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Eu estava nervosa e ansiosa. A mudança da minha pequena cidade do interior para a cidade grande era um passo enorme, e a faculdade parecia um mundo completamente diferente. Sentia-me como uma folha solta ao vento, sem saber exatamente onde me encaixar.
No primeiro dia de aula, entrei na sala com o coração acelerado. As pessoas pareciam tão confiantes, tão à vontade. Sentei-me em um canto, observando os colegas conversando e rindo. Foi quando meus olhos encontraram os de Jeon.
Jeon estava encostado na parede, parecendo entediado. Seus cabelos escuros caíam sobre a testa, e ele tinha um olhar desafiador. Não conseguia desviar o olhar. Ele era diferente de todos os outros ali. Perigoso, talvez. Mas havia algo magnético nele que me atraía.
Quando o professor começou a falar, tentei me concentrar, mas meus pensamentos estavam em Jeon. Eu queria saber mais sobre ele, descobrir o que o tornava tão intrigante. No intervalo, aproximei-me timidamente.
-Oi - disse eu, minha voz quase sumindo. - Eu sou Nari.
Jeon me olhou de cima a baixo, avaliando-me. - Jeon - respondeu ele, sem muita emoção.
Não sabia o que dizer. Não estava acostumada a lidar com pessoas como ele. Mas algo dentro de mim me impulsionou a continuar.
-Você é novo aqui também? - perguntei.
Jeon deu de ombros. - Mais ou menos. Não sou muito fã de regras e horários.
Ri nervosamente. - Eu também não sou muito boa com isso.
E assim começou a conversa. Jeon era misterioso, mas aos poucos, ele foi se abrindo. Ele tinha um sorriso irônico e um senso de humor afiado. Percebi que ele não era apenas um "rapaz problema", mas alguém com camadas e profundidade.
Nos dias que se seguiram, Jeon e eu nos encontramos nos corredores, na biblioteca e até mesmo no café do campus. Discutimos livros, música e sonhos. Jeon me desafiava a sair da minha zona de conforto, enquanto eu o fazia refletir sobre suas escolhas.
Em uma tarde após as aulas, Jeon me convidou para um passeio pelo parque. Caminhamos lado a lado, as mãos quase se tocando. Sentia o coração bater forte no peito. Sabia que estava me apaixonando por aquele rapaz, mas não conseguia evitar.
No final do dia, quando o sol se punha, Jeon me olhou nos olhos e disse: - Você é diferente, Nari. Especial.
Corei e sorri. - Você também, Jeon.
Eu estava ansiosa para contar a Sana sobre meu encontro com Jeon. Ela já era como uma irmã para mim, apesar do pouco tempo que dividíamos o quarto.
- Sana, você não vai acreditar! - comecei, mal podendo conter minha empolgação. - Jeon me convidou para sair novamente!
Ela me olhou com uma expressão séria, quase preocupada, que contrastava com o sorriso que ainda brincava em meus lábios.
- Nari, sei que é novo aqui e tudo é empolgante, mas precisa ter cuidado - ela disse, hesitante. - Jeon... bem, ele não tem a melhor das reputações.
- O que quer dizer? - perguntei, sentindo um frio na barriga.
- Ele se envolve com algumas coisas... erradas. Não é alguém em quem você deveria confiar tão facilmente.
Minha mente girava. Jeon parecia tão charmoso, tão interessante. Mas Sana, com sua experiência e sabedoria da cidade grande, sabia de coisas que eu ignorava.
- Obrigada, Sana. Vou lembrar do que disse - falei, agradecida, mas confusa. Eu precisava pensar, entender melhor quem era Jeon e o que ele representava nesse novo mundo que eu estava apenas começando a explorar.
Eu pensei sobre o que Sana me falou, mas não resisti quando Jeon me chamou embaixo da janela com um capacete na mão.
A brisa noturna acaricia meu rosto enquanto a cidade passa por mim em um borrão de luzes. Jeon acelera pela avenida deserta, e eu me agarro mais forte a ele, sentindo a batida constante do seu coração.
- Você está gostando? - ele grita por cima do rugido do motor.
- Estou amando! - respondo, minha voz quase perdida no vento.
Jeon ri, e o som é levado para longe antes que eu possa capturá-lo. Ele me leva para longe dos meus problemas, para um lugar onde só existimos nós e a estrada. A cada curva, a cada aceleração, sinto-me mais viva do que nunca.
Nas semanas que se seguiram desde que nos conhecemos, Jeon tornou-se mais do que um amigo. Ele é o mistério que eu anseio desvendar, a aventura que eu nunca soube que precisava. Com ele, cada dia é imprevisível, cada noite uma promessa de algo novo e emocionante.
- Nari, olhe! - Jeon aponta para o céu, onde uma constelação brilha intensamente. - Aquela é a Cassiopeia. Você sabia que ela foi condenada a ficar presa no céu como punição por sua vaidade?
- Não, eu não sabia. - digo, seguindo seu olhar.
- Bem, agora você sabe. E toda vez que olhar para ela, vai se lembrar de hoje à noite.
Eu sorrio, sabendo que ele está certo. Esta noite ficará gravada em minha memória, assim como as estrelas no céu.
Quando finalmente paramos no topo de uma colina com vista para a cidade, Jeon desliga a moto e tira o capacete, revelando seu cabelo bagunçado. Ele me ajuda a tirar o meu, e nossos olhares se encontram.
- Obrigado por isso, Jeon. - digo sinceramente.
- Não há de quê, Nari. - ele responde, um sorriso suave em seus lábios. - Eu deveria estar agradecendo a você por me acompanhar.
Nós nos sentamos na grama, lado a lado, olhando para o horizonte. A cidade abaixo de nós é um mar de luzes, e eu me pergunto se as pessoas lá embaixo sentem o mesmo que eu sinto agora.
- Jeon, você acha que... - começo, hesitante.
- Que o quê? - ele vira para me encarar, seus olhos cheios de curiosidade.
- Você acha que as estrelas estão olhando para nós também?
Ele ri, uma risada calorosa que faz meu coração bater mais rápido.
- Talvez elas estejam, Nari. Talvez elas estejam.
E naquele momento, com a imensidão do universo acima de nós e a vastidão da cidade abaixo, sinto-me infinitamente pequena e, ao mesmo tempo, infinitamente significativa. Porque eu tenho Jeon ao meu lado, e com ele, tudo parece possível.