Capítulo 3 Altamente Viscosa Caça

Tudo estava num silêncio que chegava a cortar de uma forma áspera, mas o mesmo silêncio tinha uma companhia chamada Belfácia Ntine. Era uma mulher baixa com um casacão preto de couro que tateava o chão. As suas coladas calças ao seu corpo, desenhavam cada curva da temida caçadora. As suas botas eram da mesma cor que o seu casacão e tinham detalhes de prata nas laterias.

O passado som da sua moto ao estilo cowboy soava nos seus ouvidos quando ela olhava para o nada e puxava o ar pelas narinas.

A noite reinava com a luz da lua bem fraca e os uivos dos lobos soavam tão altos que até parecia que atacariam a qualquer um, a qualquer momento.

O cabelo preto e crespo dela, estava amarrado num único nó e no chão aos seus pés, vários corpos estavam sem fôlego e deixando escapar sangue pelas partes do corpo que foram feridas pelas balas de prata.

Atrás ela tinha uma espada que chamava de AMIGA-NEGRA-AFIADA.

Era dia 27 de Junho de 1997 e a informação de que o padre daquele distrito era vampiro estava circulando e se fosse verdade Belfácia Ntine não pensaria duas vezes para acabar com o santo homem.

O caos havia caído no distrito de Phintom e também ia se alastrando para Rongon, Khedie e James North. Todavia a confiada caçadora de coisas do além estava por perto para pôr um fim em tudo aquilo.

Belfácia estava parada ali olhando para os corpos das pessoas que aos poucos se transformavam em pó. Como colar, ela tinha uma cruz, que parecia uma miniatura de um crucifixo. Ela pisou no peito numa das vítimas ali que soluçava nos últimos segundos da sua vida.

- Onde está o padre?

- Vai se fuder, sua bruxa. - ele disse tentando cuspir com a intenção de intensificar o seu insulto.

A mulher deu um tiro direto no meio da testa do vampiro e saiu dali andando calmamente com estilo em direção da sua moto negra que tinha detalhes de fogo perto do tanque de combustível.

***

Ela chegou num bar com as escritas: BAR DOS VAMPIROS.

Aquilo estava muito óbvio que não se tratava de um lugar com vampiros para ela, mas apenas um nome diferente para os cachaceiros que só passam a vida a beber para esquecer e fazer as piores merdas da humanidade.

Ela caminhou lentamente em direção ao balcão enquanto todos os olhos dos homens no interior a acompanhavam com desejo erótico e outros com malícia.

- O que foi, nunca viram uma mulher? Ou preferem uma questão mais interessante? Nunca viram uma caçadora? - ela perguntou sentando-se na alta cadeira.

- A pergunta seria, o que você está fazendo aqui, senhora "caçadora"? - o atendente perguntou logo após as palavras da mulher.

- Só quero uma informação e não se preocupem, não vou machucar ninguém. - ela disse com uma voz sensual, provocando a todos.

- Cala boca sua vadia. - disse um dos homens sentado na primeira mesa perto da entrada.

- Eu não gosto disso. Afinal vocês tratam mulheres lindas dessa forma. Quando uma mulher é linda e sexy vocês logo pensam que é vadia? - A mulher diz com toda calma do mundo, tira uma arma glock e coloca no balcão depois, antes de ouvir a resposta dos homens ali presentes diz - Peço um copo de Orge's root.

- Mas você é muito atrevida hein! - disse o atendente.

- Sei no que confio. - ela diz tirando um cigarro do seu casacão, colocou entre os lábios e percebeu que havia perdido o esqueiro. - Peço uma mãozinha.

- Vai se fuder, puta. - o barman diz. - Você está na cova dos leões.

- Está bem, como não quer me dar uma mãozinha, vou direto a questão. Onde está o maldito padre. Onde está Beneth Shabangu? - ela disse com uma voz sensual e em seguida brincando com o cabelo.

Os olhos do homem ali ficaram vermelhos e os seus caninos germinaram ficando enormes quando oscitava a boca. Ulteriormente todos no bar se revelaram, vampiros.

- Muito bonito, o bar dos vampiros é bar dos vampiros mesmo. - ela disse com uma ironia e desprezo na sua voz e imediatamente deu soco no rosto do barman.

Os outros foram em direção da caçadora que em seguida recuperou a sua arma no balcão e tirou outra do casacão, assim sendo duas armas glocks e atirando de um modo flexível, sendo cada tiro certeiro no meio de cada testa. Como ela lidava com as armas era uma arte perfeita nas mãos negras de África e numa alma que seguia a sua missão, caçar.

O problema ou a solução dela era não poupar a munição durante a execução dos movimentos contra os seus oponentes, então em poucos minutos ficou sem munição, porém tinha a sua AMIGA-NEGRA-AFIADA.

Todos receberam o presente de balas de prata que lhes colocaram em agonia e uma morte lenta. Restou um que recuava aos poucos mesmo não vendo nenhum remorso nos olhos castanhos da Belfácia. A coisa ficou mais fantástica quando ela tirou a sua espada de prata e um fulgor eclodiu machucando a todos os vampiros e o restante que gritou de agonia, primeiro quando perdeu a visão, depois quando sentiu a sua carne queimar lentamente como se estivesse na lava dentro de um vulcão ativo.

Depois da sua arte com os seus movimentos, armas e espada, ela deu beijo na empunhadurae, respirou fundo e devolveu a sua amada arma branca ao seu lugar. Saiu do bar e no lado de fora encontrou uma criança sentada num silêncio total. Então a caçadora se aproximou e disse:

- Oi, menina! Tudo bem?

A criança meneiou a cabeça positivamente.

- Qual é o seu nome?

- Janir Ni.

- Janir Ni. Você conhece o padre Beneth?

- Sim. - a criança respondeu rapidamente sem olhar nos olhos da mulher.

- Janir, sabe me dizer onde ele está agora. - Belfácia perguntou com esperança no seu imo.

- Sim. Ele está na Igreja Último Anjo.

- Onde fica essa igreja?

- Bem ali. - disse a criança apontando para uma enorme construção que estava distante, porém visível, tinha características de uma igreja católica.

- Muito obrigado, Janir. Menina linda. Tchau.

- Tchau.

Belfácia caminhou até a sua moto e subiu com destino, Igreja Último Anjo.

***

Chegou e no lado de fora haviam muitos túmulos bem organizados. De longe a voz de um padre soava que pregava a palavra de Deus. Entrou na igreja e sentou no último banco.

- Ali está o maldito. - disse ela baixinho, para si mesma.

Todos os residentes de Phintom eram crentes assíduos e estavam lá na igreja com o grande padre Beneth Shabangu que falava perfeitamente da palavra de Deus.

Os crentes em simultaneamente olharam para a caçadora, estranhando ela estar ali vestido daquela forma e isso chamou a atenção do padre Beneth e logo que ele viu a caçadora, os seus olhos brilharam com a cor vermelha e aí muitos mortos voltaram a vida, saindo dos seus túmulos, invocados pelo santo ex homem de Deus. Além dos mortos, todos os residentes de Phintom revelaram a sua verdadeira forma, todos eram vampiros.

O céu ficou completamente vermelho e em seguida apareceu a cor amarela se misturando com fogo e as vozes como lava num vulcão ativo e furioso para uma irrupção época, apareceram linhas diabólicas de relâmpagos e trovões berrando de um modo estridente. As árvores começaram a murchar e todo verde do distrito também seguiu o mesmo fim.

Em uníssono, os pútridos corpos deixaram escapulir um som morto e fúnebre que circulou pelos ares infernizados do distrito de Phintom. Os cheiros dos corpos podres se juntaram e originram um único cheiro de podridão que poderia revirar o estômago de qualquer um e acabar com apetite de alguém por um ano inteiro.

Feitos zumbis todos os convidados para a reunião começaram a caminhar em direção da Belfácia que apresentava uma cara nada surpresa como se já esperasse por aquilo desde o começo.

- Ninguém vai me parar. Saiba que sempre me escondi detrás desta capa. - O homem disse pegando para a sua roupa de santo, na gola com a parte branca no pescoço.

Com olhos semi-cerrados Belfácia não disse nada por alguns segundos, mas acompanhava o ritmo dos mortos vivos indo na sua direção e sentia uma excitação de ansiedade de começar a batalha contra todos os malditos.

A sua espada de prata brilhou quando os raios de céu passeavam em um intervalo reduzido de tempo. A caçadora aos poucos apertava a empunhadura da espada e em seguida disse com uma voz séria e em simultâneo calma.

- Não estou afim de discursos Beneth, vamos ao que interessa.

Organizou-se colocando-se na posição ofensiva.

- Vamos caçadora anã. - disse Beneth e em seguida riu por escassos segundos.

Todos invocados correram com tudo para acabarem com a única caçadora ali presente. Ela começou com um brilho da sua lâmina que acabou com visão de grande grupo que ousou enfrentá-la de um modo direto. Caíram agonizando de dor, queimando e evaporando para os céus.

Não desistiam, assim com determinação num ataque suicida iam à mulher altamente habilidosa. Sofriam cortes profundos que as vezes vinham apenas do ar cortante gerado pela espada.

A caçadora foi rodeada pelos malditos e aí ela saltou como se num vôo para em seguida aterrar num movimento espiral que gerou um ar pujante e cortante com os movimentos, tendo assim cortado a maioria lhe causando a agoniante morte.

O número dos malditos parecia aumentar em cada golpe que Belfácia lançava, no entanto mesmo assim ela não parava de fazer o seu trabalho e preparava a sua carta na manga para ter a sua vitória e partir para a próxima missão nas terras seguintes de Moamba.

- Demônios, voltem para o vosso lugar. - disse ela erguendo um crucifixo em miniatura de prata saído do interior do seu casacão preto.

Todos tentaram fechar os olhos para evitarem os raios de prata, mas já era tarde demais, assim a agonizante morte era certa para todos. Gritaram como se de um canto se tratasse, causando uma algazarra, os céus se abriram recebendo o pó dos corpos diabolizados.

Belfácia caminhou calmamente evitando pisar os corpos que se contorciam de dor e gemiam com a morte certa, agendada. Era como se ela estivesse a gingar, mas para quem gingaria, quem estava lhe vendo? Ela apresentava uma enorme seriedade nas suas feições e deixou um sorriso excêntrico na boca eclodir por escassos segundos.

- ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ, SEU MALDITO ARDILOSO? - ela gritou esperando pela resposta do padre Beneth.

Olhou para todos os lados, mas não conseguia localizar o ex homem de Deus.

- BENETH, APAREÇA. VOCÊ NÃO VAI SE ESCONDER PARA SEMPRE. - Belfácia tentou novamente, mas só recebeu como resposta o silêncio.

Então ela apenas começou a caminhar com a intenção de partir e ir à próxima terra para mais, o que ela chama de missão, uma batalha com as criaturas do além.

Assim, ela do distrito de Phintom partiu muito calma, mesmo sabendo que deixou a sua missão pela metade, pois não conseguiu eliminar o líder de todas as criaturas ali aniquiladas e sendo assim ela estava certa que um dia desses se encontraria novamente com Beneth para resolverem o processo parado.

Colocou a sua espada nas costas, subiu na sua moto e arrancou com tudo, deixando a poeira dançar e escrever: TO BE CONTINUED

                         

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