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ANOS ATRÁS
Não importava o quanto eu corresse eles ainda estavam atrás de mim. Meu lindo vestido de bailarina agora estava cheio de sangue. Sangue que eu sabia que não era meu e sim dos executores que eu enganei. Cada passo que eu dava meu corpo reclamava de dor, eu sabia que iria morrer mas pelo menos tentei fugir, eles se sacrificaram por mim, agora tenho que me sacrificar por eles.
- Chegamos ao precipício pequena bailarina. - Um dos executores grita enquanto os outros se olham por alguns segundos.
Olho para trás e vejo o precipício atrás de mim, por mais que eu soubesse nadar uma queda para uma pessoa que tem fibromialgia e muitos problemas de saúde como eu seria fatal.
Por mais que eu pense não tenho outra opção. Todos de confiança que eu conheço estão mortos... tirando meu tio, mas nos perdemos na fuga.
- Não queria que isso acontecesse senhorita mas não temos outra opção! - O soldado que antes me protegia diz com a voz abalada.
- Não se preocupe Rick, voltarei e tomarei o que é meu por direito!
Eles fazem continência e me jogo ao mar.
DOIS ANOS DEPOIS
Concentre-se Ali! - Meu tio fala calmamente.
Fecho os olhos mais uma vez e respiro fundo, abro os olhos e minhas mãos não tremem como antes. Seguro a arma mais firme e puxo o gatinho.
Dia após dia me preparo para tomar o que me foi tirado, todos ainda pensam que morri quando pulei aquele penhasco mas alguma coisa teve misericórdia de mim.
Nunca pensei que voltaria para a Rússia, amo o lugar que nasci e cada detalhe dele, sem contar que aqui temos fortes aliados de Bratvas poderosas. A única parte ruim é que quase todos os dias tenho que ficar deitada na cama sob cuidados de médicos, os antidepressivos ajudam nas dores do corpo, mas minha asma e meu coração fraco são um fardo ou eram, me acostumei com as dores e fiz delas minhas aliadas.
ANOS DEPOIS...
Desde que entrei na CIA e me tornei uma das maiores CEO da Rússia consigo rastrear cada passo da minha Bratva. Não como Alice Petrov, mas como Solfy Bhoon eu consigo perfeitamente...
Saio da minha mansão e dispenso os soldados que fazem parte da minha segurança.
Desde que cheguei aqui a anos atrás venho justo nesse bosque todos os dias, não me importo que esse frio seja a causa das minhas dores eu ainda o amo e ainda irei preferi-lo sempre. o cheiro da terra molhada exalava por todo lugar junto com as lindas plantas e as minhas diversas rosas... pode parecer confuso, uma pessoa fria, calculista e talvez assasi... meus pensamentos foram interrompidos pelos passarinhos cantando por toda parte. Eu poderia sorrir, sentar e cantar, ler algum livro ou ebook... mas eu apenas chorei, sentei naquele chão frio e chorei, gritei... eu gritei ao máximo que eu conseguisse. Deixei minha dor sair, deixei que a minha dor saísse e por mais que eu tentasse eu estava me afogando com minhas próprias dores.
- Você tem os cabelos ruivos da sua mãe, os olhos do seu pai mas acima de tudo você um coração bom assim como eles tinham. Pra mim foda-se que você está crescendo! Você Alice Petrov, sempre será a minha menininha! - Meu tio fala com sua serenidade inabalável.
- Eu estou cansada tio, cansada da vida! - Grito e desmorono na sua frente.
DIAS ATUAIS
Minha vida foi resumida por hospitais, exames, dores, fugir, armas, enfrentar criminosos, guerras, mafiosos e dinheiro. Sempre esperei que algum dia acordaria e minha vida mudasse completamente, não que eu esteja reclamando da vida que tenho mas as vezes a rotina se torna mais cansativa do que o normal. Meus pais e o tio Noah sempre foram minha vida, viver anos sofrendo faz pensarmos em desistir, bom na verdade nos faz desistir. Mas como decepcionar eles?? Séria injusto com eles e com todos que me amam. "Aguente tudo para que eles não tenham que aguentar."
Essa com toda certeza é a minha frase, já tem anos que meu tio não me deixa. Já faz anos que perdi meus pais. O tio Noah está sempre está viajando... não que eu não goste mas isso está deixando meu corpo exausto. Sei que nessa viagem eu não irei ir com ele, irei ficar na casa do sócio e melhor amigo dele, que por sinal é o Herdeiro da Bratva Entringer a mais poderosa da Rússia e com toda certeza do mundo. Como se chama mesmo é... lembrei, Adrian Entringer. Espero que ele não seja tão sério como aparenta ser... Ele tem 28 anos, nossa diferença de idade é pouca. Pelas minhas investigações ele é um CEO desejado por todas, quase ninguém sabe nada da sua vida pessoal, além de ser um homem extremamente poderoso e respeitado por todas Bratvas. Além disso ele e seus irmãos são herdeiros da maior empresa de segurança, espionagem e com os melhores agentes do mundo. Das poucas coisas que eu descobri é que ele morava em muitos estados importantes da Rússia e dos Estados Unidos mas o último foi na Rússia, onde ele realmente mora. Ele do nada voltou para a mansão em Forks que herdou da sua mãe, após a morte dos pais ele teve que mudar ainda mais sua vida, agora ele é um Don.
A mansão em Forks é uma fortaleza impenetrável, afastada de tudo menos de uma coisa... um lindo vilarejo. Nenhuma mansão se compara com a de Adrian é para lá que eu vou.
Minhas coisas já estão todas arrumadas, amanhã darei um até breve para Rússia, ainda é 23:30 da noite mas sinceramente estou sem sono, por mais que eu tente ler algum ebook mas estou muito agitada... é impossível ler assim, dou umas cinco voltas pela sala tentando tirar essa ansiedade... Quando olho para o piano passam diversas lembranças, minha mãe me ensinou a tocar quando eu tinha quatro anos, desde o acidente não cheguei perto dele. Tento me aproximar aos poucos, consigo sentir meus batimentos acelerando e lágrimas quentes rolam pelo meu rosto. Sento e fecho os olhos, meus dedos começam a dedilhar sobre as teclas do piano, conforme a melodia chega na metade intensifico o volume e deixo a dor sair, a música sai em perfeita harmonia, deixando rastros de dor para quem ouvi. Termino e vou toca-la novamente, começo na tecla de dó, o som forte e puro ecoa pelo apartamento... me perco no horário como sempre fazia, parei de tocar e já era 2:55 da manhã, o voou vai durar 6h e 30 minutos, tirando o resto da viagem que será de carro, preciso ir dormir ou irei ficar mais exausta do que já estou. Vou para a cama e durmo com o resto de horas que me restam.
Sou acordada pelo barulho do despertador que é extremamente auto, provavelmente o tio Noah já está aqui...
- Tio que horas s... Antes de terminar a palavra sou interrompida por ele correndo e entrando no quarto.
- Alice! Você está bem? O que aconteceu?
Sei que é errado mas começo a rir, desde pequena vejo a mesma cena... antes eram os meus pais agora é ele.
- Desculpa tio, eu esqueci dessa parte, estou bem... fique tranquilo. Só chamei para saber se já estava aqui, que horas são?
Ele me olha como se quisesse me dar um sermão, é... acho que quase o fiz enfartar.
- A culpa também foi minha, já fiz o seu café da manhã com as comidas que você ama, já são 4:30 acho melhor a mocinha levantar e se preparar.
Olho para ele como um cachorro sem dono... Mas não adiantou tive que sair da cama, levantei e tomei um belo banho bem tranquilamente, me arrumei um pouco rápido, peguei as ultimas coisas que ficariam comigo durante o voou, antes mesmo de entrar na cozinha já conseguia sentir o cheiro maravilhoso da comida que exalava por toda parte. Comi de cada coisa um pouco, talvez eu passe mal de tanto que comi mas vale a pena. Chegou a hora mais difícil... me despedir do meu tio e da casa dos meus pais... Chorei tanto que duvido que eu ainda tenho mais alguma lagrima. Fomos conversando a viagem toda, quando chegamos no aeroporto faltava poucos minutos então eu já teria que entrar sem demorar muito.
- Você é o melhor tio que alguém poderia ter, sempre será meu segundo pai, sentirei sua falta.
- Eu também sentirei sua falta minha menina, quando eu voltar irei ir te visitar, menininha teimosa, o Adrian vai te esperar no aeroporto, quando você desembarcar apenas mostre esse cartão para a aeromoça.
- Não se preocupe tio, eu também te amo.
Ele me abraça, sinto suas lagrimas caírem. Começo a andar e não olho para trás, não olho o que eu deixei, não posso lembrar o que eu perdi. Entro no avião, minha poltrona fica na janela a poltrona do meu lado está vazia... Na verdade as duas são minhas, meu tio reservou as duas alegando que seria para a minha segurança. Além dos diversos soldados que estavam disfarçados, pelo que sei eles irão voltar. A cada quatro minutos pessoas que trabalham no voou vem me perguntar como estou... Com toda certeza isso foi ideia dele, não que eu esteja reclamando do extremo cuidado. Durmo por algumas horas, as outras fico acordada olhando para as nuvens e para o oceano, nunca irei cansar dessa visão maravilhosa.