O diário de Lizz
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Capítulo 5 05

Capítulo 05

Pedro Monteiro

O despertador tocou, me tirando de um sono leve. A luz da manhã já entrava pelas frestas da janela. Espreguicei devagar, cuidando para não acordar Heloísa. A briga de ontem ainda pesava no ar - mais uma discussão que não resolveu nada e só deixou marcas.

Fui ao banheiro e encarei meu reflexo no espelho. Parecia tão cansado quanto me sentia. Passei a mão pelo rosto, tentando afastar o desgaste. Atrás de mim, Heloísa dormia serena, como se a confusão da noite passada nunca tivesse acontecido.

Peguei um terno preto no closet e me vesti rapidamente. O trabalho me esperava - a rotina na Editora Monteiro não dava folga. Na cozinha, fiz um café forte e tomei um gole, mas o gosto amargo não aliviou muito a tensão.

No elevador, meus pensamentos se misturavam entre o trabalho e o que ainda precisava resolver entre nós. Será que dava para consertar as coisas?

Cheguei ao estacionamento e entrei no meu carro. Ouvir o motor funcionando me trouxe um pouco de paz, como se eu estivesse no controle de algo, pelo menos por um momento.

O trânsito fluía bem. Quando estacionei na editora, vi algumas pessoas esperando na entrada - provavelmente candidatos para as entrevistas do dia. Carla, minha assistente, estava na porta, sempre pontual e organizada.

- Bom dia, Sr. Monteiro! - disse ela, sorrindo. - As entrevistas estão para começar.

- Certo, vamos lá - respondi, tentando afastar o incômodo que ainda me atormentava.

A sala de reuniões era ampla e iluminada, com janelas enormes que deixavam a luz natural entrar. Quadros com as capas dos nossos maiores sucessos decoravam as paredes, inspirando a equipe. Aos poucos, todos se acomodaram ao redor da mesa de madeira.

Foi então que a vi.

Ela tinha cabelos ruivos e olhos verdes que chamavam a atenção sem esforço. Sentou-se à minha frente com uma naturalidade desconcertante, cruzando as pernas. Tentei focar no que importava, mas a presença dela era impossível de ignorar.

Respirei fundo e voltei à realidade.

- Obrigado por estarem aqui. Vamos começar.

Durante as entrevistas, fiz o possível para me concentrar nos candidatos e anotar as impressões que me ajudaram na escolha. Mas a imagem de Eliza não saía da minha cabeça. Quando tudo terminou, pedi que Carla me trouxesse os currículos para uma última revisão.

- Estou em dúvida, Carla - comentei, folheando os papéis. - A Eliza é uma ótima candidata, mas tem outros nomes fortes também. O currículo dela é impecável... É estranho alguém com essa formação querer ser secretária.

Carla sorriu discretamente.

- Ela foi indicada por um amigo meu. Disse que você iria gostar dela.

Assenti, pensativo.

- Chame a Eliza para conversar comigo antes de falarmos com os outros.

Enquanto esperava, passei a mão pela nuca, tentando organizar os pensamentos. Será que eu estava sendo justo? Ou meus sentimentos estavam atrapalhando?

Uma batida suave na porta me tirou do transe.

- Pode entrar.

A porta se abriu devagar, e Eliza entrou segurando a bolsa, com uma expressão meio hesitante.

- Boa tarde, Sr. Monteiro. A Carla disse que o senhor queria falar comigo?

- Boa tarde, Eliza. Por favor, sente-se - respondi, gesticulando para a cadeira em frente à minha.

Ela se acomodou e, sem querer, alisou o vestido. O perfume dela, leve e familiar, me surpreendeu de uma forma inesperada.

- Obrigada - disse ela, olhando ao redor como se estivesse avaliando o ambiente.

Havia algo nos gestos dela que me intrigava, como se carregasse um peso invisível.

- Não se preocupe, não é nada demais - tentei tranquilizá-la. - Só queria esclarecer alguns pontos do seu currículo.

Ela assentiu, e a tensão em seu corpo diminuiu um pouco.

- Claro, pode perguntar.

Olhei para o papel à minha frente.

- Vejo que você se formou em contabilidade e fala três línguas: inglês, espanhol e francês. Deve ter sido uma grande mudança para você.

Eliza desviou o olhar, como se estivesse buscando as palavras certas.

- Foi. Mesmo formada, não consegui nada na área. Acabei decidindo seguir outro caminho.

Sua sinceridade me pegou de surpresa.

- Entendo. Seu currículo é impressionante. Acredito que você pode se dar bem por aqui. Gostaria de fazer parte da nossa equipe?

Os olhos dela brilharam de surpresa, e um sorriso genuíno surgiu em seu rosto.

- Sim, seria uma honra. Sempre quis trabalhar em um lugar como este.

Por um momento, fiquei em silêncio, observando-a. Havia algo no olhar dela que me atraía, e isso me deixava inquieto. Tentei afastar esses pensamentos, mas uma batida na porta nos interrompeu.

- Com licença, Sr. Monteiro... Posso entrar?

- Claro, Carla. Estávamos finalizando aqui - respondi, tentando esconder a agitação que sentia.

Eliza se levantou com elegância e estendeu a mão. Quando a toquei, um calor percorreu meu braço, despertando uma sensação inesperada.

- Obrigada, Sr. Monteiro - disse ela, com seu olhar seguro, mas ainda com um toque de vulnerabilidade.

Observei-a sair, com a mente ainda presa naquele toque e na intensidade do olhar dela.

Quando a porta se fechou, soltei um longo suspiro.

Eliza não era apenas mais uma candidata. E isso me incomodava.

            
            

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