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02
Vilarejo Riverhill
Começo a dizer a Caleb.
- Muito obrigada! Eu fiquei tão assustada, o que está acontecendo? Que lugar é esse? Pergunto a ele. Estou bastante curiosa e preciso da ajuda dele para sair daqui e preciso que ele me tire dessa curiosidade. Não sei onde estou.
Caleb me encara corado tentando desviar o olhar... Ele começa a dizer:
- Você não deveria se vestir assim, é perigoso para uma moça. - ele diz e logo pega uma manta velha que está perto de suas tralhas de trabalho, e então põe sobre meus ombros, ele fica olhando para o meu rosto de perto, assim que me dou conta da proximidade dou um passo para trás, ele está perto demais, isso me deixou desconfortável.
- De onde você é? - Caleb pergunta enquanto dá uns passos para trás e começa a arrumar suas coisas para ir embora.
- Eu sou de São Paulo. - Respondo enquanto ele me olhou pasmo sem entender nada...
- Sabe...Brasil? Nunca ouviu falar? - ele continua sem entender.
- Tais lugares não existem, nunca ouvi falar de nada parecido. - respondeu ele com o rosto confuso.
- Tá bom, mas que lugar é esse? Onde eu estou? Eu estava dirigindo o meu carro e do nada acordei aqui. - falo enquanto aperto a manta que ele pôs sobre meus ombros... Estou com frio, e com medo também.
- O quê? Um Carro? Deixe! Venha comigo, vou te levar para o vilarejo, não posso te deixar aqui sozinha nesse estado.
Diz ele enquanto estende a mão para mim, ele vê como estou assustada e me dá um sorriso para me confortar, sua voz é tão meiga e calma que concordo em ir com ele.
Após caminharmos um pouco, chegamos na trilha e continuamos até chegarmos em um lugarzinho bem simples e pobre, as casas são bem antigas, com animais como: porcos e galinhas andando soltos pelas casas, tudo é tão estranho... parece que eu voltei no tempo, ou fui para outro lugar...
Caleb então anda entre o pequeno vilarejo comigo, enquanto as pessoas nos olham assustadas, posso ouvir os sussurros vindo sobre mim, o que esse povo está falando? Estão falando de mim?
Caleb faz um sinal para um senhor sentado em frente uma grande casa, é a maior da vila, o homem então anda vagarosamente até nós, já é um senhor de idade e usa uma bengala.
- Caleb, que surpresa você traz hoje. - diz o senhor enquanto olha para mim, estou tão desconfortável, todas aquelas pessoas vestidas dessa forma, eu realmente devo estar parecendo uma estranha pela forma que me olham.
Eu então tento me cobrir ao máximo com a manta, e Caleb percebe meu desconforto.
- Senhor Frei eu tenho notícias, o cavaleiro passou por aqui e alertou que vai recolher a taxa semana que vem... - diz Caleb com o rosto desapontado.
- Esse comandante, não irá parar até termos vendido tudo que lhe temos, até mesmo nossas vidas. - diz Frei com raiva, ele olha pra mim e diz:
- Que fique claro, já temos problemas demais por aqui, até mesmo a comida está em falta...
- É assim que esse Senhor vai me receber? Eu não apareci aqui por espontânea vontade, se ele soubesse não seria tão grosso assim. Antes do Senhor continuar a falar, Caleb o interrompe:
- Ela será minha responsabilidade, eu não pedi ajuda em momento algum.
Diz Caleb em um tom sério. Meu Deus, eu serei algum motivo deles brigarem? Eu não quero isso.
- Entendo... -- diz Frei - Esses jovens de hoje...
Ele então se vira e volta vagarosamente até sua cadeira.
O que foi isso? Eu sei que a situação aqui não parece boa, mas não precisava da grosseria.
Caleb então pega minha mão e me leva até o fim do vilarejo, uma casinha pequena feita de madeira e pregos grossos, com muitas ferramentas de serviço em sua volta, algumas galinhas e uma pequena horta, posso ver também que tem um pequeno pomar ao fundo.
Não é um lugar tão ruim assim, me lembra aqueles filmes onde tem aqueles camponeses, etc., eu achei muito bonito. Após olhar para o céu percebo que já está ficando a noite, então de repente observo as pessoas de casas próximas a de Caleb acender as iluminações, parece lamparinas, é realmente bonito.
Caleb abre então a porta da casa, é um lugar bem aconchegante, cheio de móveis feitos a mão, todos bem trabalhados.
- Sente-se. - diz ele, enquanto puxa uma cadeira para mim... Isso foi muito gentil da parte dele.
Eu me sento e ele logo pegou alguns pães, que estão em um pote, coberto por um pano.
- Deve estar com fome. - ele diz segurando um pão em minha direção.
- Obrigada, eu não me lembro quando foi a última vez que comi. - digo e pego rapidamente e já coloco na boca sem pensar duas vezes, minha barriga começou a dor de fome só por olhar aquele pão. Caleb então sorri após ver meu ato.
Eu devo estar parecendo horrível, com esses machucados e meu rosto todo sujo e suado, e meu cabelo deve estar um caco. Paro de comer o pão e respiro fundo antes de falar:
- Que lugar é esse? - pergunto enquanto rasgo pedaços do pão com a mão, é um pão duro, parece que foi feito artesanalmente, tem uma cor meio escura também, o gosto não é tão ruim, mas com certeza não é tão bom. Mas tenho que comer, ele foi gentil comigo e também deve ser. Ouço a voz de Caleb:
- Você está em Riverhill, é um vilarejo do Oeste de Edorea. - diz ele enquanto me olha atentamente, parece me examinar.
- River, o quê? Nunca ouvi falar de algo assim, como vim parar aqui? - respondo confusa, como vim parar em um lugar que nunca havia ouvido falar antes? Caraca, isso é muito estranho.
- Também nunca ouvi falar desse tal de São pilo. - diz Caleb pensativo...
- É São Paulo...
Solto um riso baixo por ele ter errado minha cidade, paro de rir e respondo ainda confusa, tentando entender onde eu estou.
- Será que eu viajei no tempo ou... Mundo. Não sei, universo paralelo, talvez? - sei que é bastante estranho eu ter falado disso, mas realmente parece que estou naqueles filmes antigos, então uma parte de mim acha que mesmo que seja por um segundo, eu estou em um lugar completamente estranho, eu não estou no Brasil, nem na terra talvez, bom, eu não sei onde é esse lugar que esse camponês disse, o Caleb.
Olho enquanto falo para Caleb, ele parece mais perdido que eu.
- Olha, desculpa, mas tenho que voltar pra casa - digo-lhe ainda com esperanças daquilo ser só alguma brincadeira. Ou um sonho.
- Não existem tais lugares aqui, eu já lhe disse. - Caleb termina de falar.
Olho para minhas pernas, minhas roupas sujas, minha cabeça ainda (dói).
Caleb então pega uma panela grande, parece um caldeirão. Ele diz:
- Irei esquentar água para seu banho, e depois vamos cuidar dos seus ferimentos, primeiro fique aí e termine de comer, por favor. - diz ele antes de sair.
Vou tomar banho em um caldeirão? Gente, eu realmente não entendo que lugar é esse. Eu preciso acordar desse sonho maluco. Por que estou aqui, afinal ??