/0/6136/coverbig.jpg?v=7ef4b80ea241c1fc085dc0a3629516cd)
UM BONITÃO MUITO RUDE
(AURORA)
A sala branca em que me colocaram era até confortável. Não me levaram para uma cela fria para eu ser ouvida por um médico atrás das grades. O lugar não era um consultório comum, já que atravessamos por dentro da construção interna da estadia militar, mas ainda assim, confortável. O médico que adentrou a sala era paciente, bonito e tinha um sorriso amigável. Ao menos ele não parecia estar com raiva de mim, nem se importou com meus pulsos presos na maca.
- Aurora, certo? - perguntou ele vestindo uma luva e puxando uma mesinha metálica de rodas junto de si. Eu concordei e ele se aproximou - Fique sentada, eu vou dar uma olhadinha nisso aqui.
Ele mexeu na ponta de minha orelha, passou um algodão molhado e ardeu. Eu gemi de dor, mas ele pareceu não se importar, apenas continuou limpando.
- Ah, deixe-me ver... - respondeu jogando o algodão dentro de um pequeno pote sobre a mesa - Estava bem sujo, mas já com início de cicatrização. Eu vou aplicar um antibiótico por precaução, assim ajuda a evitar qualquer coisa que tenha passado por aí, tudo bem? - eu apenas concordei, já que eu não fazia ideia do que ele estava falando - Você não é muito de falar, não é? - insistiu o médico - Eu sou o Foster e vou mandar uma enfermeira te auxiliar. Vão soltar você, e mesmo achando desnecessário essas algemas, vão colocá-las de volta depois que estiver limpa. Tudo bem? - Ele era gentil, mas eu só sabia concordar.
Estava tremendo de frio quando o guarda se retirou do quarto junto com o médico, e mesmo com todo o frio e fome que eu estava, senti mais pesar quando fiquei sozinha. Isso me fez pensar na minha situação...
Eu roubei o rei. O homem que saiu do comboio de carros pretos no meio de uma cerimônia importante, é um rei. E aquele oficial, era Athos Kennedy. O nome dele sempre aparece na televisão, principalmente se tratando de crimes com penas de morte e contra a coroa. Sim, eu vi aquele homem apenas em noticiários, televisão, jornais e até em capas de revistas. Ele não é um policial comum, é da guarda real, o que deixa tudo mais difícil. Isso significa que estou na mira da pena de morte.
Engulo seco, imagino a corda em meu pescoço e novamente sinto os calafrios. Tento controlar as lágrimas, respirar fundo e me concentrar. Procuro ocupar minha cabeça com o pensamento de que tudo ficará bem, mesmo sabendo que isso não é verdade.