UMA PATRICINHA NA FAVELA
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Capítulo 4 04

Juliana: Pronto! - falou depois de lavar as mãos.

Samantha: Vamos, então! - ajeitei a saia.

Juliana: Tá lacrando, hein! - riu maliciosa.

Samantha: Sempre! - pisquei convencida.

Já peguei um copo da bandeja de um garçom, era Whisky, comecei a embraza, ao som de música eletrônica. A Ju virava um copo atrás do outro, sem freio essa doida, nunca vi.

Samantha: Amiga, se controla, tem o baile ainda! - sussurrei em seu ouvido, por conta do barulho.

Ficamos na boate até á 01h30minhr, depois o Ber veio nos chamar para subir o morro. Fomos em dois carros, era ridículo meu irmão e o Tiago dirigindo, se achavam os donos da cidade.

Nunca havia ido nenhuma favela, e também nunca tive curiosidade. O Ber foi seguindo o Tiago, ele disse que a tal Bia nos esperaria na entrada do morro Dito e feito, ela estava lá, como estava escuro não deu pra ver muita coisa, mas foi o suficiente pra ver dois caras com fuzil, em posição de soldado, na entrada do morro.

A Bia ficou conversando com os caras, um tempo, depois ela fez um gesto pro Tiago, que saiu do carro com a Ju, e fez sinal para que descêssemos, também. Meu coração quase saiu pela boca, imaginei que eles iriam nos roubar.

Bernardo: O que houve? - perguntou pro Tiago.

Bia: Relaxa, é só procedimentos! - sorriu naturalmente.

XxXx: Playboy quer subir o morro, e não quer ser revistado, pô?! Nos é bandido, mas não é otário! - falou um dos caras com fuzil.

Eu olhava amedrontada, já queria ir pra casa. Eles revistaram os meninos primeiro, depois foi minha vez.

Samantha: Pega leve! - murmurei.

XxXx: Iala, pegada aqui é forte, gatinha! - deu risada.

O encarei séria.

xXxXx: Abaixa a bola, patricinha. To só gastando, contigo! - passou a mão na minha cintura.

Foi tranquilo, menos pior do que eu esperava. Depois de revistarem a Ju, nos liberaram, seguimos o caminho pra quadra, onde acontecia os bailes, a Bia foi no carro do Tiago, e nós atrás, os seguindo Conforme íamos chegando, já era possível ouvir o batidão, no volume máximo.

Samantha: Dá pra ir embora, ainda? - fiz cara de tédio.

Bernardo: Não começa! - me olhou pelo retrovisor.

A quadra era enorme, havia um amplo espaço do lado de fora, que servia como estacionamento, estava lotado de carros e motos. Era tudo muito diferente, do que eu imaginei. Após o Tiago estacionar o carro, meu irmão estacionou do seu lado, então descemos. Ajeitei a saia, e fui até a Ju.

Juliana: Curti esse lugar! - falou empolgada, rebolando no ritmo da música.

Samantha: Hum! - revirei os olhos.

Bia: Vamos entrando, povo. Sintam- se em casa, é tudo nosso, porra! - levantou os dedos pro alto, imitando um revólver, em seguida beijou o Tiago.

Lá dentro, fiquei extremamente chocada, era tudo muito "ousado". As garotas desciam até o chão, com roupas minúsculas, enquanto outras sarravam nos caras, sem pudor algum. Reparei que havia vários vapor, em lugares estratégicos, armados de fuzis, provavelmente fazendo a segurança do baile.

Juliana: Como faz pra comprar bebida aqui? - a ouvi perguntar a Bia.

Bia: Olha tá vendo aquele tio ali? - apontou para um cara - Tu compra com ele, pode por no meu nome hoje, mas não acostuma não! - deu risada.

Juliana: Valeu! Vem, Samantha! - me puxou.

A segui sem muito entusiasmo, ela foi direto ao cara das bebidas, e voltou com dois copos de whisky com Red Bull.

Juliana: A festa vai começar! - me entregou um copo.

Samantha: Já começou! - brindei.

Começamos a tomar, em seguida fomos para a pista. Estava tocando MC Livinho - Bela Rosa, as novinhas se acabavam de dançar, e com a gente não foi diferente, a Ju na frente e eu atrás, subindo e descendo. Percebi os olhares sobre nós, até fiquei sem- graça, senti alguém me empurrar, se eu não tivesse me equilibrado tinha caído.

XxXxX: Qual foi, biscatinha? Patricinha aqui não! - uma garota chegou cheia de marra, seu cabelo pingava creme.

Juliana: Biscate é a mãe! Somos convidadas, minha filha! - encarou a menina.

xXxXx: Iala, quer apanhar, vagabunda? - empurrou a Ju.

Samantha: Desculpa moça! - engoli em seco - Vem amiga, vem! - puxei a Juliana.

A garota não falou mais nada, o que foi estranho.

Samantha: Tu é louca? - olhei feio para ela, ficamos paradas na entrada da quadra.

Juliana: Não levo desaforo, ainda mais de uma pinga pinga! Tu viu o cabelo dela? - soltou uma gargalhada.

Samantha: Vi sim! - fiz careta.

Juliana: Vou buscar mais bebidas, já volto! - piscou.

E a noite foi assim, bebendo demais, ficamos dançando em um canto, não tinha quase ninguém, era melhor assim, para não arrumar confusão.

Bia: Samantha! - ela veio na minha direção, havia um sorriso malicioso em seus lábios.

Samantha: Oi? - olhei surpresa.

Bia: O chefe quer te conhecer! Bora pro camarote! - me puxou.

Samantha: Calma, espera! - franzi o cenho, confusa.

Ela não deu atenção, continuou me puxando para o camarote, eu estava bêbada demais para ter qualquer reação, a Ju veio nos seguindo. Havia dois vapores parados na entrada do camarote, apenas com um sorriso da Bia, eles liberaram a passagem.

Logo avistei o Tiago e o Bernardo conversando com um cara, tinha bebida pra caramba lá, várias garrafas de Chandon, vodca e whisky das melhores marcas.

Samantha: Bia! - apertei sua mão - O que está acontecendo?

Bia: Aquele cara, é o Dodô. Ele é chefe do Antares, tá afim de te conhecer! - falou naturalmente.

Olhei para a Juliana, na tentativa de um socorro, mas ela sorria animada.

Juliana: Vai falar com ele, amiga! - me empurrou de leve.

Bia: DODÔ! - gritou, ele rapidamente olhou na nossa direção - Faz favor!

Até que o Dodô era gostosinho, moreno, com cara de mais velho, trajado de ouro da cabeça aos pés. O mesmo veio caminhando na nossa direção, seu olhar era fixado no meu. Reparei que o meu irmão olhava confuso para mim, já o Tiago me encarava feio.

Dodô: Qual foi Biazinha? - a abraçou de lado.

Bia: Eu trouxe a escolhida! - deu risada.

Dodô: Pô, tu é pica no bagulho, mermo! - se soltou dela - Prazer, gata! - segurou minha mão com delicadeza, em seguida depositou um beijo na mesma.

Samantha: Prazer, Samantha! - sorri timidamente.

Dodô: Pode me chamar de Dodô. Tu não é daqui, né? - continuou segurando minha mão.

Samantha: Não - balancei a cabeça negativamente - Leblon!

Dodô: Iala, patricinha! - deu risada.

Samantha: Não fode! - revirei os olhos.

Dodô: Brincadeira, pô! - mordeu os lábios - Ai posso pegar a amiga de vocês emprestado? Só um pouquinho! - me olhou malicioso.

Juliana: Sem problemas! - sorriu para mim.

Bia: Toda sua! - deu risada.

Sua mão segurou minha cintura com força, ele me levou para o camarote ao lado, estava vazio.

Samantha: Poxa, valeu por perguntar pra mim! - revirei os olhos.

Dodô: Já sei da sua resposta! - segurou meu rosto.

Samantha: Então, tu manda no morro? - me afastei sem-graça.

Dodô: Mando sim, sou o chefe! - ele foi preparar dois drinks, enquanto isso me sentei em uma poltrona.

Dava pra ver o baile todinho de lá de cima, tinha gente pra caraca.

Dodô: E você, tem quantos anos? - me entregou um copo.

Samantha: Obrigada - segurei o copo - 16 anos!

Dodô: Porra! - arregalou os olhos - Papo reto, não parece!

Samantha: Não? - sorri sem mostrar os dentes.

Dodô: Juro que não! - virou o copo de uma vez - Mas não ligo me amarro em novinha!

Minhas pernas estavam bambas, eu não sei se queria ficar com ele, eu estava bêbada, e certeza que iria me arrepender depois. Fiquei desconversando sempre que ele dava uma investida, uma hora ele iria se cansar.

Dodô: Então, tu curtiu meu baile? - alisou minha perna.

Samantha: Ah, nunca havia vindo em um baile, mas...

Vapor: DODÔ! DODÔ! - o vapor entrou correndo no camarote, quase arrebentou a porta.

            
            

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