Fênix da Esperança: No Fim de Tudo o Ressurgir é um Belo Recomeço
img img Fênix da Esperança: No Fim de Tudo o Ressurgir é um Belo Recomeço img Capítulo 5 Origem da Fênix
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Capítulo 6 O Inesperado img
Capítulo 7 O Que Falar img
Capítulo 8 Os Preparativos img
Capítulo 9 O Presente img
Capítulo 10 O Fogo da Paixão img
Capítulo 11 A Família img
Capítulo 12 As Mudanças img
Capítulo 13 Arrependimento img
Capítulo 14 Recomeço img
Capítulo 15 A Compreensão img
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Capítulo 5 Origem da Fênix

Três meses se passaram, e a minha mãe ao notar a minha falta de apetite, as noites mal dormidas, semblante abatido, as poucas palavras com ela e com os familiares ao ponto de se isolar e não querer sair de casa. O estar constantemente em meu quarto frio e escuro, no qual durante as altas madrugadas, ficavam ouvindo barulhos de choro e agonia. Noêmia me incentivou a buscar ajuda médica, de início não dei bola ao que minha mãe dizia, mas após analisar tudo que eu vinha passando acabo não vendo alternativa, senão procurar ajuda num especialista.

– Mainha, eu posso falar com a senhora?

– fala ofegante, com o tom de voz apreensiva, com medo do que poderia acontecer.

– Filha, como meu coração esperou por esse momento. – Fala com empolgação.

– Nesses últimos meses pensei em muitas coisas, e esse período do luto foi mais que necessário para mim, mesmo que esteja me matando, tanto fisicamente, espiritualmente e mentalmente pouco a pouco. – pronuncia segurando as lágrimas.

– Como sabes tudo que vem acontecendo comigo, mãe a morte dele foi um enorme baque para mim. Foi como me jogar em um enorme poço fundo, escuro, frio e me deixar sem visão de como sair dali, será que você me entende?

– Espero um dia poder perdoar quem fez isso, por toda a angústia que ele me causou, por matar quem eu mais queria que vivesse comigo por toda uma vida, uma trajetória. – Enxuga as lágrimas com o antebraço.

– Vou tentar me reconstruir, irei procurar ajuda médica e me animar com vocês pelos próximos dias. Sei bem que ele não iria querer me ver neste estado deplorável que me encontro. Para honrar a memória dele, trarei para os meus dias a esperança em ressurgir. – Beija a mãe, e agradece por lhe ouvir e vai para o quarto.

Ao entrar no quarto tranco a porta, me deito na cama, pego meu celular, vou ao pesquisador da internet e procuro no site uma consulta. Agendo para a próxima semana com um dos especialistas disponíveis para o meu caso. Com a porta do guarda-roupa aberta percebo o livro ao qual lera meses atrás e dou uma singela risadinha. Me levanto e pego o livro, ao voltar para a cama tropeço em uma sandália, aquele exemplar cai de minha mão e com ele um papel. Pego o livro e leio o que está escrito no papel, ao notar do que se trata, dou um sorriso ao mesmo tempo em que recordo daquele homem que parecia ter quase seus 40 anos ou mais, mas de uma beleza a qual ainda não tinha visto em homem nenhum.

Deito-me na cama e coloco nos contatos o número como o homem gato do voo e dou uma alta e sonora gargalhada. Vou para um aplicativo de mensagem e deixo um simples "olá". Me levanto e vou para a cozinha preparar meu jantar. Com tudo pronto, faço a minha refeição, depois vou à sala de estar e assisto a uma programação na televisão. Cansei do que se passava na TV, vou tomar um banho bem quente e um pouco demorado. Após entrar no meu quarto e colocar aquele meu pijama preferido, pego meu celular, meu fone e me deito na cama para ouvir a música You Are Not Alone/Michael Jackson. Choro, não mais um choro de dor, mas pelas boas lembranças que ainda habita em mim, por um amor que tivemos durante dois anos e cinco meses, e aos poucos, acabei dormindo.

Na manhã seguinte, acordo assustada com meu aparelho tocando, quando olho para a tela e vejo o nome, ainda atordoada, atendo.

– Oi vó, benção? Que maravilha ouvir a sua voz.

– Oi minha filha, Deus te abençoe. Que saudade de você aqui em casa. – Sua voz meio falhada querendo chorar.

– Como está você e sua mãe? Ela está cuidando bem de ti querida? – dá uma sonora risada.

– Está exatamente como à senhora, pegando no meu pé, então acho que temos uma cópia sua bem aqui, perto de mim. – Sorri.

– Isa, hoje veio alguém aqui em casa e me pediu para ligar e falar contigo. Vou passar o telefone para ele, pode ser?

– Pode sim. – diz pensando em quem seria.

Nesse mesmo momento ela entrega o telefone à pessoa, que respira fundo e toma a iniciativa em falar primeiro.

– Oi, Isabelle?

Pela voz sei de quem se trata. É Rogério, o meu amigo que conheci ainda quando éramos crianças.

– Olá! Rogério, como está você e a sua mãe?

Mande lembranças a ela em meu nome, por favor.

– Nós estamos bem, obrigado por perguntar. Mas estou com saudade de você. – Um silêncio enorme invade a linha e só ouvimos o barulho das nossas respirações.

– Ah! Obrigada. – Responde sem jeito. – Preciso ir agora amigo. Tchau! E diga à vovó que mandei um abraço. – Desliga a ligação imediatamente.

Meu coração acelera por ouvir tais palavras, sendo que ele nunca foi de se abrir para ninguém daquela maneira. Penso que seja apenas uma saudade entre amigos. Logo ouço uma batida na porta, me levanto e abro. É a mamãe me chamando para tomarmos café da manhã juntas. Vou ao banheiro, faço a higiene, mudo de roupa e vou para a cozinha. Ao olhar a mesa me surpreendo pela variedade de alimento. Sobre a mesa tinha cuscuz, charque, tapioca com coco, café, leite e uma jarra de suco de manga. Comemos em silêncio, pego quase de tudo um pouco, menos do café e do leite, vou comendo parecendo que nunca havia visto alimento na vida. Por algum instante nos olhamos e sorrimos. Depois que terminamos a refeição tiramos as coisas da mesa, guardamos as sobras e enquanto eu lavo a louça minha mamãe seca e guarda. Ao concluir peço licença e vou para meu quarto. Pego o meu celular e vejo uma notificação de mensagem.

– Oi, esperei ansiosamente por esse momento, ao qual, iria me enviar alguma mensagem. Desculpe a minha ignorância, mas qual é seu nome mesmo?

– Isabelle. – responde imediatamente.

– Então prazer, Isabelle. Não sei se lembra do meu nome? Sou o Miguel Moraes. E sobre o livro?

– Ahhh! Depois eu te envio o site para adquirir.

– Maravilha. – Animado, Miguel responde.

– Agora tenho que ir, pois em minutos tenho uma reunião, até breve. – O homem diz.

– Tchau! – despeço-me.

Uma semana depois, chega o dia da consulta com o especialista em psiquiatria, justamente o que eu mais temia. Já aguardando na sala de espera, sentada numa cadeira azul, fico batendo os dedos das mãos nas coxas, impaciente. Algumas horas depois, vejo uma mulher chamar meu nome para ser atendida na sala sete, levanto-me e entro no consultório.

– Bom dia Isabelle! Eu me chamo Janete, sente-se e fique à vontade.

Sento-me em uma poltrona e ali começo a contar tudo que me afligiu nesse período de transição de 2020/2021 de São Paulo/Pernambuco. O relato passou um pouco mais de uma hora entre choro e risadas, foi algo libertador ter alguém para ouvir em silêncio. E me diz o que já sabia que seria.

– Fico feliz que tenha relatado tudo sem medo e sem vergonha alguma. Os traumas enfrentados, infelizmente lhe abalaram de uma maneira bem significativa acarretando um quadro severo de depressão, mas lhe recomendo que passe por um processo terapêutico chamado de Técnica de Sessões Estruturadas de Psicoterapia.

E explica mais.

– É utilizada para tratar um comportamento específico, contribuindo com orientações pontuais. Tem aplicação rápida e direta. E se destina a resolver problemas com instruções capazes de trazer benefícios ao paciente, de modo breve. E recomendo esse medicamento para tratar a depressão, juntamente com o processo terapêutico. Certo? – finaliza.

– Obrigada doutora. Tchau! – saí do consultório diretamente ao ponto de ônibus.

Já dentro do ônibus, penso comigo mesma:

– "Eita! A que ponto nós tivemos que chegar querida? Mas, vamos juntas superar essa fase. A fome de lutar é grande, porém a sede de sair vencedora é maior." – enxuga as lágrimas que se forma nos olhos.

Em casa tomo meu banho gelado, já que o calor do Recife é torrencial. Vou ao quarto, pego o livro e leio mais algumas umas páginas. Uma poesia me chama atenção, mais especificamente na última estrofe.

"... Amar sem exigir nada em troca

É como ganhar um Oscar

Daquele que todo dia te espera e diz:

"Baby, saiba que eu nasci para te fazer feliz."

Não sei explicar, como essa poesia me faz lembrar daquele homem que conheci no avião.

"Ele estava tão gostoso naquele terno." – penso.

Imediatamente abomino a ideia de haver algo a mais entre nós. Como se soubesse que estava a pensar nele, vejo a notificação de mensagem, e ao ler, dou uma risada.

– Olá, como você está? E como foi o seu dia?

– Estou bem, obrigada por perguntar. Foi um dia único, porém, necessário.

–Como está a sua estadia nesta cidade maravilhosa do Estado pernambucano? – pergunta Miguel.

– Está sendo legal, eu estou na casa da minha mãe me recuperando, aos poucos.

– Se recuperando, o que houve? Parecia-me tão bem quando te conheci.

– Você não vai querer saber, fica em paz. – Quer desconversar.

– Tudo em ti me interessa. – Com malicia.

– Humm! Sim, estou boa fisicamente, mas não psicologicamente. Pois, quando lhe conheci fazia poucos dias que havia perdido meu namorado em um trágico acidente de trânsito. – Fala triste em tocar no assunto.

– Meus sinceros sentimentos. Mas, você é jovem e precisa dar seguimento em sua vida, minha linda.

– Como se fosse assim tão fácil.

– Sim, concordo contigo que não é fácil, é doloroso, mas não podes paralisar sua vida, por alguém que partiu.

Está bem, vamos mudar de assunto, por favor?

– Sim o que queres falar? Estou aberto para qualquer assunto.

– Comece me contando mais sobre quem é o

Miguel Moraes, por favor!

– Eu sou um homem de 38 anos de idade, moro em Porto de Galinhas. Trabalho em uma grande empresa, separado, moro sozinho e tenho uma filha. Gosto de tomar uma cerveja em minha residência ou em algum barzinho com os amigos e sou um cara bem tranquilo e de família. E agora me fale de ti, pode ser? – Conclui.

– É né, fazer o quê? – sorrir. – Eu sou uma jovem de 26 anos de idade, quando estava em São Paulo morava com a minha avó, já aqui em Vera Cruz/Camaragibe, eu moro na casa da minha mãe. E estou procurando algo bom por aqui como emprego ou até novas amizades.

– A minha amizade, se quiser, está completamente ao seu dispor.

– Será um prazer – responde.

Que maravilha, assim me anima.

Digo que preciso sair e que falaria com ele outra hora e me despeço.

– Tchau linda! Até mais. – Escreve Miguel.

Levanto-me e respiro fundo, vou tomar um banho para esfriar as ideias. Depois vou para a cozinha preparar algo para me alimentar e conversar com minha mãe sobre a consulta.

– Filha, e aí? Quais as novidades?

– Então mãe, foi muito bom. Não foi o bicho de sete cabeças que achava que ia ser. Ela me falou que teria que fazer um processo terapêutico e tomar um antidepressivo por ela receitado, apenas isso.

–Filha, vamos juntas assistir um filme para comemorar? Eu faço a pipoca, topa?

Ficamos na sala, assistimos Toy Story 4, comemos muita pipoca. Quando o filme terminou fomos aos nossos quartos dormir. Olho meu celular para ver se havia alguma ligação, mas vejo que só tinha uma mensagem da minha amiga.

Oi, Isa como estais? Quais as novidades miga?

– Cris, amiga, eu estou bem. Hoje foi a minha consulta, deu tudo certo. Estou cada dia melhor.

– Que alegria, sabia que você ia superar. Estou mega orgulhosa da amiga mais gata que tenho.

– Da única amiga gata. – brinca Isabelle.

– Amiga tenho que sair, pois estou com muito sono.

Tchau! – fala Crislaine.

–Tchau!

Pego-me a olhar a foto do contato do meu novo amigo, e acabo adormecendo.

Ao acordar às 09h30mim da manhã, pego o celular, vejo que tem uma mensagem de "bom dia" dele e respondo. Saio do quarto, vou para a cozinha e preparo o café da manhã. Pego uma frigideira, acrescento óleo de girassol e algumas macaxeiras, frito e com um suco de acerola eu faço a minha refeição. Coloco uma roupa confortável, calço meu par de tênis e vou fazer uma caminhada pelo quarteirão próximo a residência, uma hora e meia retorno e tomo um banho relaxante. Mamãe em casa me convida para almoçar uma deliciosa macarronada, com os meus tios, primo e avô. Passamos o restante da tarde conversando sobre assuntos aleatórios e de sobremesa teve picolé que compraram no estabelecimento próximo a residência.

                         

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