Capítulo 5 Um idiota diferente

- As ideias renascentistas tiveram grandes influências para o mundo. Prova disso que o teocentrismo foi deixado de parte e passou a vigorar o antropocentrismo. O homem passou a ser o centro de tudo. Um dos maiores exemplos dos homens renascentistas é Leonardo da Vinci.

O sino tocou.

- Você farão um trabalho sobre os principais renascentistas. - O professor Clark arruma suas coisas. - Bom, meninos essa é a minha deixa. Até a próxima aula. - Ele sai da sala de aulas.

- Esse professor é um gato! Ele tem menos de trinta e tem um corpo incrível! - Jolene olha para mim.

Eu coloco as minhas coisas dentro da mochila. - Talvez seja. - Digo.

- Você está bem Blaire? Parece que alguma coisa te incomoda.

- Lambert me incomoda. Eu não o suporto! - Levanto e caminho até a porta. Jolene e Sophie me seguem.

- Eu também não o suporto. A nenhum deles. - Sophie guarda o celular.

- O meu irmão é o pior!

- Tem certeza? - Sophie pergunta. - Bruna parece possuída! - Nós rimos o caminho todo para o refeitório.

Levamos as nossas bandejas de comidas e ocupamos uma mesa. Claro que não é a que o grupo de Lambert senta. Não quero ser humilhada outra vez.

- Eu não sei o que fazer nesse sábado. - Jolene começa. - Eu queria ir na festa daqueles idiotas, mas acabou. Eu desisto. O que vou fazer?

- Há muita coisa que podemos fazer. A gente precisa começar a se divertir de verdade! - Sophie endireita os óculos.

Vemos Paul e Shane vindo até nós e sentam na nossa mesa. Paul senta ao lado de Jolene e Sophie, e Shane ao meu lado. Jolene come a salada e olha para Paul como uma idiota.

- Olá! - Shane mostra seus dentes brancos para mim.

- Ouvi dizer que você é a garota que passou um final de semana com Lambert! - Paul diz e come uma batata.

- Foi só vídeo game! - Quase grito.

- Calma! Eu não disse que você é como eles.

- Ainda bem, porque eu ia quebrar a sua cara.

Lambert e seus amigos aparecem sempre na hora certa. Lambert está com a mão na cintura de Bruna e seus amigos atrás deles e eles ocupam a mesma mesa.

Eles são tão irritantes! Principalmente Liam. Eu não suporto ele. Como alguém consegue ser assim?

Sophie olha para o celular e revira os olhos. - O blogue da Bruna é tão fútil!

- Pára de falar daquela idiota, idiota! - Jolene joga uma batata no rosto de Sophie.

- Você não fez isso! - Sophie atira um garfo de salada, mas não toca em Jolene, toca em mim.

Jolene ri. - Luta de comida! - Ela joga salada em Shane e em Paul e eles retribuem.

- Vocês são loucas! - Shane dá gargalhadas.

Paul também participa. - Isso não vai ficar assim.

Nós rimos e jogamos comidas uns nos outros e outros colegas participam também.

- Meu Deus! Quando eu pensava que não podiam ser mais ridículos, eles me surpreendem com essa parvoíce. - Oiço Bruna dizer.

Eu pego no frasco de maionese e aponto para Bruna, e em menos de trinta segundos seu rosto e seu cabelo estão cheios de maionese. Ela levanta furiosa. Jolene e eu rimos.

- Você vai me pagar sua idiota! - Ela levanta, mas o diretor entra no refeitório, e alguém joga puré no terno dele.

Tudo fica em silêncio.

Seus olhos castanhos ficam furiosos, e ele olha para nós. Eu coloco o frasco de maionese por cima da mesa e me encolho mesmo que ele não olhe para mim.

- O que está acontecendo aqui? - Ele pergunta.

- Os alunos estavam fazendo uma luta de comida senhor diretor. - Bratt diz com um sorriso malévolo.

- Quem começou com isso? - Ele fica ainda mais furioso.

Bruna se aproxima do diretor. - Foi a aluna nova! Ela é culpada de tudo. - Bruna aponta para mim. - Seu nome é Blaire!

O diretor olha para mim. - Para o meu gabinete, já! - Ele diz e desaparece.

- Você é uma idiota! - Jolene se aproxima de Bruna.

- Você acha querida?

- Bem, eu vou falar com o diretor então.

- Mas a culpa não foi sua Blaire. É minha! - Jolene diz.

- Não faz mal!

Eu saio do refeitório e procuro o gabinete do diretor. Estou um pouco perdida já que sou nova aqui. Tudo nesse colégio é enorme.

Encontro a sala e entro. O diretor olha para mim. Ele está sem o paletó, porque foi manchado com puré de batata. Não sei se a sala está fria por causa do ar condicionado ou porque estou com medo.

- Sente-se! - Ele apontou para a cadeira e eu me sento.

- Senhor diretor, eu peço imensas desculpas pelo que aconteceu no refeitório. Assumo toda a responsabilidade.

- Foi fácil até demais. - Ele passa a mão na cabeça mesmo com a falta de cabelo. - Você vai ficar na sala de castigo e vai escrever em vinte folhas de papel verso e frente "Não fazer lutas de comida se quero ser uma aluna exemplar", entendido? - Ele olha para mim e desvio o olhar.

- Sim senhor!

- Pode se retirar.

Eu saio do gabinete dele e encontro meus amigos me esperando. Jolene deve estar com o rosto triste porque assumi toda a responsabilidade.

- Eu pensei que seria pior. - Sorrio.

- Você vem com a gente? - Shane pergunta.

- Não, eu vou para a sala de castigo. Nos vemos depois. - Dou dois passos, mas volto para trás. - Alguém sabe onde é a sala de castigo?

Todos olham para Jolene e ela ri. - Sou a única que conhece?

Ela segura o meu braço e me acompanha para a sala de castigo. Meu primeiro castigo em toda a minha vida.

Já estou cansada de escrever e já escrevi sete folhas. Estou com fome e com sede. Para piorar estou completamente sozinha e o diretor vem me ver em cada meia hora.

Suspiro e pego na oitava folha de papel. Pensei que o castigo seria mais fácil que isso. Ainda tenho treze folhas para serem preenchidas.

A porta se abre e eu mantenho o olhar na minha folha. - Diretor...

- Jamais! - É Liam ou Lambert, sei lá.

Olho para ele. - O que você faz aqui? Veio rir da minha cara?

Ele ri e senta ao meu lado. - Não! Vim ver como você está. Não sei se vai aguentar a pressão de um castigo.

- Você acha que nunca fui castigada?

- Tenho a certeza.

- Não me interessa o que você pensa. - Volto a escrever.

Ele tira duas folhas em branco e pega uma que preenchi. Ele começa a escrever e imita a minha caligrafia.

- Você tem uma letra horrível para uma garota incrível e certinha.

- Cala a boca!

- Gosto da forma como você é.

- Me deixa sozinha Lambert! - Digo, mas ele continua a escrever.

- Pode me chamar de Liam. Lambert é meu sobrenome. - Oh! Faz sentido!

- Você é um idiota irritante!

- Eu sei que você me odeia, mas vamos começar de novo. Peço desculpas pelo que eu fiz.

Ele já está no meio da folha e continua escrevendo igual a minha letra.

- Como você consegue imitar a minha letra?

- Eu disse que sou perigoso. Consigo imitar muitas coisas.

Reviro os olhos e ele ri. - Eu posso fazer isso sozinha! Além disso, o diretor vai entrar aqui daqui a pouco.

- Eu sou como um Ninja. Ele não vai me ver. - Ele vai para o verso da folha.

- Você continua sendo um idiota!

- Quero ser seu amigo Blaire. Qual é o problema?

- Você é um idiota! É esse o problema. - Paro de escrever.

- Sério? Acho que não é esse o problema.

- Cala a boca!

- Vou voltar para a sala de aulas e vou levar umas nove folhas. Eu não demoro.

Ele levanta e pega as folhas para sair. - Liam? Porquê você você está me ajudando?

- Porque eu gosto de você! - Ele diz de um jeito estranho e sai.

Porquê me sinto bem por ouvir isso? Eu não o suporto!

Depois de uma hora, eu estou cansada e aborrecida, e Liam regressa com as folhas todas preenchidas, e coloca-as na minha frente. Nem parece que foi escrito por outra pessoa. Ele é incrível.

- Terminei. Estou exausto. - Ele senta ao meu lado.

Se ele está fazendo isso para me pedir desculpas e para ser meu amigo, ele está conseguindo. Não é tão idiota como eu pensava, mas continua sendo um idiota.

- Obrigado.

Ele abre a mochila dele. - Trouxe comida para você. Você come enquanto eu explico a matéria para você.

Ele me entrega biscoitos, maçã e suco. - Você quer que eu coma isso? - Pergunto.

- Sim. Também quero que você vá na festa no sábado.

- Você está brincando comigo? - Abro o pacote de biscoitos.

- Não. Você vai?

- Claro que não! Seus amigos e sua namorada me odeiam.

- Minha namorada? - Ele franze a testa.

- Bruna.

- Ela não é minha namorada.

- Mas você beijou ela! Na frente de todo mundo!

- Digamos que somos amigos especiais.

- Não entendo.

Ele come um biscoito. - Amigos coloridos. Amigos que têm sexo sem compromisso.

Coro e acho que ele percebe. - Você e ela... sem ser namorados? - Não consigo dizer a palavra.

- Sim. Nós transamos. Algumas vezes, eu ligo para ela quando estou aborrecido, mas algumas vezes eu procuro outras. - Olho para ele como se fosse uma criatura estranha.

- Eu acho que perdi a fome. Isso é nojento!

- Isso é porque você não sabe o que é fazer sexo. Você não sabe qual é a sensação. Se você quiser descobrir, tem o meu número.

- Você é um idiota! - Eu levanto e arrumo as minhas coisas para sair logo daqui. As coisas que ele diz para mim, me incomodam. Como o fato dele transar com Bruna e com outras.

Ele agarra a minha mão. - Desculpa Blaire! Eu não quis dizer isso. Estava brincando.

- Eu preciso ir embora. Obrigada pela ajuda.

- Sério? Você não vai me dar nem um abraço?

- Não sei se algum dia eu terei esse tempo e essa vontade. Não obrigada.

- Você parece ser de ferro.

- Porquê? Porque não estou atraída por você?

Ele levanta também. - Eu só quero ser seu amigo.

- Se você transa com seus amigos, então dispenso.

- Com você jamais faria isso. Você não faz o meu tipo, já disse. Eu gosto de outras... Entende?

Porquê dói tanto ouvir isso? Não era o que você queria Blaire? Se afaste!

- Adeus Lambert!

Eu saio e fecho a porta com raiva. Quanto mais longe eu estiver dele melhor. Esses sentimentos estranhos vão desaparecer.

Eu vou para o gabinete do diretor e entrego o meu maldito castigo e depois vou esperar por Lewis lá fora.

Pego no meu celular e envio uma mensagem dizendo que estou esperando por ele.

- Eu sei que falei alguma coisa que você não gostou. - Liam vem na minha frente.

- Não, eu não te suporto. Apenas isso.

- Vai pra festa no sábado. Por favor!

- E correr o risco de ser humilhada de novo? Não obrigada.

- Eu não vou deixar acontecer novamente. Prometo!

Olho para minha mochila nas minhas mãos e coloco no meu ombro. Liam não desvia o olhar. Já não sei o que fazer para me afastar.

- Se eu for pra essa festa você me deixa em paz? E seus amigos também me deixam em paz?

- Eles vão te deixar em paz. Prometo.

- Você também.

- Suas amigas também podem ir.

- Tudo bem.

- Amanhã venha um pouco mais cedo. Você não estava na aula, então eu posso explicar a matéria para você.

- Não se incomode.

- Eu quero fazer isso.

- Você é um chato sabia?

Ele sorri. - Às vezes vale a pena. - Diz e caminha até sua moto.

Ele monta nela e antes de colocar o capacete, pisca um olho para mim. Não era suposto eu sentir alguma coisa com aquilo tudo. Mas estou sentindo.