Capítulo 2 O recomeço de uma história

Boa leitura

Ah, aqui estou, de novo, treinando.

- Vamos, Fabian, eu sei que você consegue mais.- falou Lucian, enquanto eu lutava contra ele.

- Você quer ver quem consegue mais? - Questionei tentando dar um soco nele, mas ele se desviou com alta precisão.

- Mantenha o seu olhar bem fixo no do seu oponente. - falou Luke.

- Mas gente, como é que eu vou conseguir olhar pro meu adversário e ainda bater nele? - falei de maneira engraçada - pensem, eu não tenho razão?

Pude perceber que eles ficaram sem palavras e soltaram fortes gargalhadas.

- Escuta, Fabian...- falou Lucian, parando pra gargalhar - o objetivo de você olhar pro seu oponente, é mostrar auto-confiança, mostrar que você não tem medo, mostrar que você está seguro de si, mostrar que...

- Tá, já entendi, não exagera! - falei.

- Mas é verdade, isso pode até não parecer, mas é crucial numa batalha.- Falou Lucian.

- Tá.. tá, mas Absu já foi destruído, não haverá mais guerra.- falei olhando pra baixo.

Sem que eu percebesse, Lucian e Luke se olharam, e rapidamente a sua expressão alegre se desfez ao ouvir o que eu disse.

- Chega de treino por hoje - falou Lucian - a gente já treinou muito por hoje.

- Não não, nada disso, agora que eu estou começando a sentir uma coceira no punho? Não mesmo.- falei dando um sorriso de canto enquanto balançava o dedo apontador pra esquerda e pra direita.

- Hum, olha só, ele está decidido.- Falou Luke.

- Tudo bem, pode vir, mas vem com...- o interrompi, dando um soco em seu estômago.

- Como pode..? - falou Luke, boquiaberto.

- Tá vendo só, eu não precisei olhar pra você pra dar esse soco.- falei.

- É, ele lacrou.- falou Luke.

- Agora sim, chega de treino por hoje.- falei com orgulho do soco de dei em Lucian, visto que ele já era bem mais treinado que eu, ou seja, meu orientador.

- Bem visto, vocês deveriam dar mais ouvidos ao meu namorado.- falou Christian, chegando no local.

A gente estava bem no centro da terra.

Um lugar bem silencioso e amplo. Um lugar próprio pra treinamento de Light Fighters, só que não no Reino Light, mas aqui no planeta terra.

- Christian - falei indo em sua direção e dando um beijo nele - senti saudades suas.

- Quem mandou você passar férias na fazenda de seus avós? Além do mais, sempre que posso, abro um portal e venho até lá.

- Ah, mas você não veio ontem.- retruquei.

- Sim, porque eu estava ocupado com o treinamento, na arena de Luz.

- Dá um crédito pra ele, Fabian. Você não conhece o treinador Miller. - falou Luke.

- É, ele é aquilo que as pessoas costumam chamar " barra pesada". - falou Lucian.

- Nossa, tanto assim? - questionei - Então tá.

- Você nem imagina - falou Lucian - ele é muito exigente.

- Tudo bem, tudo bem, eu já percebi, ele é o próprio demónio.

- É..quase isso! - falou Chris, dando um leve sorriso, olhando pra mim.

- Adorei esse seu novo corte de cabelo. - falei.

- Deve ser porque eu primeiro amei o seu.- retrucou Christian.

- Não, só vocês pra inventar de fazer o mesmo corte de cabelo, né?

- Deixa eles, Luke, quando o seu momento chegar, você até vai usar calcinha. - falou Lucian.

Era raro ver o Lucian fazendo piada, ele era tipo..o mais responsável, o que mais mantinha a postura.

- Ha ha ha...- falou Luke, com a cara amarrada. Nos fazendo gargalhar e gargalhando juntamente com a gente, ao perceber a tão engraçada maneira com que ele simulou um sorrisinho.

- Tudo bem, gente, já chega. - falei tentando me contêr - parem com isso.

- Vamos? Eu posso te levar pra fazenda, assim aproveito pra espairecer, ao lado do meu namorado.

- ah, tudo bem. - falei - não acredito que ainda não consigo abrir um portal.

- Calma, mor, você vai conseguir.- falou Christian, me deixando com os olhos arregalados e um sorrisão mais grande que o céu.

- O quê?

- Eu posso abrir um portal, e...- o interrompi.

- Não, do quê que você me chamou?

- Ah, sei lá, mor? - Questionou ele, dando um sorriso, enquanto coçava a nuca.

- Você me chamou de mor.- falei sorrindo.

- Sim. Mas, Fabian, eu já havia te chamado de amor antes.

- Sim, mas antes a gente não namorava. - retruquei - ai, que emoção...

- Olha, desculpa estragar o clima, mas a gente precisa ir pro Reino Light, urgentemente. - falou Lucian, olhando pro seu relógio, que estava brilhando.

- É, a gente tem uma missão agora.- falou Luke.

- Mas, tipo assim.., o quê que vocês fazem nessas missões? - Questionei.

- Um dia, com mais tempo, a gente te conta. Christian, você leva ele? - Questionou Lucian.

- Sim, sem problemas.

- Tudo bem, então a gente se vê amanhã, Fabian, pra mais um treino.

- Tudo bem. - Respondi.

Luke e Lucian abriram um portal ao mesmo tempo e atravessaram-no.

- Calma, um dia você também vai conseguir. Abrir portais não é tarefa fácil.

- Eu sei, Chris, mas afinal, eu não era o escolhido? Eu deveria saber como abrir um simples portal.

- Vem cá - falou ele, me puxando até si e me dando um beijo

- Ah, assim não vale. - falei dando um sorriso, sentindo o seu rosto bem próximo ao meu.

- Tudo pra te ver sorrir, sabe porquê?

- Porquê?

- Porque você é o meu namorado e eu te quero todinho pra mim.

- Hm, você já me tem, seu bobo.- falei dando um sorriso e acariciando o seu rosto, dando início a um suave beijo.

- Isso é golpe baixo.- falou Christian.

- Eu sei, aprendi com o mestre, tudo pra te ver feliz.

- Nossa, o aprendiz superou o mestre.- falou Chris.

- Tô falando, eu tô podendo.- falei me gabando.

- Sim, você está podendo - parou de falar - tomar um banho e acabar com esse odor de gambá.

Dei um soco de leve nele.

- Hey, mais respeito com o seu namorado.

- Tá.. tá bom.

Ele abriu um portal, e em menos de 2 minutos, a gente já estava na fazenda dos meus avós.

- Enfim, chegamos à fazenda Monteiro. - falou Christian.

- É, que rápido, né? Ainda não me acostumei com isso.

- Vai se acostumando, porque vida de Light Fighter é assim.

- É, eu sei.

- Vejam só quem está aqui - falou vovó, vindo ao nosso encontro, ao ver Christian - Christian, tudo bem?

- Sim, senhora. Como vai? - falou ele, sentindo um abraço aconchegante da vovó e um beijinho na bochecha.

- Calma, vó, vai acabar esmagando ele.- falei sorrindo.

- Hii, quê isso..? Já está com ciúmes? - Questionou ela, de maneira engraçada, dando um leve sorriso.

- Ele sabe que não tem de quê, eu sou dele mesmo.- falou Christian, intercalando entre olhar pra mim e pra vovó.

- Parem pombinhos - falou ela, percebendo que a gente se olhava sem parar - ah, Christian, eu estou fazendo uns biscoitos, você vem?

- Eu não quero incomodar.- falou ele, todo modesto.

- Quê isso..? Não é incómodo algum, ok, é um convite.- falou vovó.

- Ah, vai, Chris, assim você me espera até eu sair do banho e depois eu ajudo vocês.

- Tudo bem, eu aceito.- falou ele.

- Ah, que bom - falei animado - bom, eu vou tomar um banho e é isso.

Me virei e comecei a andar em direção ao meu quarto, na fazenda dos meus avós.

Pude ouvir:

" - Você já fez biscoitos antes?

- Não, nunca pensei nisso, nem sei como se faz.

- Hum, hoje é o dia ideal pra aprender." - conversavam eles, enquanto eu caminhava pro meu quarto.

Enquanto caminhava, pude ouvir os cavalos, os pássaros, numa melodia relaxante, sentir aquele indescritível aroma que a gente só encontra no campo, isso, enquanto eu olhava pro grande lago que cobria grande parte da fazenda.

Estar aqui de novo, é tão bom.

Decidi vir passar as primeiras férias aqui, na minha casa, no meu lar.

Quer dizer, eu gostava da cidade, mas não era o campo em si, só, era o que ele significava pra mim.

É onde eu cresci e passei a maior parte da minha vida. Os melhores momentos da minha vida, passei ali. Teve os maus também, mas fazer o quê, os maus momentos fazem parte da vida, eles vêm pra nos ensinar a ser mais fortes.

A minha vida estava muito boa, boa até demais pro meu gosto.

Já não havia ameaça de Absu, nem de ninguém.

A minha mãe e a minha irmã estavam com saúde, felizes.

Quer dizer, Ivie nem tanto, porque teve que ficar pra ter aulas de recuperação, já que ela brincou muito na primeira fase do ano lectivo.

Mas fazer o quê, eu sempre disse que ela ia ficar burra e ela nunca quis me ouvir. Isso vai até ser bom, pra que ela tome noção de suas responsabilidades.

Os treinos de Light Fighter eram um pouco difíceis, porque o centro da terra, era um dos únicos lugares do mundo em que os Light Fighters não conseguiam usar os seus poderes com previsão. Tanto é, que a minha velocidade falha lá.

No máximo, dá pra abrir um portal, e, isso só para os mais treinados, como Christian por exemplo.

Lucian tem me treinado por todo esse tempo. Ele tem me orientado sobre as coisas de Light Fighters e até virou meu ombro amigo e eu dele.

Tamires tinha ficado na cidade, ela disse que queria mais passar tempo com Marcus, nessas férias.

Felizmente, o seu namoro estava indo muito bem, eles eram um casal muito unido e dava pra ver o quanto se amavam.

Bip bip...bip bip - o meu celular vibra no meu bolso.

"- Alô.

- Alô, Fabian?

- Oi, miga, tudo bem?

- Não, Fabian, eu estou muito triste. Você não vai acreditar.

- Fala, o quê que foi? O quê que aconteceu pra você estar assim?

- Marcus me traiu, Fabian.

- Ah, amiga, calma - falei em um tom sereno, parecendo triste - você tem certeza?

- Claro que eu tenho, Fabian.

- É que, o Marcus não parece desses que traem.

- Olha, foi o que eu pensei também. Mas agora, depois de tudo isso, decidi aceitar a sua proposta de passar as férias na fazenda dos seus avós, ainda está de pé?

- Claro, miga, assim você me conta melhor e aproveita pra espairecer.

- Sim, Porque eu estou mesmo precisando - falou em tom de choro.

- Calma, miga, vai dar tudo certo.

- Já estou arrumando as malas e já falei com os meus pais. Você pode pedir pra que o Lucian me dê uma carona até aí?

- Hii, não sei não, ele estava muito ocupado da última vez em que eu o vi. Mas espera, eu posso falar com a minha mãe, ela está de folga hoje e não deve estar fazendo nada de especial que eu interrompa.

- Ai, muito obrigada, migo. Eu quero distância do Marcus..."

Era inacreditável que Marcus tivesse a coragem de fazer tal coisa com a Tamires. Sem contar, que, às vezes, ela dava um belo de um exagero.

Chegando no meu quarto, tirei aquela roupa e fui directamente ao banheiro.

Enquanto caminhava de toalha, senti mãos gélidas segurando a minha cintura, quase dei um soco nele, sorte que ele conseguiu se esquivar.

- Hey, hey, calma - falou ele, rendendo as mãos pro ar, dando um leve sorriso e uma salva de palmas - você está mais forte hein.

- Estou nada.

- Está sim, eu estou muito orgulhoso de você.

- Hum, sei. Fica sabendo que a gente não vai poder fazer orgulho agora, não quero sair do quarto cheirando foda depois de acabar de tomar um banho, né?

- É, tem razão. A sua avó só me deu um crédito agora, e eu fugi pra vir te ver aqui, a sós.

- Christian Bane...- falei o repreendendo.

- Eu quero você, Fabian, eu quero te sentir, ouvir a sua respiração ofegante, mordendo o lóbulo da minha orelha. Além do mais, já faz um tempo que a gente não transa.

- Eu sei, mas é por causa do tempo limitado que cada um de nós tem. Eu também te amo, e o que eu mais quero no momento, é poder ficar com você.

- Mas não faz mal, a gente vai ter mais oportunidades. - falou ele.

- Sabia que eu te amo? Mais que tudo? Mais que o mundo? - Questionei, olhando pra bem no fundo de seus olhos.

- Não mais que eu, eu te amo mais. - falou ele, me dando um leve beijo.

- Tá, agora me deixa vestir.- falei.

- Ok, até porque a sua avó já deve estar a minha procura.- falou de maneira engraçada.- tchau, até logo.

- Até já. Hey - o chamei, fazendo ele virar e me olhar - mais tarde.

Ele não respondeu nada, apenas deu um leve sorriso malicioso enquanto esfregava as mãos como um vilão, me fazendo gargalhar levemente.