O Dono do Morro e a Fera
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Capítulo 10 8

Nina.

- NINA?!!

Meu corpo inteiro estremece quando ele solta esse rugido que com certeza o casarão inteiro escutou, mas eu não posso demonstrar fraqueza agora. Portanto, viro-me de costas para aquela porta assim que ele dá o primeiro chute violento e miro os meus olhos no horizonte. Seja forte, Nina, seja forte! Mais dois chutes e a porta se abre com uma violência tão brusca que se impacta com força contra uma parede. Em seguida, vem o som da sua respiração. Ela está tão pesada e ofegante, que se pode comparar ao som de um touro em fúria diante de um pano vermelho, que acena provocante para ele. Permaneço de costas para ele e em silêncio, dessa forma ele jamais perceberá que estou com medo. Porque sim, estou com muito medo de que o que eu fiz tenha libertado um monstro, ou apenas o senhor todo poderoso. E credite, o senhor poderoso seria mais fácil de lidar.

- Que porra você pensa que está fazendo? - Ele brada adentrando ainda mais o quarto. - Não brinque com fogo, Nina, porque paciência tem limites! - Fecho as mãos em punho e respiro fundo buscando coragem para olhá-lo nos olhos, pois agora eu sei que não liberei o seu monstro interior ainda.

- É agora que você me manda de volta para a minha casa? - indago cinicamente. Cacete, isso é o que eu chamo de brincar com a morte, Nina Guerra! Penso quando aquela locomotiva desgovernada começa a andar na minha direção e antes que eu consiga me afastar para longe dele, a sua mão extremamente forte segura firme na minha garganta e o meu corpo é chocado firmemente contra uma parede. O seu olhar furioso se firma no meu e a sua respiração queima a minha pele sem piedade. Seguro a sua mão com força em busca do meu ar e da minha liberdade. Eu preciso fugir, pedir socorro, porém, quanto mais eu puxo a sua mão, mas ela aperta a minha garganta.

- Não. Essa é a parte que eu te dou uma boa lição. - Oi? O que ele quer dizer com isso?!

- Como assim? - A sua face se aproxima ainda mais da minha e mais uma vez eu tento escapar do seu agarre. Contudo, Thor me puxa bruscamente para a cama, se senta na beirada do colchão e com um movimento rápido, ele me faz deitar de bruços sobre as suas pernas.

- O que você vai fazer?! O que você vai fazer?! - berro me debatendo, quando ele afasta a minha roupa e uma palmada forte na minha bunda nua faz a minha pele arder.

- Dar a surra que você nunca levou na vida! - rosna furioso e outra tapa provoca outra ardência.

- Para com isso, seu maluco escroto do inferno! - grito, mas ele não para e uma sequência de palmadas vem logo em seguida. - Thor, me larga! Para com isso! Para! - berro ainda mais alto, porém, ele continua e eu começo a chorar. Só então ele para e constrangida, eu saio do seu colo, afastando-me como o diabo foge da cruz. O meu olhar encontra o seu. Sim, estou furiosa, chorosa e puta da vida. Ele se levanta e volta a caminhar para perto de mim outra vez. Contudo, não recuo e nem desvio os meus olhos dos seus.

- Qual parte de que você é minha ainda não entendeu, hã? - Sua voz áspera rasteja pela minha pele e penetra nos meus tímpanos como se tivessem mil agulhas. - Pensou mesmo que me provocando desse jeito voltaria para a sua família? Pois não vai! - Pela primeira vez as minhas lágrimas se derramam diante de um superior e eu me amaldiçoou por isso. - Aqui você só tem dois caminhos para seguir, Nina. Um, tornar-se a minha esposa linda submissa, ser o meu valioso troféu e baixar a porra dessa sua crista. Ou dois, você pode ir trabalhar para mim até pagar a porra da dívida com os Guerra, para obter a sua tão sonhada liberdade. E acredite, eu estou sendo bonzinho demais com você. Mas como falei, a minha paciência já está no limite. - Diante dessas palavras eu paro de lutar e mais lágrimas escorrem pela lateral do meu rosto. Seus olhos seguem as minúsculas gotas e ele ergue uma mão para deslizar pela pele molhada.

- O que... o que você quer dizer com trabalhar pra você? - Ouso perguntar. Seus olhos e descem para a minha boca, mas pressiono os lábios tornando-os apenas uma linha fina.

- Eu tenho várias casas noturnas cheias de garotas lindas e sexys que passam a noite inteira dançando para um bando de homens escrotos, que adorariam devorá-las e a maioria delas terminam se deitando com vários deles, submetendo-se aos desejos e caprichos mais insanos que se possa imaginar. - Engulo em seco. Contudo, um sorriso sarcástico brinca no meu rosto em seguida. Eu devo ser mesmo uma louca.

- Você é igual a ele. - O acuso. Ele franze a testa.

- O quê?

- Você e o meu irmão são iguais. Homens de poder, presunçosos, egoístas e machistas.

- Machistas? Que porra é essa?

- Eu passei a minha vida inteira tentando me livrar de pessoas como vocês, desse mundo onde só os homens ditam a porra das regras e as mulheres são tratadas como suas mercadorias. - Ele inclina um pouco mais a cabeça e chega ainda mais perto do meu rosto. O meu coração bate tão forte e tão rápido que parece querer sair pela minha boca. Contudo, eu o engulo de volta. - Vocês nunca nos ouvem e sempre estão com a razão. Que inferno, eu só quero ser livre! Poder escolher o meu próprio caminho, ter direito aos meus próprios pensamentos. Não é pedir demais, é? - brado e o empurro para longe de mim, no entanto, ele permanece aqui colado a mim. A mão que a segundos me batia volta a se erguer e desliza pelo meu rosto molhado.

- Você não me conhece, garota, portanto, não ouse me julgar!

- Então me diga, no que você é diferente dele? Em nada, nada! Você quer me comer, não é? Então por que não me logo joga naquela maldita cama e faz o que tem de fazer? Quer que eu me prostitua? Então me larga no seu antro de perdição de uma vez. Eu nunca tive o direito de escolha realmente e você já deixou bem claro que eu jamais terei isso. Agora me fala, porra, onde está a diferença entre vocês? - questiono com raiva, com ódio. Ele fecha as mãos em punho e eu fecho os meus olhos esperando o impacto violento. Entretanto ele solta um rugido animalesco e atinge a parede na lateral do meu rosto, afastando-se abruptamente.

- Guardem tudo de volta no lugar! - ordena e só então percebo que temos uma plateia em pé na porta. Uma senhora com um olhar preocupado, uma moça que parece vibrar com tudo que acabou de assistir e dois empregados que começam a trabalhar com afinco em guardar as suas roupas de volta no closet. - Tome a sua decisão, Nina. Escolha o seu caminho e eu farei o que você decidir. Melhor assim? - inquire com sarcasmo ainda de costas para mim.

- Você - digo de repente e ele para de andar. - Eu escolho você. - Ele se vira e me olha nos olhos. Thor parece confuso e no mesmo instante começo a me livrar do sobretudo de seda que cai suavemente aos meus pés. - Se a minha única saída é me entregar pra você, serei sua até o dia que se cansar de mim e aí poderá fazer o que quiser e quantas vezes quiser. - Tiro a minha camisola agora e fico completamente nua.

- Que porra você está fazendo agora, sua maluca?! - Ele brada dando alguns passos largos em minha direção.

- Não é isso que você quer de mim?! - ralho em alto e bom tom e imediatamente ela pega o sobretudo caído no chão e cobre a minha nudez.

- SAIAM DAQUI! - Thor berra para todos ensandecido. - SAIAM AGORA! - E como se fugissem do próprio diabo eles saem correndo pelo corredor. Thor segura firme nos meus ombros e me joga com violência na cama. Ele me força a abrir as pernas e se encaixa no meio delas segurando os meus braços, erguendo-os acima da minha cabeça, porém, fita os meus olhos de um jeito indecifrável. - Você é mesmo maluca, sabia? - Confesso que estou surpresa com o tom de voz que acabou de usar. Meigo, suave e ofegante. - Nina, se eu te quisesse a força já teria feito isso na primeira noite que chegamos aqui. Não pense que o fato de fechar a porra daquela porta teria me impedido de fazer isso, porque não teria. Eu fiquei furioso, na verdade, eu fiquei puto da vida, mas eu não sou o monstro que você insiste em pintar no seu quadro de fantasias. Você me chama de machista, mas para o seu governo eu tenho mulheres que lideram parte da minha equipe. A Isis é um exemplo, ela cuida das minhas finanças e tenho uma gerente branca no comando do tráfico também. Então não fode falando do que você não sabe. Só pra você saber, eu não gosto de ser provocado, mas você parece arrancar o pior de mim e acredite, você não vai querer conhecer o meu lado negro.

- E eu não quero - rebato no mesmo tom.

- Ótimo! - Ele diz com um tom seco, libertando os meus braços e se afasta um pouco. E eu penso que vai sair de cima de mim, mas eu não quero encerrar essa conversa. Eu preciso de mais.

- O que você quer de mim realmente, Thor? - Ele para e os seus olhos voltam para os meus. O que quer que eu seja?

- Você mexe comigo de um jeito que eu não sei explicar. Eu sinto um desejo por você, Nina.

- O que você quer de mim, Thor? - repito.

- Quero que seja a minha esposa, quero que se junte a mim, mas...

- Mas?

- Você também é uma Guerra e eu não sei se posso confiar em você. - Agora estou sem ação e completamente sem palavras. Ele sai de cima de mim e imediatamente eu me sento no colchão - Enfim, troque de roupa e desça para comer!

- Eu não estou com fome! - Thor me dá as costas e caminha para a saída.

- Só, desça, Nina! Sua quota de contrariedade já esgotou comigo por hoje.

                         

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