Capítulo 2 Divorciada

Mia estava sem vontade de levantar da cama, as pessoas lhe diziam que ela precisava manter seu casamento ou morrer tentando, que ela tinha que tentar reconquistar seu marido, se preciso até seduzi-lo... mal sabiam que ela já havia tentado de tudo nos últimos seis meses.

Desde que ele tinha começado a faculdade, ele havia mudado, parecia que ela não tinha mais importância diante do mundo novo que se abria para ele.

Eles tinham uma pequena empresa que Mia tinha dado o sangue pra construir, ela havia largado tudo, até mesmo sua própria graduação e sua carreira para investir na empresa com ele e quando percebeu, o maior clichê estava bem debaixo do seu nariz, o marido estava tendo um caso com a secretária.

Mia teve sangue frio no começo, leu tudo sobre casamentos fortes, casamentos restaurados, passos pra salvar o casamento e assim por diante mas sabe como é, é preciso duas pessoas para existir um casamento e ele já não estava presente na relação, a ignorava dentro de casa, mal tinha tempo entre o monte de trabalho, a faculdade e a amante e quando chegava em casa exausto, mal falava com Mia, ou seja, também nem tocava nela. Além de desfilar com a outra para cima e para baixo, claro e de nas poucas vezes que conversava com Mia, ficava só enaltecendo as qualidades da outra...como era divertida, como fazia bem seu trabalho, como se vestia bem...ele era muito cruel.

(Um sujeito assim tão cretino não merece nem ter nome, por isso vai ser só "o ex" e fica por conta de cada leitora, dar o nome daquele ex que a magoou e que vai ter o que merece no final. Porque sim, tudo o que eles plantaram, vão colher, essa é uma lei natural, física e espiritual da qual ninguém pode fugir.)

Para Mia aquele dia foi o ponto final, depois de ser rejeitada pela centésima vez, Mia quis morrer, até segurou em sua mão o frasco de remédio mas isso seria muito fácil do cretino superar quando a secretária já estava quase morando na sua casa, além de que morrer não era nem de longe a solução para seu coração partido, o que ela precisava era exatamente o contrário, ela precisava viver, precisava de um recomeço.

Muitas mulheres teriam insistido mais, mas Mia percebeu que ainda tinha uma gotinha de amor próprio dentro dela e que não queria mais insistir em segurar aquele que não a queria, aquele que estava pisando em sua autoestima, que havia a humilhado publicamente postando selfies com a outra, que tinha sugado todas as suas forças e agora até mesmo seu desejo de viver.

Ela decidiu deixá-lo, mudar para uma cidade onde ninguém a conhecia e voltar a fazer tudo o que havia deixado para trás só pra ser a pessoa que ele queria que ela fosse. Ela precisava se reencontrar.

Ainda tinha algum dinheiro na conta conjunta que ela transferiu todo para sua conta pessoal, afinal, era dela, ele não tinha do que reclamar.

Mia sabia que ele chegaria em casa tarde, então teve muito tempo para embalar as coisas e colocar em um caminhão com ajuda de uma empresa especializada em mudanças, os papéis do divórcio também já estavam prontos, ela tinha encontrado na gaveta no dia anterior, ou seja, bastava ela decidir que queria deixá-lo e assinar e foi o que fez.

Tudo o que restou na bela casa dos dois foi a cama e as coisas pessoais deles empilhadas em um canto do quarto, Mia deixou no piso, no meio da sala, bem em frente à porta de entrada o envelope branco com os papéis do divórcio e a aliança em cima.

Na cama ela deixou um bilhete explicando que como aquele era o símbolo da vida a dois deles que ela não fazia questão nenhuma de lembrar ela estava deixando para trás, no entanto pegou o bilhete de volta e foi embora... ele não merecia mais nenhuma explicação.

O abuso psicológico que ele havia feito nos últimos meses era quase pior do que uma agressão física, a forma como manipulou tudo, como deixou todos contra Mia, como fez até ela mesma acreditar que estava muito doente foi extremamente cruel. O silêncio era a única coisa que ele teria dela agora.

Mia cuspiu no chão dizendo "Você mereceu, cretino" depois bateu a porta e saiu. O caminhão seguiu para a cidade combinada enquanto Mia foi ao banco e encerrou a conta da empresa retirando todo o dinheiro, depois comprou um carro zero a vista com ele, um SUV que era ótimo para estrada e então seguiu atravessando o país usando o restante do dinheiro. Mia então fez uma chamada para sua melhor amiga via Bluetooth.

-Amiga, está feito.

-Até que enfim guria, livre então?

-Livre, de carro novo e só com a roupa do corpo e minha mochila de estimação.

-O caminhão chega quando aqui?

-Amanhã cedinho.

-Pode deixar que vou fazer muito dinheiro com suas coisas e te mando em vales das suas lojas online favoritas pra você comprar tudo novo.

-Você é incrível, até logo, vou ficar sem sinal.

-Até logo, boa viagem.

Mia dirigiu o restante da tarde e boa parte da noite até cruzar a fronteira do estado para estar bem longe do radar do ex quando ele chegasse em casa lá pela meia noite.

Eram 23 horas e Mia já tinha cruzado dois estados por conta do ótimo carro, das boas estradas e da proximidade das fronteiras, claro. Mia vivia com o ex no Oeste do Rio Grande do Sul e agora já tinha chego no Paraná, na cidade de Foz do Iguaçu onde logo encontrou um ótimo hotel bem dentro do parque nacional do Iguaçu onde ficam as famosas cataratas e ali se hospedou.

Ela tomou um banho relaxante na banheira de hidromassagem e depois dormiu em paz como não dormia há muito tempo sabendo que tinha acabado uma fase da sua vida mas outra muito melhor estava por vir.