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Case 1º
Nova Iorque. - 03 de Fevereiro de 2022. - Caffè Dimensionale.
Point of View. - Lawliet.
Adentrei minha cafeteria preferida de forma costumeira, podendo avistar Jeff servindo café como de costume, é o que os clientes mais gostam daqui, simplesmente divino. Já Jeremy permanece no balcão, ele é literalmente o melhor poeta que conheço, e é claro, o único também. Caminho alegremente na direção da mesa excluída da cafeteria e me sento rapidamente, deixando o sentimento de conforto tomar conta de mim, lembranças desse lugar sempre serão boas, afinal, o bolo deste lugar é o melhor que já provei, Betty que me perdoe. " Lawliet, bem vinda novamente..." A voz da doce Nala Nilman cortou meu momento melancólico, este lugar sempre me faz lembrar de algum filme clichê que as jovens costumam assistir. " Obrigada Nala, o de sempre. " Pedi de forma gentil, fazendo a jovem que trabalha arduamente para pagar sua faculdade acenar e se retirar com seus patins.
Lembro-me de quando a conheci, ela fora expulsa de casa quando tinha apenas 11 anos, e acabou indo parar em um orfanato perto de minha casa, eu sempre caminhava para a escola pois odiava as companhias do ônibus escolar, e em certo dia ao passar na frente do enorme orfanato, eu vi Nala sofrendo bullying de alguns garotos pelo uniforme do local, ele realmente era horrível, mas me irrita ver o sofrimento estampado no rosto de Nala, talvez não exatamente pelo Bullying, e aquilo eu entendia muito bem. Naquele dia eu acabei faltando a escola, algo que eu repudiava fortemente, apenas para dar uma surra naqueles pirralhos, foi algo que muitos julgaram como errado, levando Betty a me castigar por semanas, no entanto, aquilo não mudou nem um pouco minha convicção, eles eram jovens, ainda poderiam aprender com a violência, e garanto que nunca mais praticam bullying com ninguém e Nala depois daquilo, aprendeu a se impor, e hoje, com minha ajuda está fazendo faculdade de direito. Valeu a pena sujar as mãos.
Suspirei me sentindo extremamente agradável no dia de hoje, coloquei o arquivo acima da mesa e o abri despreocupadamente, me sentindo um pouco ansiosa para ter meu pedaço de bolo e meu achocolatado para me acompanhar neste momento único em minha vida. " Punisher, serial Killer procurado a 2 anos por assassinatos em série sem deixar algum rastro..." Comecei a ler, e a primeira linha já me deixou completamente interessada no desconhecido assassino, no entanto, não é sua descrição que preciso para dar o primeiro passo em meu trabalho, e sim de suas vítimas, afinal, todo serial killer que se preze tem um padrão a seguir, com isso a procura por vítimas pode ser consideravelmente diminuída, o que me ajuda e muito com meu trabalho, que consiste em ler os passos dele para que a polícia possa prendê-lo.
" Jason Avelon. 34 anos, professor na escola " Silver High School ". Ex-marido de Anna Frank, pai de Andy e Max Avelon. Possui um histórico de agressão domiciliar, e assédio contra alunas..." Aposto que tinha muitas pessoas chorando por ele no enterro. " Foi morto após ser frequentemente afogado em gasolina, ter o membro genital decepado, os olhos arrancados e o corpo cremado. " Punisher parece fazer jus ao seu nome de fato, imagino que não deve ter sido bonito fazer tudo isso com o homem. Nojento. O corpo do homem foi abandonado na porta de sua casa como uma encomenda para a família, óbvio que o entregador dos correios não sabia nada da carga e o fornecedor do " Produto " fez tudo digitalmente por um celular que deveria ter sido descartado a muito tempo. Punisher é inteligente o suficiente para fazer tal atrocidade, ou justiça, e sair impune sem nada que nos dê um gostinho de sua verdadeira identidade. Intrigante.
- Aqui está Karinha. - Jeff informou de forma divertida ao colocar meu café e bolo sobre a mesa de forma ágil. " Obrigada Jeff, sabe me dizer se deram o toque de recolher nas ruas? " Perguntei de forma interessada, não tive tempo o suficiente para comparar a distância da casa das vítimas, saber se Punisher age em apenas uma região é de extrema importância. - Sim, e nas duas ruas de baixo, uma pena, pois tenho uma festa pra ir. - Jeff comentou, demonstrando descontentamento com a ordem, ele é jovem, assim como muitos por aqui, é de se esperar que quebrem o toque de recolher sem pensar duas vezes, pondo, ou não, suas vidas em risco. " Obrigada. " Agradeci novamente, deixando o jovem continuar a trabalhar com a alegria que ele e Nala costumam emitir, quem me dera ser tão feliz assim.
Voltei a analisar e comparar suas vítimas uma por uma, me deliciando com meu bolo e aproveitando o maravilhoso café de Jeremy, ele nunca erra no ponto, é impressionante. Conforme eu ia lendo, comecei a perceber certas sequências interessantes que serão extremamente úteis, como por exemplo, na maioria das vítimas foi encontrado vestígios de paralisantes muscular, ele faz questão de deixar a vítima acordada quando é sequestrada, talvez para causar medo, de qualquer forma, muitos foram vítimas do remédio, outros talvez foram impossíveis de identificar, de qualquer maneira, é uma marca do assassino que deve ser levada a sério. Muitos de sua vitima são homens, por um instante considerei o fato dele matar apenas pessoas do sexo masculino, mas algumas paginas a frente eu encontrei algumas mulheres que também foram vitimas. Não há faixa exata de idade, as características não se batem, os trabalhos e rotina também não, muito menos possuem alguma ligação.
Tudo é extremamente distinto, menos uma única coisa. A ficha criminal. Todos, sem exceção possuem de certa forma algo em comum na ficha criminal, ou apenas denúncias que não levaram a nada, todas de Assédio ou agressão doméstica, me levando a crer, em minha ideologia que se trata de um justiceiro e não de fato um serial Killer, afinal, ele está apenas fazendo o que a sociedade deveria fazer, mas é claro, não posso dizer o que penso a ninguém. Vejo que ele escolheu o nome Punisher de forma cautelosa, combina perfeitamente com sua forma de agir, realça o que ele quer passar para a sociedade, uma pena que os jornais não liberam muita informação sobre a suposta vítima, então a sociedade vê Punisher apenas como um monstro que dever ser pego o mais rapidamente possível, algo no qual, eu tornarei possível. Espero que ele não me entenda mal após eu pedir um autógrafo quando o prenderem.
- Nala! - Chamei a jovem ao fechar o arquivo e me erguer da mesa, levei minha mão até o bolso de minha calça e tirei uma grande nota, a deixando sob o balcão após erguer para que Nala a avistasse. Caminhei para fora do estabelecimento calmamente, observando o céu se tornar um pouco mais escuro e nublado do que antes, será que irá chover? Talvez eu devesse procurar saber se o Punisher caçar suas vítimas na chuva, tudo pode ser de certa forma, útil para que eu possa entender a mente deste assassino. Minha caminhada até minha casa foi repleta de pensamentos e cenários imaginarios, Betty sempre disse que minha imaginação era algo perigoso, mas hoje ela me ajuda a reviver cenários com perfeição, só preciso de uma unica foto para me encontrar no local do assassinato.
Consigo visualizar perfeitamente o galpão onde Brandon Skandle foi brutalmente assassinado, minha mente não demorou ao materializá-lo preso na cadeira suja de metal, vestindo apenas uma cueca como o arquivo descreveu o corpo encontrado. O galpão está frio e escuro, não há sinais de iluminação do sol ou sequer uma lâmpada que possa ajudar, causando um medo profundo na vítima que começou a despertar lentamente, sem conseguir ver onde está ou quem está com ele, o desespero é uma arma perigosa, na qual assassinos como Punisher aprendem a não só controla-lo, mas a usá-lo a seu favor para torturar, ou no seu caso, punir sua vítima. Um som metálico começou a soar pelo local no mesmo instante em que Brandon fez menção de se debater na cadeira, causando um tremor intenso no corpo de Brandon, consigo ver o quanto ele se treme. O som começou a ficar mais alto, mais próximo, ecoando por todo local como uma melodia mortal, os olhos de Brandon demonstram puro terror, mas isso se agravou quando um homem mascarado surgiu na luz fraca, paralisando o homem preso na cadeira.
E desta vez, não foi por causa do medicamento.
- Olá? - Uma voz feminina me despertou de meus pensamentos, dei um leve sobressalto com meus ombros antes de me virar para a mulher que me encara de forma divertida, talvez achando graça por minha reação. " Sim? " Perguntei me sentindo incomodada, não gosto de falar com as pessoas, muito menos quando estão tão próximas, ela tem sorte de ser uma mulher, se fosse um homem ele estaria com o nariz sangrando agora mesmo. - Me perdoe, é que você estava parada na calçada, se tremendo, eu pensei que estivesse precisando de ajuda. - Ela respondeu ao retirar o sorriso divertido do rosto e ficar séria novamente, só então parei para reparar em seu rosto. É bem desenhado e maduro, talvez um pouco mais velho que eu, seus cabelos são negros e extremamente lisos, escorrem com facilidade quando ela se move, seus olhos são verdes intensos, como se pudesse ler as pessoas. Uma mulher intrigante, que nunca vi por aqui, provavelmente nova na vizinhança e já passei vergonha na frente dela. " Eu só estava presa. Obrigada pela preocupação. " Expliquei de forma rápida e agradeci, me virando para continuar meu caminho. - Presa onde?
- Ah? - Resmunguei ao ouvir sua pergunta, me virei para encará-la novamente, agora em uma distância mais aceitável de minha pessoa. De repente me lembrei do que acabei de dizer a ela, preciso começar a não ser tão vaga. - No galpão perto do Bronx. - Respondi antes de acenar para ela que fez uma careta extremamente confusa com minha resposta, continuei meu caminho até minha casa que não fica tão distante dali, e então me pergunto se ela está morando aqui perto, tem muitas casas à venda nesta rua, é uma possibilidade.
De qualquer maneira, espero não esbarrar com ela novamente tão cedo.