibitivos para uma assalariada modesta como

eu.

Em resposta ao que digo, Eric torce o nariz e estende sua mão sobre a mesa até

alcançar a minha. Começa a acariciar meu pulso, desenhando com o dedo suaves

movimentos circulares.

- Para você, poucas coisas são proibitivas - murmura.

Isso me faz rir.

- Mais do que você imagina.

- Duvido, pequena. Tenho certeza de que é você quem impõe os limites.

Seu olhar, sua voz rouca e seu jeito de me chamar de "pequena" me cativam. Meu

corpo inteiro fica arrepiado. Ele. O senhor Zimmerman, meu chefe, me fascina a cada

segundo que passa.

Aperta um botão verde que fica na lateral da mesa e, após alguns segundos, aparece

um garçom com uma garrafa de vinho. Enquanto serve a bebida, leio no rótulo "Flor de

Pingus. Ribera del Duero". Cara, eu detesto vinho! E estou doida por uma Coca-Cola bem

gelada. Eric pega a taça que o garçom serviu, chacoalha um pouco, aproxima do nariz e

toma um pequeno gole.

- Excelente.

O garçom enche o restante da taça e depois dá a volta na mesa e me serve também.

E agora? Instantes depois, ele se retira, nos deixando a sós.

- Prova o vinho, Jud. É maravilhoso.

Pego a taça e faço cara de séria. Mas, quando vou levá-la à minha boca, sinto a mão

dele sobre a minha.

- O que houve? - ele pergunta.

- Nada.

Zimmerman inclina a cabeça.

- Jud, eu te conheço pouco, mas já estou vendo as brotoejas aparecendo no seu

pescoço - diz, surpreendendo-me. - Você mesma me falou sobre isso. O que

aconteceu?

Sem conseguir me conter, abro um sorriso. Esse senhor Zimmerman não perde uma.

- Quer saber a verdade?

- Sempre - insiste.

- Não gosto de vinho e estou morrendo de vontade de tomar uma Coca geladinha.

Chocado e irônico, olha para mim como se eu tivesse dito que os Teletubbies são meu

seriado favorito e que Bob Esponja é meu namorado.

- Você vai gostar desse vinho cor de rubi escuro - murmura com uma voz rouca

porém gentil. - Faça isso por mim e prove. Se não gostar, é claro que eu peço uma Coca

pra você.

Sem dizer nada, eu tomo um gole depressa.

- Que tal? - pergunta sem tirar de mim seus olhos penetrantes.

- Uma delícia. Melhor do que eu imaginava.

- Quer que eu peça a Coca?

Sorrio e digo que não com a cabeça. Instantes depois, a cortina se abre de novo e

surgem dois garçons com vários pratos.

- Tomei a liberdade de fazer o pedido para nós dois. Tudo bem?

Faço que sim. Não me resta alternativa. E pouco depois saboreio um delicioso coquetel

de camarões, uma sofisticada pasta de berinjela e, em seguida, um ótimo salmão ao

molho de laranja. Enquanto isso, nós dois conversamos. Eric Zimmerman se tornou de

repente um homem com grande senso de humor, e isso me atrai muito.

Então me dou conta de que uma luz alaranjada se acende no canto direito da sala.

- O que é isso?

Sem precisar olhar, Eric sabe a que me refiro.

- Talvez depois da sobremesa eu te mostre.

Isso me faz sorrir e eu tomo um gole do vinho que, por sinal, acho cada vez mais

saboroso.

- Por que só depois da sobremesa?

Minha pergunta parece diverti-lo. Ele me encara e se recosta em sua cadeira.

- Porque primeiro eu quero jantar.

Não pergunto mais e, quando termino o salmão, os garçons entram para recolher os

pratos. Segundos depois, entra outro garçom e deixa à minha frente uma fatia de torta

de chocolate acompanhada de uma bola cor-de-rosa.

- Hummmm, que delícia. - E, ao ver que não lhe servem, pergunto: - Você não vai

comer sobremesa?

Não me responde. Limita-se a levantar, pegar sua cadeira e se acomodar a meu lado.

Fico meio nervosa. É tão sexy que é impossível não pensar em mil safadezas nesse

momento. Pega a colherzinha, parte um pedaço da torta, coloca um pouco de sorvete e

diz:

- Abre a boca.

Pisco os olhos, surpresa.

- Quê?

Não repete o que disse. Me aponta a colher e, automaticamente, abro a boca. Me sinto

extasiada. Enfia a colher devagar na minha boca e eu logo fecho os lábios. Me olha. Fico

excitada e sorrio com timidez. Após engolir essa iguaria, tento dizer alguma coisa, mas

ele me interrompe:

- Está gostoso?

Com meu paladar ainda adocicado pelo chocolate e o sorvete de morango, faço que

sim com a cabeça. Ele chega mais pra perto:

- Posso provar?

Digo que sim, e minha surpresa é enorme quando o que ele prova na verdade são os

meus lábios. Minha boca. Encosta seus lábios suculentos nos meus e os saboreia. Como

fez de manhã no arquivo, primeiro põe a língua para fora, lambe meu lábio superior, em

seguida o inferior, depois dá uma mordidinha e, por fim, sua língua sensual me invade e

eu fecho os olhos esperando mais. Quando sinto sua mão sobre meu joelho, minha

respiração se acelera, mas eu não me mexo. Quero mais. Lentamente ele vai subindo

com a mão até chegar à parte interna das minhas coxas, e fica massageando. Sua mão

sobe até minha calcinha e eu sinto seu dedo ali. Mas, de repente, ele se afasta de mim e

volta à sua posição na cadeira.

Minhas bochechas estão pegando fogo. Ardem, assim como meu corpo inteiro está

ardendo. Aquele contato íntimo me deixou a mil. O que está havendo comigo? Um beijo e

um simples roçar de sua mão quase me levaram ao orgasmo, e isso acelera minhas

pulsações. Eric me observa. Vejo seus olhos ardendo de desejo.

- Eu tiraria sua roupa todinha aqui mesmo - murmura.

Estou tremendo. Meu Deus! Vou ter um troço!

Quero mais e desta vez sou eu que começo a beijá-lo. Ele aceita meus lábios mas,

quando vou agarrá-lo pelo pescoço, segura minhas mãos e se afasta um pouco de mim.

- Até onde está disposta a ir? - pergunta, bem perto dos meus lábios.

Essa frase me tira dos eixos. Ele está se referindo a quê? Mas o desejo que sinto por

ele agora é tão forte e tão safado que respondo completamente enfeitiçada:

- Até onde a gente for.

- Tem certeza?

- Bem - murmuro, extasiada. - Só não aceito sado.

Eric sorri. Passa as mãos por baixo das minhas pernas e por minha cintura e me senta

sobre seu colo. Vou explodir. Estou no colo do meu chefe! Esfrega seu nariz no meu

pescoço e eu o ouço aspirar meu cheiro. Meu perfume. Aire de Loewe. Fecho os olhos e,

quando os abro, vejo que está me olhando.

- Quer mesmo saber o que significa essa luz laranja?

Desloco meu olhar em direção à luz, que continua acesa, e faço que sim com a cabeça.

Eric mexe a mão e aperta um dos botões que ficam na lateral da mesa. As cortinas de

cetim que estão sob a luz laranja se abrem e um vidro escuro aparece. O que é isso? Eric

me observa. Instantes depois, o vidro se ilumina e vejo com toda a nitidez duas mulheres

em cima de uma mesa fazendo sexo oral.

Alucinada, desconcertada e incrédula, assisto ao espetáculo que aquelas

desconhecidas nos oferecem quando, de repente, Eric aperta outro botão e os gemidos

das mulheres ecoam em nosso ambiente privativo. Não sei o que fazer. Nem sei para

onde olhar.

- Está preparada para isso? - me pergunta.

Minha pele arde enquanto sinto seus dedos fortes acariciando minha cintura. Eu o

encaro, confusa.

- Por que estamos vendo isso?

- Gosto de assistir. Isso não te excita?

Não respondo. Não consigo. Estou tão paralisada que nem mesmo sei se continuo

respirando.

- Todo mundo tem seu lado voyeur. Ver algo supostamente proibido, bizarro ou

excitante nos atrai, nos estimula e nos faz querer mais.

Volto a dirigir meu olhar ao vidro enquanto a respiração das duas mulheres ressoa

pela sala, e então vejo Eric apertando outro botão e as cortinas do lado esquerdo se

abrindo. Ali havia uma luz verde. Segundos depois, o vidro se ilumina e vejo dois homens

e uma mulher. Ela está deitada num divã. Um homem a penetra e o outro chupa seus

seios enquanto ela, deliciada, curte o momento.

- Cenas como essa merecem ser vistas - prossegue Eric. - As expressões da mulher

enquanto permite que desfrutem de seu corpo e de sua feminilidade são

enlouquecedoras. Olha como ela está excitada... Hummmm.... Está adorando o que

fazem com ela. Entrega-se extasiada a eles, não acha?

- Não... sei.

- As mulheres são uma contínua fonte de excitação para mim. Vocês são deliciosas.

Com o coração a mil, pego a taça de vinho e bebo tudo de um gole só. Estou sedenta

quando o ouço dizer:

- Fique calma. Eles não podem nos ver. Mas se deixam ser observados. A luz laranja

permite ver, e a luz verde convida a participar. Você gostaria?

- De quê?

- De participar.

- Não - balbucio, supernervosa.

- Por quê?

Meu coração quase sai pela boca, e tudo o que consigo responder é:

- Eu... Eu não faço coisas desse tipo.

Ele franze as sobrancelhas e pergunta:

- Você é virgem?

- Nãããããooo! - respondo com extrema efusividade. - Mas eu...

- Tá bom. Entendo. Você faz sexo tradicional, né?

Como uma idiota, balanço a cabeça afirmativamente e ele segura meu queixo para

que eu veja o trio, que continua com sua brincadeira voluptuosa.

- Eles também fazem sexo tradicional - acrescenta. - Mas às vezes brincam e

experimentam algo diferente. É sério que isso não te atrai?

Sem conseguir tirar os olhos, eu os observo e um gemido acaba saindo instintivamente

de dentro de mim quando vejo o tesão daquela mulher. Estou excitada.

- Não... eu... - respondo.

- Te incomoda falar de sexo?

Eu o encaro surpresa. Aonde ele quer chegar com essa pergunta?

- Seus olhos mostram que está nervosa, mas sua boca denuncia seu desejo - insiste.

- Você não pode negar que o que está vendo te deixa excitada e muito, certo?

Não respondo. Me recuso. E ele, no controle da situação, murmura perto do meu

ouvido:

- Você se sairia muito bem. Muito bem, Jud. Eu iria te proporcionar todo o prazer que

você quisesse. É só me pedir e eu te darei.

Como uma boba, faço que sim. Nunca pude imaginar algo assim na minha vida. Não

sei para onde olhar. Estou tão excitada que sinto até vergonha de admitir. O lugar, o

momento e o homem que está a meu lado não me deixam continuar pensando.

- Nessas salinhas privativas, quem quiser pode assistir a uma cena deliciosa e algo

mais. Apenas um seleto grupo de pessoas pode entrar aqui. E, se depois de assistir à

cena você quiser participar, é só apertar esse botão e os vidros desaparecerão.

De repente fico histérica. Muito nervosa. Não quero nada do que ele está me

oferecendo. Tento me levantar, mas Eric me segura. Não permite que eu me mexa, e,

com a respiração superacelerada, eu sussurro:

- Quero ir embora.

- Ainda são onze horas.

- Não importa... quero sair daqui.

- Por quê, Jud? - Ao ver que não respondo, acrescenta: - Pelo que eu me lembre,

você disse que estava disposta a tudo.

- Não me referia a isto. Eu... eu não faço essas coisas.

Segurando-me com mais força, Eric me obriga a olhar para ele e, após cravar seus

olhos claros em mim, murmura perto da minha boca:

- Você se surpreenderia se experimentasse.

- Eric, eu não...

- Jud, sexo é um jogo muito divertido. Só precisa ter coragem de experimentar.

Nego com a cabeça, desconcertada. Não quero experimentar. O sexo normal, que

conheço, é mais que suficiente e me satisfaz. Após alguns segundos que me parecem

uma eternidade, Eric aperta os botões, e os gemidos somem. Instantes depois, os vidros

se tornam escuros e as cortinas se fecham.

- Obrigada - consigo balbuciar.

Me levanta de seu colo e me olha com expressão séria.

- Vamos, Jud. Vou te levar pra casa.

Meia hora mais tarde e após um estranho mas não incômodo silêncio, rompido apenas

por sua conversa ao telefone com uma mulher, chegamos à minha rua. Ele desce do

carro comigo e me acompanha. Sua atitude volta a ser fria e distante. Tomamos o

elevador. Quando estamos diante da minha porta, quero convidá-lo a entrar, mas ele me

interrompe:

- Foi um jantar muito agradável, senhorita Flores. Obrigado por sua companhia.

Dito isso, beija minha mão e vai embora. Estou excitada e sem palavras às onze e

meia da noite. Voltei a ser a senhorita Flores?

            
            

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