Capítulo 4 Tempestade

Uma tempestade começou inesperadamente e pegou Graham de surpresa. Depois de ficar o dia inteiro no escritório, a única coisa que ele mais queria era chegar em casa. Como sempre, havia ficado até tarde. Isso estava acontecendo com frequência.

Ele conseguiu alcançar a porta de entrada e correu para se abrigar. Estava encharcado. A chuva o molhou por completo. Respirando fundo, ele olhou ao seu redor. As gotas d'água pingavam dos fios dos cabelos.

- Papai! - Olive gritou do canto da sala enorme, saindo de dentro de uma barraca rosa que estava montada. A garota correu até o pai e o abraçou, embora ele tivesse advertido que estava molhado. Violet, que também estava dentro da barraca, saiu. Ela era pequena o suficiente para caber lá dentro, o que Graham nunca conseguiu. Uma parte sua sempre ficava de fora. - Por que está molhado? Estava brincando na chuva? - Ela ergueu os olhos grandes para ele e disse: - pode pegar um resfriado, sabia?

- Touché - ele riu, acertando a ponta do dedo no nariz dela num toque suave. - Espertinha.

Violet se ergueu e cruzou os braços, olhando os dois de longe. Graham penteou com os dedos os cabelos molhados para trás e sorriu para Violet. Olive largou as pernas dele e se afastou, reclamando que se molhou.

- Obrigado por ficar até tarde - disse ele. - Eu esqueci de avisar. Às vezes tenho reuniões muito longas ou preciso resolver alguns problemas. - Ele se aproximou e Violet assentiu.

- Não é um problema - respondeu ela. - Eu gosto de ficar com ela, e está tudo bem por mim ficar até mais tarde. Mas preciso visitar meu irmão pelo menos duas vezes na semana. - Graham assentiu. - Acho que está tarde demais... preciso ir.

Ele deu um passo à frente.

- Pode ficar. Temos um quarto de hóspedes - avisou ele. - Não posso deixá-la sair num temporal desses, pode ser perigoso. - Ele sabia muito bem disso. Não gostava da ameaça que chuvas torrenciais como aquela traziam, muito menos poderia deixar alguém desprotegido. - Você fez um excelente trabalho, e apesar de ficar até tarde, prometo que vai ser recompensada.

Violet segurou firmemente a meia com olhinhos de brinquedo costurados. Ela era uma excelente amiga e conhecia as melhores histórias. Passara a noite toda tentando acalmar Olive. Ela odiava tempestades, principalmente os raios e trovões. Quando estavam dentro da barraca, Violet a abraçou com força e insistiu que estava tudo bem. Olive era uma garota doce. Havia uma semana que foi contratada e, mesmo em tão pouco tempo, já criou laços com a garota. Era nítido que Graham não conseguia estar ali o tempo todo para Olive, e quando ela mais precisava dele, ele não estava por perto. No início, houve resistência por parte de Olive, ela parecia odiar a ideia de ter outra pessoa por perto. Mas Violet não desistia fácil. Em menos de três dias, as duas viraram melhores amigas.

- Não precisa fazer isso, sr. Grayson. - Olive, que estava escondida atrás de uma cortina, fez um som engraçado. - Como eu disse, gosto de ficar com Olive. Nos tornamos boas amigas, e se quer saber, posso ficar mais tarde às vezes. Se não houver problema, eu aceitaria dormir aqui.

Ele sorriu.

- Obrigado! Muito obrigado. Eu não sei como posso agradecê-la por isso, srta. Jones. O que está fazendo por Olive é admirável. E espero que não me ache desprezível por deixá-la tanto tempo sozinha. Sei que as crianças precisam de atenção nessa idade, mas acontece que tenho que gerir uma empresa grande demais. Acredite, homens adultos de terno conseguem fazer mais birra que uma criança.