Capítulo 4 O Poder do Dinheiro

Segurei minhas lágrimas enquanto assoava o nariz em minha própria camisa e durante um longo tempo houve silêncio no carro até que Ben acordou

"Kind nós não chegamos ainda? Cadê o papai?"

Senti um aperto na garganta como se algo estivesse preso e não consegui responder sem que minhas lágrimas se tornassem visíveis

"Ben ... o tio, ele - ele...

"O seu pai morreu moleque. Ele nos pediu pra cuidar de você."

Nesse momento tive uma sensação como se meu peito estivesse sendo esmagado onde tudo que conseguia imaginar era se iriam nos separar e tentando conter as lágrimas franzia meus lábios até que que não pude mais me conter. Ben ao me ver chorando caiu aos prantos.

Depois de muito tempo Ben se cansou e adormeceu , logo eu também apaguei como se houvesse sido sedado

Quando acordei estavamos em prédio enorme cercado de janelas e pessoas com malas andando de um lado para outro, corri meu olhos por todo o lugar como se esperasse algo e logo avistei uma das maiores paixões do meu irmão

"Ben acorda! Olha lá... é um avião. "

Ao acordar seus olhos passavam de um lado a outro pela multidão como se procurasse algo que havia perdido quando seus olhos se pousaram sobre o avião sua expressão mudou e seus olhos se escheram de água e sem desviar o rosto começou a escorrer por suas bochechas mesmo que se tentava segurar. Não era necessário perguntar porque ele chorava, eu já sabia como ele estava se sentindo.

Os Senhores que nos acompanhava nos chamaram em direção a um lugar ao que se referiam como portão de embarque.

Na frente da porta daquele tubo transparente estava uma mulher que pedia o documento de todos que passavam, pensei que aquilo era uma grande sorte pois eu não possuia um único documento e confiava que poderíamos voltar para casa .

"Este e o filho do Senhor Morozov e ao seu lado esta seu companheiro de jogos." ele disse enquanto apontava para mim

Imediatamente nos deixaram entrar.

"Tenha um ótimo vôo, senhor Mazarov!"

Em minas costas pude sentir um arrepio quando percebi que não tinha volta e me senti traído por um momento afinal esta era a primeira vez em que eu testemunhei o poder da corrupção.

Entramos sem muita esperança e pouco minutos depois decolamos. Depois de uma longo noite de tanta exaustão Ben dormiu como se houvesse desmaido. Em meio aquele silêncio me sondava pensamentos sobre o motivo dessa situação e qual seria o resultado.

"Senhor... Para onde vamos?"

Nenhuma resposta saiu do homem sentado ao meu lado.

"Rússia. Onde vocês vão morar." Como se acabasse de encontrar abrigo da tempestade, senti como se saísse da água após me afogar em medo pois agora eu sei que não irão nos separar e finalmente pude sossegar durante um breve momento.

Descemos do avião e voltamos a outro saguão de espera ao olhar para cima se podia admirar uma clarabóia de vidro em formato oval que deslumbrada o nascer do sol seguido por flocos de neve o que eu achei que nunca veria na vida.

Nos sentamos em um pequeno porém de alguma forma sofisticado restaurante e aguardavamos por comida quando inesperadamente um homem de terno cinza começou a se aproximar e em sinal de alerta nossos acompanhantes se levantaram e segurando nossos braços começaram a andar em direção aos banheiros.

Assustado e confuso olhei para trás e pude ver aquele senhor de cinza agora acompanhado de mais três homens falando ao telefone enquanto seguia nossos passos. Embora eu devesse me sentir esperançoso e pensar em fugir eu temi por não conhecer nada nem ninguém naquele inóspito lugar.

Ao chegar aos banheiros Ben e eu fomos colocados dentro de dos armários e instruídos a não abrir a porta para ninguém e ficar em silêncio. Os dois saíram em silêncio e se misturaram ao pequeno grupo de passageiros que se dirigia de volta ao saguão.

Ben ficou em silêncio até que ouvimos um barulho amedrontador da ser aberta e nos encolhemos no canto como se um animal selvagem encarasse nossos olhos com a boca salivando em nossos pescoços

"Pra onde eles foram? Eu já verifiquei em todas as portas e nada."

"E aquela que está fechada?" Perguntou um segundo homem.

"É o armário de limpeza dos funcionários não vai ter nada além de vassouras ali." Respondeu o primeiro homem despreocupado com a situação.

"Leve o trabalho mais a sério. Você o que vai acontecer se o chefe descobrir que perdemos de vista o -" o volume do rádio o interrompeu

"Nós achamos eles , acabaram de entrar na limosine." E os dois homens saíram apressados para fora.

Ao acreditar que o perigo havia passado abri lentamente a porta do armário tentando observar se havia mais alguém na porta e inesperadamente me deparei com uma figura grande e assustadora de um homem.

Brutalmente ele abriu a porta e nos puxou pelos braços como se segurasse duas sacolas de compras apanhou Ben nos braços e olhou em minha direção

"Seja rápido se não quiser passar o resto da sua vida sendo levado de um lado pra outro como uma bolsa velha "

Assustado eu comecei a correr para acompanhar os passos do homem que quase me arrastava pelo corredor até que sem paciência ele me jogou nas suas costas e me ordenou que abaixasse a cabeça, obedeci como se minha vida dependesse disso até que chegamos em um carro prateado e partimos no mesmo instante.

            
            

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