Fênix da Esperança: No Fim de Tudo o Ressurgir é um Belo Recomeço
img img Fênix da Esperança: No Fim de Tudo o Ressurgir é um Belo Recomeço img Capítulo 4 As Lembranças
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Capítulo 6 O Inesperado img
Capítulo 7 O Que Falar img
Capítulo 8 Os Preparativos img
Capítulo 9 O Presente img
Capítulo 10 O Fogo da Paixão img
Capítulo 11 A Família img
Capítulo 12 As Mudanças img
Capítulo 13 Arrependimento img
Capítulo 14 Recomeço img
Capítulo 15 A Compreensão img
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Capítulo 4 As Lembranças

Acordo durante a madrugada bastante assustada após um pesadelo onde estava eu e o Anthony. Com a minha agitação, meu aparelho celular cai no chão com certo impacto. Eu, ainda bastante sonolenta, tento pegá-lo. Com cuidado, vou apalpando o chão até que o encontro e sem querer aperto um botão, vejo a foto que olhava antes de adormecer. Vou olhando outras fotografias da galeria de vários momentos com ele, esses de alegria, das nossas caras e bocas, dos nossos sonhos que vivemos juntos e daquilo que almejamos conquistar.

Todas as imagens boas e necessárias, ótimas lembranças que estão em fotografias do período em que vivemos de forma genuína e de dias inesquecíveis. Não imaginava que aquele quatro de dezembro do fatídico ano de 2020, após o nosso encontro, esse seria o último. Depois das nossas brincadeiras, das nossas declarações de amor, nos despedimos com um beijo e um sorriso nos lábios e um abraço mais apertado que o habitual. Fiquei observando-o entrar em seu carro e ir embora, depois fui para o meu quarto ler o livro que foi escrito por uma amiga que conheci na faculdade. Horas depois, recebo a pior ligação da minha vida, aquele que jurei amar para sempre, quem estava a traçar planos comigo de uma vida a dois, de conquistarmos a nossa casa, filhos, tudo isso por um milésimo de segundo se desmorona como castelo de areia por causa de um irresponsável embriagado no trânsito que colidiu com o carro de Anthony, esse vindo a óbito no local. Se tivesse pedido para ficar um pouco mais comigo isso não teria acontecido e o meu amor não teria morrido. Desde o ocorrido tenho me sentido tão, mas tão culpada em vê-lo naquele caixão muito machucado, me parte o coração em recordar. Mas sim, guardarei na memória sua voz, seu último sorriso e as nossas trocas de mensagens. Pensando nisso eu adormeço.

Acordo por volta das 11h30mim da manhã com meu celular tocando, era a minha melhor amiga, Crislaine.

– Miga, e aí está melhor?

– Amiga, a cada dia me sentido mais culpada por todo o ocorrido. – Pausa para choro. – Por que isso foi acontecer comigo? E principalmente com ele amiga. Com ele? – diz tremendo.

– Se você viver se culpando desta maneira, nunca vai superar a morte dele, e o perigo é uma depressão profunda Isabelle, eu também não quero perder a minha amiga.

– Eu sei, mas é muito mais forte do que eu, amiga...

– Eu te amo amiga. E vou estar aqui para o que der e vier.

– Ore por mim, e o resto eu vou tentando aqui. Obrigada por tudo. – Desliga.

Ouço uma batida na porta e peço que entre, é a minha avó pedindo que eu desça para almoçar. Mas, digo estar sem fome e que a qualquer momento em que sentisse iria à cozinha e que ela não se preocupasse. E lhe agradeço. Ainda deitada, penso seriamente em cancelar meu curso de letras/bacharelado já que a minha cabeça não serviria para mais nada até superar o luto.

Imediatamente uma enorme raiva me toma por inteiro e converso com Deus.

– Queria saber, oh Todo Poderoso, por que permites a dor? A perda tão brutal de alguém tão jovem e tão bom neste mundo? – pronuncia com certo ódio em seu coração. – E justamente quando a sua família e eu mais precisávamos da presença dele entre nós, você o permite morrer, ainda mais desta forma muito dolorosa? – braveja de raiva.

Passo toda a manhã, tarde e noite em meu quarto, sem sair para me alimentar.

******

Já Antônia, temendo o pior e cheia de preocupação, bastante nervosa faz uma ligação para a mãe de consideração da sua neta, para ver se de alguma maneira o pudesse ajudar.

– Olá! Noêmia, boa noite! Eu preciso falar com certa urgência contigo. Sei que moras em outro Estado, mas necessito da sua ajuda.

– Oi! Dona Antônia, como está a minha filha?

– A minha ligação é exatamente para falar dela, pois está passando uma fase muito ruim em sua vida.

– O que houve com ela? – Pergunta Noêmia.

– O namorado dela morreu sexta-feira em um acidente de trânsito. Ela está se culpando, pois o incidente ocorreu após mais um de seus encontros com o Anthony. – Ela vai direto ao assunto, sem nenhuma cerimônia.

– O quê? – Grita a mãe da jovem. – Imagino como ela está arrasada e emotiva pelos cantos. E o que a senhora quer que eu faça?

– Quero que ligue para ela e faça o pedido para ir passar algum tempo em sua casa, claro se for possível, né? Pois, aqui ela tem bastante lembrança dele. – Antônia respira fundo.

– Pode contar comigo. Vou tentar convencê-la.

– Tchau! – se despede Antônia.

– Veremos se ela aceita. Obrigada por avisar e tenha um boa noite. Tchau!

******

Na tarde do dia seguinte, recebo uma ligação de

minha mãe, pego o celular e com cara de muita impaciência atendo.

– Oi, sua bênção mãe? – fala sem interesse.

– Deus te abençoe minha filha. Fiquei sabendo o que aconteceu e queria... – foi interrompida.

– Foi a minha avó que já ligou para você, né mesmo? – fala com tom de raiva momentânea.

– Sim, mas ela fez isso por amor e carinho que sente por ti. E aliás, fez isso pensando somente no seu bemestar.

– Queria lhe fazer uma proposta. Quero que venha passar alguns meses aqui em casa e me fazer companhia para que possamos ter um momento entre mãe e filha. E aí, topa?

– Aceito, mas quero saber quem vai arcar com as despesas da minha passagem mãe?

– Isso já está resolvido, eu banco tudo querida. Só venha e vamos nos divertir. – Animada, fala e desliga.

Desço as escadas, vou à cozinha e dou um apertado e caloroso abraço em minha avó.

– Obrigada por tudo. – Retorna para meu quarto.

Alguns dias depois, já com as minhas malas prontas, dou uma última olhada em meu quarto, o senhor Luís e o Rogério vêm ajudar a levar as malas para o carro e ao descer as escadas, fico olhando todos os cômodos da casa. No Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro em Guarulhos/SP, coloco as malas no carrinho e vamos para o local do check in da companhia área, faço todo o tramite, despacho a mala e sigo para a entrada da sala onde fica a inspeção de raios-X. Antes de entrar, dou um caloroso e apertado abraço em minha avó, que por mais dura que fosse, sabia que a qualquer momento ela iria chorar, lhe agradeço por tudo. Depois dou um abraço, ao mesmo tempo, nos pais do Anthony e por fim, em meu amigo, digo um tchau sonoro a todos, pego a bagagem de mão e sigo para os scanners.

Ao passar por todos os procedimentos, pego os objetos e a malinha, vou para o portão 19 e lá espero o momento do embarque para o voo Varig 9020. Já sentada, retiro meu celular do bolso e vejo uma mensagem de texto da minha amiga se desculpando por não se despedir e me desejando uma boa viagem, agradeço e envio uns emoticons para ela. Imediatamente eu ouço a funcionária do aeroporto chamar os passageiros do voo para formarem as filas conforme os grupos descritos em seus cartões e esperar o momento da liberação do embarque. E assim foi feito, ao chegar a minha vez, apresentei meu documento com foto e meu cartão e segui para a aeronave, lá sou recepcionada pela tripulação e agradeço. Procuro meu acento 9A no Boeing 737-200, rapidamente coloco minha bagagem no compartimento, me arrumo em meu lugar afivelando o cinto e lendo o livro A Poesia na Essência da Alma: O Conclamar da Chama de Amar da minha amiga e escritora, coloco o meu telefone móvel em modo avião. Faço a leitura de algumas páginas até ouvir os avisos necessários para casos de emergência.

Após o embarque de todos os passageiros os pilotos fazem a realização do checkliste e o taxiamento da aeronave até a cabeceira da pista, depois param por alguns segundos. Um aviso sonoro nos fones da fuselagem, nos adverte para todos nos prepararmos para a decolagem. Após atingir a altitude de cruzeiro, relaxei e fui dar uma lida nos cartões de avisos do avião, depois retomei a minha leitura. Algum tempo percebi que tinha um homem que estava na mesma seleção de poltronas, a me observar, e aquilo gera em mim certo desconforto. Já incomodada lhe indago.

– Pois não, o que deseja?

– Não é nada demais moça, pode ficar despreocupada, somente o livro que estais a ler que me chamou a atenção. Apenas queria saber como posso adquirir um exemplar? – pergunta com sorriso.

– A escritora é uma amiga, posso conversar com ela e ver como posso conseguir um exemplar para o senhor. – Pronuncia sem interesse de prolongar o diálogo. – Senhor? Faça-me o favor, não sou tão velho assim!

Pode me chamar de Miguel Moraes.

– Prazer Miguel. – diz rapidamente.

– Prazer moça. – Termina.

Noto que ele pega uma pequena agenda que tinha consigo e uma caneta no bolso do seu terno, abaixa a mesinha, anota algo, dobra e me oferece.

Eu, por educação, recebo e coloco entre algumas páginas do livro que tinha em mãos. Olho à hora e percebo que ainda falta 2h70mim de voo para chegar ao destino. Procuro na minha bolsa, pego meu celular e um trident sabor canela, coloco um na boca, ao conectar meu fone de ouvido no aparelho a tela se liga e aparece a foto do último encontro como papel de parede.

Leio as nossas mensagens e ouço os nossos derradeiros áudios que ele enviou para mim. Controlo-me para não chorar.

"A saudade do meu amor é grande". – Penso.

Alguns minutos depois, nos é avisado que será servida a alimentação, entre a opção de bebidas escolho um café e pego o sanduíche por eles entregues, abaixo a mesinha e me alimento. Passando-se alguns momentos eles vêm recolhendo as embalagens e copos vazios dos passageiros. E momentos depois eu adormeço.

Já próximos de pousar, ouço alguém me despertando, era a Comissária de Bordo, alertando para que eu arrumasse à poltrona, eu agradeço e sorrio gentilmente para ela. O tocar dos trens de pouso na pista foi um pouco agressivo, assim, dando um forte impacto para todos os presentes dentro da aeronave. Os pilotos levam o avião até o finger onde todos irão desembarcar no Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes/Gilberto Freyre em direção a seção de retirada das malas. Lá, pego um dos carrinhos, vou à esteira de bagagem e aguardo a minha passar, enquanto isso, sinto uma mão em meu ombro, quando olho para saber de quem se tratava, era o tal Miguel.

– Não se esqueça, por favor, de entrar em contato comigo. Eu aguardo seu retorno para saber como adquirir o livro.

– Está bom, pode deixar. – Me viro para pegar a minha mala, que quase passa por mim, coloco no carrinho e saio em direção à porta que dá para a saída de desembarque.

Ao passar pela porta ando um pouco e vejo a minha mãe que vem ao meu encontro, infelizmente sem abraço pelo tempo pandêmico. Sigo até onde o seu pai espera no carro, lhe cumprimento, coloco a bagagem no porta-malas, entro no automóvel e seguimos para a sua residência. Em casa, cumprimento os familiares dela, coloco a mala no quarto, pego uma peça de roupa e vou tomar banho para amenizar o cansaço. Depois me sento no sofá e ela vem puxar assunto comigo.

– Puxa filha, que felicidade em ter você aqui comigo, embora seja num momento muito difícil.

– Sim mãe, mas tenho a esperança de ressurgir como a fênix das cinzas, ou melhor, do pó. – Finaliza.

Peço licença e vou para o quarto. Ligo para a minha avó, para os meus amigos, e por fim, para os pais do Anthony para avisá-los que cheguei bem.

            
            

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