Capítulo 4 Rua Springton, número 14

Quando Lyla descobriu sobre a família que morava no número 14 da Rua Springton? Foi quando ela acidentalmente encontrou uma certidão de propriedade em uma gaveta.

A Corporação Harvey estava envolvida no setor imobiliário, por isso havia muitas propriedades sob o nome de Joshua. Todas elas eram exclusivas ou muito valiosas para vender. Para ele, possuir uma propriedade era semelhante a uma mulher ter uma joia. Essas posses eram acessórios estimados.

No entanto, a residência na Rua Springton era apenas uma casa comum. Ela era localizada perto da estação de metrô e do supermercado. A casa tinha menos de 100 metros quadrados, tendo dois quartos e uma sala de estar. Sem dúvida, era um lar pequeno, mas acolhedor, para uma família. Essa casa não tinha o estilo de Joshua, mas o nome dele estava claramente escrito no certificado de propriedade.

A curiosidade de Lyla foi despertada depois que ela viu esse documento. Um dia, ela passou pela Rua Springton e decidiu fazer uma visita ao número 14. Um carro que ela conhecia muito bem estava estacionado lá. De repente, um homem de terno preto e sobretudo saiu do banco de trás. Antes que ele pudesse fechar a porta do veículo, um garotinho, provavelmente com três ou quatro anos, saiu correndo de casa e se agarrou à coxa do homem.

"Papai!", exclamou o menino.

Lyla sentiu como se tivesse sido atingida por um raio, mas continuou observando a cena. Então, ela viu uma mulher de aparência gentil parada na porta da casa, olhando para o homem e para o menino com um sorriso. Em seguida, ele pegou o garotinho nos braços e caminhou em direção à mulher. As luzes quentes da rua iluminavam a expressão calma e relaxada dele. Parecia que ele era um marido amoroso e comum, o qual tinha acabado de chegar do trabalho.

De volta ao presente, Lyla saiu da banheira com um som de água espirrando por todos os lados e, depois, secou o corpo. O enorme espelho na parede refletia as curvas de seu corpo perfeito, mas também mostrava uma cicatriz em seu abdômen. Então, ela pegou o roupão no cabide e o vestiu.

Era quase meia-noite quando ela terminou de secar o cabelo. Ela ficou deitada em sua grande cama sozinha, olhando para o teto com os olhos bem arregalados. Assim, ela acabou adormecendo sem nem perceber.

Ao amanhecer, o toque do celular a acordou. Franzindo a testa, ela pegou o aparelho na mesa de cabeceira e o levou ao ouvido. Nesse momento, a voz de um homem veio do outro lado da linha: "Há alguns rapazes novos aqui no Clube Golden e todos são muito bonitos. Você quer vir e vê-los pessoalmente?"

Lyla olhou para a tela do celular e, como suspeitava, viu que era Derrick Ramos que estava falando. Um pouco perplexa, ela abriu a boca e disse: "Você foi ao Clube Golden a uma hora dessas? Você está se sentindo bem?"

Derrick falou rindo: "Você não acha que é melhor estar aqui de manhã? Está bem sossegado agora. Você vem aqui ou não?"

Lyla teve que admitir que ele tinha razão, por isso chutou a colcha para longe e disse: "Tudo bem. Já estou a caminho."

"Ótimo! Estarei esperando por você."

Depois de desligar, ela se levantou, se lavou e desceu.

A Mansão Harvey tinha sido construída há mais de cem anos. Ela era a residência da família Harvey depois que o bisavô de Joshua se estabeleceu em Cleopatra. Desde então, ela se tornou a residência de todos os herdeiros dos Harveys.

Lyla apareceu no andar de baixo e os empregados se curvaram para ela. Em seguida, a governanta se aproximou e disse: "Senhora Harvey, o café da manhã está pronto."

"Joshua está em casa esta manhã?" Lyla perguntou.

"O senhor Harvey já deve estar na empresa agora", respondeu a governanta respeitosamente.

'Então, ele nem voltou ontem', pensou Lyla consigo mesma. Nesse momento, ela percebeu que o que Joshua havia dito a Maureen era mentira. Ele não tinha nenhuma reunião importante pela manhã e nem deixou documentos aqui na mansão.

Logo, Lyla perdeu o apetite para tomar café da manhã, então ela apenas colocou sapatos de salto alto e dirigiu direto para o Clube Golden.

O nome do clube indicava implicitamente que era um lugar que atendia pessoas ricas. Era um estabelecimento exclusivo em Cleopatra, especializado em entreter playboys ricos como Derrick.

Quando Lyla chegou, Derrick já estava sentado em uma cabine, observando garotas gostosas dançando no palco. Ainda não era o horário de funcionamento oficial do Clube Golden, por isso ele era o único cliente presente.

Lyla se sentou e se serviu de uma taça de vinho tinto. Depois de beber tudo de uma vez só, ela se virou para Derrick e perguntou: "Então, onde estão os rapazes?" Afinal, essa era a razão pela qual ela estava aqui.

Ele se virou para ela, franzindo a testa e disse: "Você está falando sério? Nathan desapareceu! Se Joshua descobrir que você está procurando outro rapaz, ele irá..."

Ele não terminou a frase. Em vez disso, ele apenas fez um gesto que imitava uma faca cortando o pescoço enquanto arqueava as sobrancelhas de brincadeira.

Lyla zombou e disse suspirando: "Ele está passando um tempo com a família querida. Então, por que não posso me entreter com rapazes?"

"Um tempo com a família querida? Mas o que isso quer dizer?" Derrick não entendeu, mas Lyla não se preocupou em explicar. Os dois apenas se encararam por um tempo até que ele finalmente compreendeu a situação. "Puta merda... ele está tendo um caso?"

"Sim", Lyla respondeu enquanto se recostava na cadeira e esticava as pernas.

"E... há uma criança?"

"Sim."

Derrick descruzou as pernas. Ele era amigo de Lyla desde que eram crianças, por isso sempre ficava do lado dela, não importava a situação. Mesmo que pessoas ricas como ele geralmente andassem com todo tipo de mulher, ter um filho ilegítimo ainda era considerado um absurdo. Afinal, qual família da classe alta aceitaria um bastardo? Se uma notícia dessa vazasse, ela causaria um escândalo!

"Tem certeza de que foi isso que você viu? Talvez você esteja apenas entendendo mal as circunstâncias."

Lyla balançou a cabeça. "Vi tudo com meus próprios olhos e ouvi com meus próprios ouvidos. Como eu poderia estar entendendo mal alguma coisa? A criança até o chamou de 'papai'!" Ela se serviu de mais vinho e engoliu lentamente. Embora o sabor inicial fosse suave, o residual era um pouco amargo. "Além disso, eu conversei com aquela mulher."