Capítulo 4 Acordo de divórcio

"Vovô...", Loraine disse antes de se enterrar nos braços de Aldo. Aos soluços, era como se ela finalmente estivesse de luto por todas as injustiças que sofreu nos últimos três anos.

Carinhosamente, Aldo deu um tapinha nas costas de sua neta. "Lorrie, seus pais morreram ainda jovens, Rowan está ocupado com o serviço militar e Wesley trabalha no exterior. Você é minha única herdeira. Não faça mais nenhuma besteira, por favor!"

Loraine sentiu o calor da redenção inundar seu coração partido. "Nunca mais! Vocês têm a minha palavra!"

Rowan assentiu aliviado. "Fico feliz que você saiba o que está fazendo. Preciso voltar ao exército amanhã para continuar minha missão."

Enquanto os três conversaram, uma figura surgiu abruptamente. "Lorrie! Senti tanto sua falta!"

Os olhos de Loraine se arregalaram de surpresa. "Jennie! O que você está fazendo aqui?"

Jennie Fowler, sua melhor amiga, a abraçou e sorriu largamente. "Vim assim que soube que você estava de volta."

Para dar privacidade às duas, Aldo e Rowan saíram do quarto. Os olhos de Loraine ainda estavam cheios de lágrimas. Para poder se casar com Marco, ela abriu mão de sua identidade como uma Torres e cortou todos os seus laços de amizade. No fim das contas, ela se viu sozinha, mas essa não era uma vida que merecia.

"Jennie, senti tanto a sua falta!"

Por um instante, a mulher sentiu pena de sua amiga. Enxugando as lágrimas de seu rosto, Jennie sentiu uma onda de raiva por tudo o que Marco fez. "Aquele merda partiu seu coração, não foi? Deixe comigo, vou dar uma lição nele!"

"Já me decidi, Jennie. Quero o divórcio."

"Ótimo!", ela respondeu com um sorriso. "Você deveria ter se divorciado daquele filho da puta há séculos! Você é uma Torres, pode ter o homem que quiser com um estalar de dedos. Se eu fosse você, pensaria muito bem nisso. Vou arrumar um monte de homens para você!"

Jennie parecia ansiosa para encontrar um novo namorado para sua amiga, mas Loraine não estava interessada. "Não, obrigada! A partir de agora, vou focar na minha carreira", ela disse, mal percebendo que havia um medo persistente do amor em seu coração.

"Você vai assumir o controle do Grupo Universo? Cayson é o atual CEO. Peça para ele arranjar o cargo de vice-presidente para você!", Jennie sugeriu.

Com um sorriso tímido no rosto, Loraine balançou a cabeça em negação.

"Por que não?", Jennie insistiu.

"Cayson é um excelente CEO e administra a empresa muito bem, não quero lucrar com os esforços dele."

"Acho que você está pensando demais nisso, Lorrie. As propriedades da família Torres são todas suas por direito. Além disso, Cayson tem sido obediente a você desde os tempos de infância. Ele jamais se oporia a você se tornar vice-presidente!"

"Mas eu quero provar meu valor!", Loraine disse categoricamente. "Vou me candidatar a um emprego comum na empresa. Posso começar como desenhista de construção. Aos poucos, vou ganhar experiência e galgar meu lugar no Grupo Universo."

A confiança em sua voz era simplesmente inspiradora. Ao ouvir suas palavras, Jennie se certificou de que a ousada Loraine que ela conhecia estava de volta. "Com seu talento, tenho certeza de que você terá sucesso no mundo dos negócios, Lorrie. Quando chegar ao topo, você pode destruir a empresa de Marco e fazê-lo se ajoelhar na sua frente!"

A mera menção ao nome de Marco fez Loraine congelar. O trauma que o homem causou foi grande demais para se curar em tão pouco tempo. "Não há necessidade disso", ela respondeu com indiferença. "Não vou viver em função de Marco, nem tenho a intenção de me vingar."

Com essas palavras, Loraine abriu uma gaveta e pegou um documento.

No Grupo Bryant.

"Por que você suspendeu meu cartão?", Marina berrou ao entrar abruptamente no escritório de Marco.

O homem estava com os olhos fixos em um documento e assim permaneceu. "Para fazer você refletir sobre suas atitudes", ele respondeu sem mover a cabeça.

"E sobre o que eu deveria refletir? Sobre Loraine querer se divorciar de você? Isso não é da minha conta! Aquela vadia machucou Keely por ciúme, Marco! Sugeri que ela doasse um rim porque estava preocupada com Keely, nada mais. Felizmente, ela se recuperou, mas isso podia ter descambado em uma catástrofe!", Marina retrucou.

"Já chega!", Marco respondeu, encarando-a de soslaio. "Loraine é minha esposa e sua cunhada. Não é sua função dar uma lição nela sempre que achar que deve."

"Ela não merece ser sua esposa, tampouco minha cunhada!", Marina insistiu, fazendo beicinho. "Ela disse que queria o divórcio, não disse? Honestamente, acho que isso não passou de fingimento! Se você permitir, ela vai se apegar à nossa família e tentar arrancar nosso dinheiro!"

Marco franziu a testa. À medida que falava, as palavras de Marina se tornavam mais duras. De repente, seu assistente entrou no escritório e colocou um envelope sobre a mesa. "Senhor Bryant, sua esposa mandou isto. Ela pediu que você assinasse pessoalmente."

"Está vendo? Eu estava certa!", Marina gritou, revirando os olhos desdenhosamente. "Ela mal foi embora, mas já está colocando as garras para fora! Loraine é incapaz de se sustentar sozinha, Marco! O que ela disse sobre o divórcio não passa de um blefe!"

Marco não respondeu às provocações de sua irmã e se concentrou no envelope em suas mãos. Assim que o abriu, um cartão de banco apareceu. Além disso, havia também um acordo de divórcio já assinado por Loraine.