Capítulo 5 Sorte

Gritos ecoavam por toda parte, vindos de todos os lados. George levantou rapidamente, e de dentro de sua barraca, ele podia ver sombras correndo de um lado à outro, projetadas pela claridade da fogueira.

"Mas que diabos é ist.."

Seu pensamento foi interrompido por um grito extremamente alto que vinha de trás de sua barraca. Imaginando que estavam sob ataque de algum tipo de animal, pegou uma de suas espingardas de caça e antes que ele pudesse reagir, um canivete cortou de cima à baixo, o lado direito de sua tenda. George segurou firme a espingarda e estava prestes a pressionar o gatilho apontando para o invasor, quando viu o rosto horrorizado de Charles, adentrar pelo corte no tecido, ele estava com as mãos cobertas de sangue e a roupa suja e rasgada. Antes que padrasto falasse alguma coisa, Charles fez sinal para que ele permanecesse em silencio, então o puxou para fora e em sincronia, os dois se agacharam atrás de uma das moitas próximas à barraca. Em silêncio, observaram, (George com a confusão estampada em seu rosto), um rapaz escondido encima de uma árvore à consideráveis metros de distancia de onde eles estavam, mas para infelicidade do mesmo, próximo demais de quem o perseguia.

Foi nesse momento que George ficou ainda mais confuso, pois tinham pessoas se movendo de um lado à outro, trôpegos, cobertos de sangue, alguns exibiam ferimentos letais. Como se guiados, talvez pelo mínimo barulho, pelo cheiro, ou por uma espécie de extinto macabro, estavam seguindo em direção ao garoto e começaram a cercar a árvore.

O garoto permanecia imóvel e em silencio absoluto, até que um dos seus perseguidores notou sua presença e começou a emitir um gemido alto e grotesco. Então todos os outros notaram a presença do garoto e começaram a cercar e arranhar a árvore emitindo o mesmo som, inumano.

O garoto acabou se assustando, e com medo, tentou escalar mais alguns galhos da árvore, e ao se apoiar desajeitadamente em um galho, ele se partiu ao meio, o que fez com que o garoto escorregasse em direção a turba de pessoas assassinas, mas, a sorte lhes sorriu uma última vez, um sorriso sarcástico, talvez.

Antes que o garoto caísse em meio a multidão ensandecida que agora se formava abaixo de si, ele conseguiu agarrar um galho um pouco abaixo do que aquele que se partiu, deixando seus perseguidores ainda mais agitados. Mas agora, ele estava pendurado, e ao alcance de seus predadores, logo, um dos perseguidores agarrou o pé do garoto e deu lhe diversas mordidas, enquanto o rapaz chutava-o para longe, mas a dor, parecia não lhes afetar, até que o garoto acertou em cheio um chute em seu rosto, o que fez com que o homem cambaleasse para trás. O garoto aproveitou os segundo de vantagem e equilibrou-se, sentando novamente onde estava no início. Depois disso, ele passou a se arrastar sentado, ficando em pé apenas para trocar de galho, pois a dor das mordidas se intensificava a cada segundo. Seu objetivo era pular de árvore em árvore, até alcançar um pequeno alojamento que havia um pouco mais adiante.