Capítulo 4 O Karma É Lixado

Dentro de mim eu soltei um grito enorme, porra o karma é uma bosta mesmo, eu nunca pensei que a voltaria a ver, e agora ela está aqui na minha frente, espero que a negociação não dependa dela. Eu não posso fugir, então decidi enterrar meus olhos na pilha de papéis que tenho na frente.

Eu não consigo me concentrar na reunião, como posso fazer isso com Emily me olhando nos olhos a todo momento? Ela deve estar a pensar que eu sou uma aquelas pessoas confusas e não sabe o que quer, bom na verdade eu sou tudo isso, mas ela não precisa ter a certeza disso.

Eu ouço as vezes de todos como se estivessem abafadas, a reunião parece estar durando uma eternidade, nem me dei conta que George já tinha apresentado a proposta final.

-Assim sendo, estamos conversados, esperamos avançar para o próximo passo em breve - disse George, ao levantar se.

-Nós também, é um prazer fazer negócios com vocês- diz o homem de cabelos grisalhos que estava sentado ao lado de Emily.

Eu levantei e saí apressada para a porta, preciso sair com urgência, me vi no filme "Corre" a urgência é tanta.

-Ella!- diz Emily.

Eu tive que parar de andar imediatamente. Ainda tem gente na sala, Emily vem apressada ao meu encontro.

-Oi Emily! -digo

-Oi de novo Ella, duas vezes num dia hein, deve ser uma espécie de sinal-diz ela sorrindo.

Seus dentes estão extremamente branqueados, me fez nem querer sorrir, ela aparece tão delicada, tão linda, mas reparo que ela não é ruiva natural, parece ser loira a raíz dos cabelos dela parecem bem mais claras que as pontas.

-É! é verdade!- digo, com um sorriso nervoso.

-Nós não demos match até agora!- diz ela, com um sorriso.

A irónica na sua voz é transparente, eu sabia que ela queria me intimidar de alguma forma.

-Ah! Sim eu esqueci, não tive um minuto para pegar no celular -digo.

-Não faz mal, você pode me dar o seu número agora, que tal?

Eu não tive escolha, eu dei o meu número, Emily liga na hora para eu guardar o contato dela também, ainda bem que dei o número correto, e nesse momento, George regressa a sala, eu fico sem jeito, parecia que eu estava a fazer alguma coisa proibida, que na verdade é proibida não podemos ter quaisquer vínculos com a outra parte da negociação até que cheguemos a um acordo.

-Dra. Isabella Reyes, estou te esperando, posso dar uma carona até ao escritório?- diz George Carter.

-Sim claro, eu já vou-digo

-Te ligo mais tarde, Dra. Reyes - disse Emily.

O tom que ela falou me deixou mais estremecida ainda. George parece chateado, mas não fez nenhum dos seus comentários sexistas ou se insinuou a mim desde que entramos no carro.

-De onde você conhece Emily Hunter?-pergunta George com seriedade em sua voz.

-Eu a conheço desde hoje de manhã, na cafeteria perto do escritório, porquê?-pergunto, tentado entender a relevância.

-Pergunto pelo fato de Emily ser a filha e a você previdente dos nossos opositores e não podemos ter qualquer tipo de relacionamento com nenhum deles até que as negociações sejam concretizadas.

- George eu mal a conheço, não é como se fôssemos amigas de infância, eu não acho relevante- respondo.

- Ela é Lésbica, gosta de mulheres, se vocês têm algum relacionamento é melhor se retirar do processo - diz ele.

-George estás a pisar alguns limites aqui- digo, enraivecida.

-Eu só estou a tentar acautelar o negócio dos nossos clientes.

-George, teu pai me pediu para liderar as negociações e você passou por trás das decisões dele e veio comigo eu não vou aceitar ouvir esse discurso machista calada.

-Calma eu não quis te ofender Isabella.

-Pois! Se não quisesses devias ter parado de falar sobre o assunto quando eu disse que conhecia Emily há menos de vinte e quatro horas.

-Desculpe, mas quando te vi perto dela eu queria perguntar se tu gostas de mulheres porque eu estou interessado em você.

-George não diga besteiras, existe uma política que impede relacionamentos entre colegas lá no escritório.

- Se não fosse isso?- pergunta George.

-George, eu não estou muito interessada em relacionamentos agora acabei de sair de um longo -digo

- Então porquê eu vi seu perfil no Tinder hoje de manhã? - ele pergunta.

Meu Deus que vergonha! quem mais deve ter visto o meu perfil? será que mais algum colega usa o aplicativo? penso

-George eu sou nova na cidade, eu simplesmente quero conhecer pessoas, conhecer lugares e fazer novas amizades- respondo

-Então porquê você se recusa a tomar um café comigo?

-Eu não quero ter algum problema com o teu pai George-digo

-É só um café Isabella.

Eu não soube o que responder para contrariar George, na verdade eu penso que para ele tudo começa com café, e minha indisponibilidade emocional não era algo que estaria disposta a abandonar.

Depois de dez anos eu quero algum tempo para mim e ficar com colegas de trabalho é complicado, a convivência quando o caso acabar será estranho se cruzar com ele pelos corredores, nas reuniões, melhor nem arriscar.

O carro permaneceu em silêncio pelo caminho todo, e não me apeteceu, as insinuações de George eram insultuosas, ele não devia falar de Emily daquele jeito.

Voltamos para o escritório, ainda teríamos reuniões para dar o ponto de situação em relação a negociação que acabamos de mediar, eu acho que George foi para tentar impressionar seu pai e provar que ele é capaz.

A reunião foi aborrecida, George não conseguia olhar para mim, eu acho que agora está magoado por ter o rejeitado.

Eu resolvi ir para casa caminhando, eu quero conhecer as ruas e descobrir coisas novas, é tudo muito lindo por aqui, as noites, e não ter nada o que fazer é complicado, eu sinto falta de casa, sinto falta de sair com os meus irmãos e meus pais, eu sempre fui mimada por eles.

Eu fui adotada quando era um bebê, todos me perguntavam porquê meu nome era Isabella Reyes sendo ruiva com pele extremamente pálida, minha mãe biológica me deixou na porta da casa dos meus pais era membro da mesma igreja deles.

Meus pais me criaram com muito amor e sendo a irmã caçula de quarto irmãos super protetores. Ao lembrar disse lembrei de fazer uma chamada para o grupo da família.

Peguei no celular para ligar para para minha família, Darla liga para mim antes que pudesse fazer alguma coisa, atendi.

-Oi rainha vermelha!- disse ela.

-Darla isso é preconceito para as pessoas ruivas- digo

-Eu te amo Ella, eu sempre te chamo assim!- diz ela.

-Eu sei! Rainha do gelo!- respondo

- O que você faz no domingo? -pergunta.

-Nada, eu já cansei e ficar sozinha no apartamento.

-Ok. Vamos fazer compras , quero renovar meu guarda-roupa e vou te deixar escolher cores para mim.

Eu não acredito, Sean deve ter feito magia para ela querer mudar seu guarda-roupa completo.

-Jura! A que se deve a ocasião?- pergunto tentando esconder o meu entusiasmo.

-Decidi fazer uma mudança na minha vida, e preciso da tua ajuda.

Finalmente espero que uma dessas mudanças seja tirar o Richard de sua vida também.

-Está bem, eu vou refazer o teu estilo- digo com frieza.

-Está bem, eu vou te deixar fazer isso. Vens antes aqui em casa? Vemos o que guardar para doar?- diz ela.

-Uau! Eu odeio o seu marido mas por ti eu vou sim.

-Está bem, espero por ti às dez?- perguntou Darla.

-Ok. Está bem.

A possibilidade de encontrar Richard era simplesmente desagradável, mas eu estava disposta a fazer isso para fazer Darla deixar de usar roupas feias.

            
            

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