Capítulo 4 04

Capítulo 4 -

Retornando ao vilarejo

Depois de um tempo andando, chegamos ao mercado, onde vendemos os couros e os tecidos. Achei lindo tudo aquilo, tudo é como um conto de fadas, todas aquelas lojas e pessoas como nos filmes antigos. Tudo parece mágico, nunca me imaginei em tal lugar. Após um tempo nós vendemos tudo, fiquei bem cansada, toda aquela movimentação me deixou exausta, posso ver que Caleb está como eu. Ele suou tanto, pois carregou as caixas o tempo todo. Arrumamos tudo depois de vendermos e nos preparamos na carruagem para irmos embora.

- Até que enfim conseguimos vender tudo. - Digo ao Caleb com um sorriso no rosto.

- Também não acredito, podemos realmente pagar os impostos. - responde ele sorrindo, nunca o vi tão sorridente. O olhando com aquele sorriso retribuo de volta, estou muito feliz por ter o ajudado, fui útil. Ele arruma a carruagem e me chama para irmos. Já está tão tarde, mas devemos voltar o quanto antes, o coletor irá passar na vila em poucos dias.

Subo na carruagem e então começamos a andar. Vi então de longe uma enorme movimentação, cada vez se aproximando mais. Foi quando eu vi, que é um desfile de cavaleiros. Há vários deles montados em seus cavalos e acenando. As pessoas gritam excitadas e alegres, enquanto eles seguem. Posso ver muitos deles, não entendo o que realmente está acontecendo, mas é uma cena linda. Caleb então resolveu chegar mais perto para vermos o que estava acontecendo. Cavaleiros em suas armaduras brilhantes e reluzentes, porém um pouco ensanguentadas. Uma disputa!? uma guerra!? Não dá para saber, porém todos seguem animados.

- O que está acontecendo? - pergunto para Caleb sem entender a situação . Caleb olha friamente para os cavaleiros enquanto me responde, ele parece não gostar deles.

- E o exército do novo rei, depois que ele chegou, faz questão de fazer desfiles para mostrar sua força - diz ele com a cara fechada. - Aposto que acabaram de chegar de alguma vila que não pagou os tributos.... - continua ele com a expressão cada vez mais raivosa.

- Como assim? Está dizendo que eles atacaram alguma vila por conta dos impostos?

- respondo assustada, francamente não acredito que por conta de algumas moedas eles são capazes de fazer esse tipo de barbaridade. Caleb então segura minha mão com força, um dos cavaleiros está olhando para mim, ele então sai da multidão me puxando.

- Você não sabe do que eles são capazes. - termina de dizer enquanto me puxa com força. Após sairmos do meio da multidão ele me leva diretamente para a carruagem.

- Temos que voltar logo, não sabemos o que pode acontecer se atrasarmos. - Ele fala enquanto arruma as coisas rapidamente.

- Está tudo bem?- Pergunto e reparo como ele está assustado.

- Não, não está! - diz ele sem olhar pra mim com a cabeça baixa.

- A próxima pode ser nossa vila. - diz ele até fazer uma pausa e se corrigir.. - Minha vila... quis dizer minha vila... - ele fala com a face tristonha.

- Vamos conseguir, eu sei que vamos - O encorajou e olhou para ele enquanto apertava sua mão.

Ele parece menos tenso, mas temos que voltar logo, não quero presenciar tal cena de guerra. Arrumamos logo tudo, e vamos em direção ao portão para sairmos da cidade, vagarosamente a noite cai, e eu digo adeus aquela maravilhosa cidade, nunca vou me esquecer desse lindo lugar. Voltamos pelo mesmo percurso que viemos, a noite simplesmente está linda, todas essas luzes, músicas e pessoas cantando e dançando... é muito lindo. Cada vez mais parece que minha vontade de ir embora... desaparece, não seria tão mal eu ficar aqui. Vejo Caleb alegre, cansado e também sonolento, mas ele se mantém com um sorriso no rosto.

- Está feliz? - pergunto a ele enquanto o olho alegremente, aquele sorriso se transmite no ar. Ele me olha envergonhado, não está vendo que eu o observo atentamente.

-S-sim! -responde ele desviando o olhar e fingindo não se importar. Eu dou uma gargalhada, e ele se rende e ri também junto de mim, sabia que ele faria isso. Olho para cima e vejo as estrelas, tão brilhantes, nem parece as mesmas de onde eu vim, são mais vivas e grandes.

- Não está com sono? - diz Caleb tentando se manter acordado.

- Acho que devemos parar logo, está escurecendo muito, e pode ser perigoso continuar. - ele fala enquanto boceja.

- Acho melhor continuarmos mais um pouco, temos que chegar rápido. - digo para ele - não podemos nos atrasar, a vila está correndo perigo. - O fito e demonstro como estou preocupada com o povo dele, eu não me perdoaria se acontecesse algo, todo aquele povo meigo, temos que salvá-los. Ele vê o quão verdadeiras foram minhas palavras e o que eu me importo com todos, sua expressão muda de repente. Por um momento vejo nos olhos de Caleb uma chama, uma expressão que nunca vi antes, ele me olha de um forma tão apaixonante e sedutora, chegando cada vez mais perto. Aquele rosto sonolento se tornou em um poço de sedução, ele me olha boquiaberto como se esperasse por algo, alguma resposta vinda de mim. Em meio ao momento percebi um movimento atrás da carroça, de longe pareciam pessoas a cavalo, podia ouvir seus gritos e sons de chicotes batendo ao chão. 51P Caleb olha rapidamente, mesmo não vendo muita coisa por conta da escuridão, ele aperta os punhos já serrados e então ele grita para que o cavalo corra mais.

- Caleb!? O que é isso? Quem são esses? - eu fico super assustada, a carruagem acelera rápido como se o cavalo não carregasse peso algum.

- Ladrões. - Ele diz apenas isso, enquanto foca na estrada, a carroça pula a cada buraco que passávamos, balança e treme. A cada baque eu bato nas laterais da carruagem e me machuco um pouco, como dói, mas devo esquecer isso por hora, o que importa é fugirmos dele. Os ladrões se aproximavam cada vez mais, o som deles gritando me fazia ficar cada vez mais assustada, não sei o que fazer. Será que eu corro!? ou me defendo? O dinheiro da vila está todo conosco, se eles pegarem, a vila está perdida.

-Caleb, não podemos deixá-los nos alcançar, e o dinheiro? - falo desesperada, temos que escapar, meu rosto está vermelho de raiva e medo, não sei oque fazer.

Eu então me viro e mexo na carruagem enquanto Caleb tenta a controlar, está cada vez mais escuro, os cavalos tropeçam e cambaleiam. Pego o saco com as moedas, e as escondo em um tecido embaixo da saia do vestido. Irei proteger a minha vida, não importa como. Pego uma adaga, usada para cortar as frutas e a seguro fortemente. Não sou uma pessoa religiosa, mas peço do fundo do meu coração que nada aconteça, fecho os olhos em meio aquela barulheira e então, me sinto no ar, e alguns segundo depois, capotamos em um desfiladeiro, nao da pra ver nada, apenas ouvir o som dos cavalos se machucando e da madeira quebrando. Quando dou por mim, estou no chão, minhas mãos doem tanto, minha roupa rasgou e não consigo enxergar nada.

-Caleb?, Cadê você? -eu grito desesperada, mas. Não ouço nenhuma resposta.

-Onde você está? - continuo sem saber o que fazer. Minhas mãos tremem, havia perdido a adaga, não a encontrava em lugar nenhum, Céus e agora? O que eu faço? Ouço um som vindo de longe, quem poderia ser?

Será que os ladrões ainda estão atrás de nós? Fico com medo de gritar por Caleb, eles podem me ouvir, passo a mão pelo chão, na tentativa de encontrar algo, porém sem sucesso.

-Caleb, onde está você? -sussurro comigo mesma,o que devo fazer?? Ouço eles chegando mais perto, no desespero então, começo a correr, batendo nas árvores e galhos, arranhado e machucado sem saber para onde ir. Enquanto corro ouço um barulho e então tudo fica escuro. A única coisa que sinto é uma dor horrível, algo acertou minha cabeça.

                         

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