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Ezequiel Gadelha
- Você é meu filho, Bastardo, mas é meu filho. E eu quero que tenha herdeiros. Venda o cabaré, arrume uma boa moça e se case.
- Meu pai, se eu considerar essa ideia me diga qual família de bem iria aceitar que eu me casasse com uma boa moça? Nenhum pai ou mãe em San consciência iria me entregar sua filha para mim
O velho apoiava os braços sobre a poltrona e arrumava a postura
Eu achava digno sua astúcia, e de certo modo ele queria meu bem. Mas, casar?
- Meu velho, eu realmente agradeço a preocupação mas estou bem assim.
- Papai, conte sobre sua ideia. Talvez isso o faça ao menos considerar.
Meu querido legítimo irmão, Augusto.
Eu tinha mais dois irmãos, fora ele. Porém era o único que dava o luxo de conversar comigo.
Os outros me ignoravam e me chamavam de bastardo.
- O que o velho pretende?
- Se você se casar com uma moça decente, e arrumar para mim um neto. Te darei as terras que teria direito caso fosse meu filho legítimo.
- O senhor está brincando?
- Não.
Ele realmente parecia falar bastante sério. Fiquei surpreso ao ouvir aquelas palavras. Só dele considerar me dar tudo que me foi negado a vida inteira...
- E eu só tenho que me casar?
- Se vai carregar a herança da família, tem que carregar uma vida de respeito. Casar, vender o cabaré. E se aprumar.
Não era injusto.
A empregada chegou com as mãos para trás e comunicava que a visita que era esperada havia chegado.
Geralmente era o noivo que iria na casa da moça, fazer a proposta de casamento. Mas pelo visto Artur estava desesperado para se livrar da moça.
Que convenhamos ela era muito formosa.
Tinha cabelos longos enrolados com pouco volume. Eram escuros e tinham perfeito contraste com sua pele clara.
Ela tinha lábios rosados e carnudos. E um quadril bem largo. Se eu podesse ver por de baixo daquele vestidinho azulado com uma fita na cintura, eu diria que ela teria cochas grossas. Mas o busto eu podia ver que era bem farto.
Mas, em diante de toda essa beleza eu podia afirmar que ela era uma pessoa triste. Seus olhos castanhos estavam abaixados. Ela parecia estar bastante triste.
Cumprimentos vão, cumprimentos vem, e eu estendi a mão para o velho Artur.
Fiquei sentado observando a garota, como de costume a maioria das moças de família ficavam quietas. Porém se mostravam ansiosas para saber mais do noivo ou da família, Mas essa moça estava quieta até de mais.
- Eu posso conversar um pouco com minha noiva?
Augusto estendeu a mão para a moça, que o acompanhou.
Me chamavam de gatuno por vários motivos e um deles é a curiosidade.
Esperei eles saírem e me levantei para ir atrás. Iriam ficar de saliência antes de casar? Haha eu queria ver isso.
Mas para meu espanto quando chegaram perto do alpendre a moça abaixou a cabeça e soltou a mão dele.
- Por favor senhor, eu não quero m casar com você.
Parei e me encostei na parede e ouvi com calma.
- Espera. O que?
- Por favor, me rejeite. Me rejeite, eu peço ao senhor que não queira de casar comigo. Eu não quero casar com o senhor.
Meu querido irmão parecia muito confuso.
- Mas, bem. Isso não importa, fique calma. Quero que saiba que a ideia de me casar também me assusta.
Ela pareceu se acalmar e se levantou. Fiquei estalando os dedos e observando os dois.
.- O senhor também não quer casar?
- Eu gosto da Isabel Ventura. Mas meu pai é intrigado deles, então não podemos nos casar.
Ah os ventura era uma família rica, que teve uma briga com nosso pai por causa de terra.
- Então... Se o senhor não quer, faça algo para não nos casarmos.
Ela parecia implorar bem. Enviei a mão dentro do meu paletó e tentei encontrar meu cigarro. O que não encontrei então resolvi entrar na brincadeira.
- Vai Augusto. Tenta impedir o casamento.
Meu irmão me olhou com desprezo, ele sabia que um casamento era muito importante para nosso pai.
- Meu irmão disse que a solução para não nos casarmos. Era de eu me deitasse com outro homem.
Soltei um largo riso que fez barulho alto. Coloquei a mão sobre a boca tentando abafar. Meu irmão ficou incrédulo com a resposta da jovem.
- O de doze ou de dez anos?
- O de dez.
- E por acaso eles sabem oque significa se deitar?
- Não esqueça o mais importante irmão. - Me aproximei perto daquela garota que deu passos para trás. - Você sabe, lindinha?
- Ele disse que era só me deitar de mais dadas com um homem.
- Ah, eu garanto que se formos para uma cama não ficaremos apenas de mãos dadas.
- Ezequiel se comporte!!!
- Me perdoe, mas quem é o senhor.
- O homem que pode ajudar a senhorita a não se casar com meu irmãozinho.
- Ezequiel, não.
Ele colocava as mãos em meu ombros e me puxava de perto daquela jovem.
- É só uma ajuda. A trataria com todo respeito e carinho que vossa excelência merece em uma cama.
Ela pareceu estar mais confusa ainda.
- Me perdoe mas vou perguntar de novo. Quem é o senhor?
Eu sorri para ela e me curvei diante daquela moça.
- Ezequiel cordeiro de Gadelha. Ou apenas Ezequiel Gadelha, ao seu dispor senhorita.
Sorri para ela quando me levantava e vi que em sua ingenuidade ela fazia de volta.
- Prazer senhor Ezequiel. Eu me chamo Ana.
- Estou ciente. É a futura não esposa do meu irmão.
- Ana, se afasta dele.
Augusto tomou a frente e a puxou para dentro.
- Mas porque?
- Ele não presta. Só faz isso. É dono de um cabaré.
- O que é um cabaré?
Ela era incrívelmente inocente. O tipo de mulher que eu me casaria.
- Um lugar onde homens solteiros e casados vão para se divertir.