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Meu Nome é Kind, não possuo sobrenome.
Nasci em uma pequena Cidade de nome Fordomis.
Minha mãe que me trouxe este mundo, uma estrangeira sem identificação que entrou em trabalho de parto após um grave acidente, morreu após me segurar em seus braços.
Os médicos usaram a única palavra que saiu de sua boca para me nomear , pelo menos o que eles puderem entender.
Durante uma semana inteira me deixaram na maternidade esperando que alguém fosse buscar o órfão. Quase um mês depois sem notícias de um conhecido, os responsável pelo hospital entraram em contato com um orfanato.
Uma enfermeira que me acompanhou até o momento, há muito tempo tentava engravidar porém nunca conseguia chegar ao segundo semestre, se decidiu a me adotar.
No começo o seu marido se negou a aceitar uma criança que não tinha seu sangue, porém, ao perceber que sua esposa não abondonaria a criança por quem se apaixonou, ele cedeu.
Mas nunca aceitou realmente em registra-lo como seu filho.
Após cinco anos a mulher que eu carinhosamente chamava mãe conseguiu engravidar, esperavamos ansiosa pela hora do parto.
Porém, quanto mais se aproximava o final da gestação, ela adoecia gradativamente, sem sinais de melhorias físicas. Um dia quando acordei ela não estava no quarto em que foi internada até o nascimento do bebê.
Algumas horas depois um médico caminhou até meu tio, e o informou que infelizmente sua esposa morreu durante a cirurgia e a criança precisaria ficar três dias para que não houvesse complicações.
Olhei para meu tio que parecia estar enfurecido, então eu perguntei se podíamos ir ver o bebê, ele me olhou assustadoramente
"Vá sozinho. Eu não tenho filho."
Durante dois dias ele não foi uma vez sequer visitar o menino.
Em casa ouvi alguém chamar da porta, quem estava a chamar era a Irmã da minha benfeitora. Ela entrou e foi diretamente para a sala onde meu tio estava bêbado dormindo.
Bruscamente o acordou e o insultou com palavras que eu nunca soube o significado. Ele se sentou e com um olhar perdido como se não tivesse nenhuma razão para viver ele pergunta.
"O que você quer?"
"Eu vou levar meu sobrinho para viver comigo."
Respondeu sua cunhada grosseiramente.
"Preciso que você autorize os documentos para que eu possa legalmente o adotar."
Durante um breve período de tempo a sala ficou em silêncio. Até que ele supirou passando a mão na cabeça.
"Eu vou buscá-lo amanhã. Volte em duas semanas, eu vou decidir o que fazer."
Confiante que poderia levar meu irmão, ela foi embora. Após presenciar esta cena eu me decidi a ser o melhor irmão de todo o mundo.
Assim que meu tio dormiu, fui até a vizinha, uma senhora que apesar da pouca idade já era bisavó, e a pedi que me ensinasse o que era necesario para cuidar de um recém-nascido.
Quando ela me viu, sorriu com um rosto que se mostrava sereno.
"Quantos anos você tem criança?" perguntou a senhora sutilmente.
"Sete . " menti temendo receber um não.
Ela sorriu apenada e se levantou colocando uma chaleira com água ao fogo. E calmamente começou a explicar desde a temperatura do banho a colocar uma fralda.
Quando ela disse que já havia me ensinado o básico dos cuidados de um bebê, notei que havia anoitecido , voltei desesperado para casa e dormi.
Ao amanhecer acordei e peguei a bolsa maternidade e o babyconfort que minha mãe havia preparado para a saída do hospital.
Ansiosamente encontrei tudo de acordo com a lista que havia feito com a vizinha, olhando incessantemente para o relógio na esperança de que o tempo passasse depressa, esperei até 07h e corri para a sala e vendo meu tio que chorava em sonhos
" Tio ! Tio, Acorda, vamos buscar o bebê!"
Lentamente ele se sentou e me encarou durante um momento como quem olhasse para o sol após meses sem sair de uma caverna, se levantou, pegou as chaves em cima da mesa e saiu.
Ao chegarmos uma das enfermeiras trouxe o bebê , tentou entregar-lo para o meu tio, que se recusou
"Entregue-o para o menino."
A enfermeira se mostrou preocupada em deixar um recém-nascido no colo de uma criança do meu tamanho.
Gentilmente eu estendi meus braços como me havia ensinado a senhora da casa ao lado, o que de certa forma pareceu acalmar a enfermeira.
Fomos guiados até o cartório para fazer o registro de nascimento do bebê.
O escrivão perguntou o dia e a hora do nascimento, mas ninguém respondia, a enfermeira tomou a frente e respondeu todas as perguntas por ser uma amiga antiga da minha mãe ela sabia todas as informações .
No entanto quando perguntaram o nome que o bebê teria , ela rapidamente se calou e outra vez o silêncio tomou conta daquela pequena sala, receoso perguntei ao meu tio se podia escolher.
"Não vejo porque negar, já que nenhum dos dois possuí uma mãe. " ele respondeu indiferente.
Silenciosamente enquanto meus olhos se enchiam de água, lembrei como o casal que havia me criado se amavam, e todos os nomes que ouvia enquanto eles conversam durante as refeições.
"Benjamin. " eu respondi de cabeça baixa.