Capítulo 4 Se é que posso chamar isso de lar.

Chegando na pista Sophia viu Tadeo ordenado que colocassem um homem que estava amarrado dentro do jatinho, ela reconheceu o homem, era um dos seqüestradores.

- Aquele ali ... - Ela começou a perguntar mas foi interrompida.

- Fica tranquila ele ficará desacordado. - Nicolas falou.

Ela preferiu não questionar mais nada e entrou no jatinho com Mel em seu colo e se acomodou.

Dez horas depois eles pousaram na Itália, Sophia estava exausta, ela mal conseguiu dormi com medo e preocupação por tudo, estava com os nervos a flor da pele então ficou quieta o caminho inteiro, só dava atenção para Mel.

Na Itália já era dez horas da manhã, Sophia, Mel e Lorenzo chegaram na mansão e uma senhora de cabelos claros a recebeu com muita alegria.

- Benvenuto. Come stai? (Bem vinda, tudo bem ?) - Comprimento e se apresentou - Il mio nome è Maria. (Me chamo Maria.)

- Buongiorno, io sono Sophia e lei è Mel. (Bom dia sou a Sophia e esta é a Mel.)

- Que lindas. - Maria pegou Mel no colo e passou a mão em seu queixo levantando a cabeça dela. - Ela é a cara de seu pai, o olhar é idêntico.

- É verdade Dona Maria mas Mel é ainda mais bonita. - Lorenzo declarou e a Senhora concordou.

- Vamos minha filha, vou te mostra o quarto da Mel e depois o seu, eu arrumei tudo mas depois vamos na cidade para você escolher as roupas de cama. - Dona Maria é uma senhora teimosa que não aceita não como resposta e Sophia percebeu.

- Com licença . - Sophia se despediu do pai.

- Qualquer coisa estarei no escritório Maria te mostrará.

Depois de apresentar a sala de estar, a biblioteca, onde ficava o escritório, a cozinha, e finalmente os quartos na parte de cima Sophia se jogou na cama e Mel a imitou.

- Iguazinha a mamãe. - Dona Maria falou brincando com a menina. - Bom acho que já mostrei as principais coisas por hoje e o restante pode ir descobrindo sozinha a casa é todinha de vocês , por favor baguncem, tragam vida para esta casa.

- Pode deixar Dona Maria, obrigada por tudo.

- Agora fiquem a vontade, o almoço estará pronto ao meio dia.

A Senhora saiu e Sophia foi tomar um banho com a Mel.

Alguns dias se passaram e Sophia ficava a maior parte do dia nas áreas externas pra Mel brincar. Ela conversou com seu pai a respeito de estudar música e Lorenzo concordou que ela tivesse aulas particulares na mansão, pelo menos por enquanto. Sophia conversava bastante com seus pais e suas amigas por vídeo chamada mas todas as noite antes do jantar Diana tirava um tempo para falar com ela, e Sophia passou a olhar para ela diferente não apenas como tia, mas, ainda não conseguia chamá-la de mãe nem mesmo Lorenzo de pai.

Descendo as escadas para ir almoçar, Sophia viu seu pai saindo do escritório com um homem, ele a viu e a chamou, então ela foi até eles.

- Manccini deixa eu te apresentar minha filha, Sophia. - Lorenzo falou com orgulho. - Filha esse é Vittorio Manccini um dos meus conselheiros e nos convidou para seu casamento.

- É um prazer conhecer a senhorita. - O loiro se apressou em cumprimentar a moça, estendendo a mão como um cavaleiro. Sophia colocou a mão sobre a dele que em seguida depositou um beijo em seu dorso.

- Prazer em conhecê-lo também senhor Manccini - Sophia ofereceu um sorriso simpático. - Ficará para o almoço ?

- Adoraria, mas terei que recusar tenho algumas reuniões agora. - O homem falou e se despediu.

A mansão era sempre bem agitada com muitos homens entrado e saindo do escritório de Lorenzo durante o dia ou ele mesmo chegado e saído a toda hora. Sophia se sentia um pouco perdida ainda e achava que nunca iria se acostumar com essa vida.

Se sentando na mesa junto com seu pai, Sophia sempre orava agradecendo pelo alimento como aprendeu com Otávio, e Lorenzo a seguia.

- Boa Tarde família linda. - Para surpresa de todos, Nicolas chegou e foi se sentando a mesa.

Lorota, uma das cozinheiras o serviu e quando ele foi colocando o garfo na boca Lorenzo fez um barulho com a garganta para alerta-lo, ele imediatamente soltou o garfo, cruzou as mãos e agradeceu.

Mel começou a dar uma gargalhada gotosa e todos riram junto.

Nicolas não estava indo muito para mansão pois tinha muita coisa pra resolver, afinal ele ficou 6 meses longe da sua família e de tudo que envolvia a máfia na Itália, mas sempre que passava na mansão fazia questão de brincar com Mel e tentar irritar Sophia fazendo alguma palhaçada.

Horas mais tarde Sophia já tinha colocado Mel para dormi e estava sentada no Deck que tinha no jardim, o lugar era lindo com chão de madeira e cercado de vidro com um sofá grade e confortável, dois balanços redondos suspensos e alguns bancos, um lugar muito aconchegante e moderno.

Ela estava tocando violão e cantando sentada em um dos balanços de costas para entrada.

- Uau, isso foi lindo. - Nicolas falou entrado com Lorenzo. Sophia ficou vermelha. - Eu estava saindo mas quando ouvi tive que ver mais de perto.

Os dois estavam muito bem arrumados o que indicava que iam sair.

- Realmente foi perfeito, Sophia. - Lorenzo falou mais uma vez, cheio de orgulho da filha. - Nos estamos de saída agora, qualquer coisa só pedi para um dos soldados que ficaram fazendo a ronda.

- Tudo bem, não se preocupem, ficarei bem.

Eles se retiraram e no outro dia no café da manhã estava apenas Nicolas sentado à mesa. Eles aproveitaram pra conversar e colocar o papo em dia.

O celular de Nicolas não parava de tocar, Sophia imaginou que fosse trabalho, e então viu ele dando algumas risadinhas disfarçadas mas decidiu ignorar aquilo por hora.

- Seu pai me contou que vai começar as aulas particulares de música.

- Sim começo segunda, graças a Deus, não aguento mais ficar parada.

- Está gostando da vida no seu novo lar ? - Nicolas perguntou deixando o celular de lado e olhando para morena que revirou os olhos.

- Aqui parece mais uma empresa ou um centro empresarial para ser mais específica, mas não tenho o que reclamar, tem gente para fazer tudo por mim, então sim, se é que posso chamar isso de lar.

- A é verdade, nunca pensei por esse lado, lá no Rio você desfrutava de um aconchego familiar aqui você tem pessoas trabalhando para você. - Ele fez uma cara de pena.

- A não é algo ruim, não serei hipócrita. - Ela se levantou da mesa e ele a seguiu e pegou Mel no colo enquanto brincava com ela. - Tem gente passando por problemas mais sérios no mundo, não posso me dar o luxo de achar, que tenho algum problema.

- Nossa. - Nicolas abriu a boca quase deixando uma baba escorrer. - Nunca pensei ouvir algo assim de uma mulher do nosso meio.

- Exatamente, não fui criada no seu meio por isso penso alem das fortalezas luxuosas.

- Tá certa Robin Hood. - Nicolas deu um beijo na bochecha gordinha de Mel e se despediu. - Tenho que ir.

Sophia ficou pensativa. "Robin Hood."

Uma semana se passou, Sophia caminhava pelo corredor até a biblioteca quando viu Nicolas entrado nervoso na mansão e indo em direção ao escritório.

- Esse putos tomaram a carga de novo. - Nicolas falou gritando.

- Eles estão forçado uma guerra, porque eu não irei ceder. - Lorenzo se levantou.

- Eu peguei um filho da puta, vai querer falar com ele ou posso desenrolar a língua dele ?

Sophia se afastou, ela não gostava de saber sobre esses assuntos da máfia. Se sentou no sofá na área externa e começou a ler seu livro tentando afastar a tensão do que tinha acabo de ouvir.

- Sophia - Uma voz rouca e rude. Era Lorenzo claramente tentando se controlar enquanto falava. - Estou de saída agora, mas, assim que eu volta preciso falar com você sobre seu treinamento, não podemos adiar mais.

- Tudo bem. - Ela engoliu seco.

Ela nunca tinha visto aquele olhar de Lorenzo, um olhar mortal e perigoso, como se fosse atacar qualquer um a sua frente.

Os treinamentos eram para que ela criasse resistência e se baseava em aprender a lutar se defendendo e atacando além de atirar.

Lorenzo voltou dois dias depois.

- O seu vou ali e já volto é bem demorado. - Ela debochou.

- Vai colocar uma roupa de academia, vamos sair. - Curto e grosso.

- Nossa, mas você chegou agora...

- Não retruca, vamos sair. - Ele não permitiu que ela continuasse falando.

Ela abaixou a cabeça decepcionada e obedeceu.

Trata-la assim doeu no coração dele, mas ele sabia que era necessário.

Depois de dias treinando estava exausta mas não desistiria tão fácil. Ela era bastante habilidosa e flexível já que dançava desde criança, só lhe faltava força, e se mostrou muito boa em desarmar o inimigo então focaram.

Em uma tarde chuvosa ela estava deitada no sofá de barriga para baixo conversando com Diana por vídeo chamada. Lorenzo chegou.

- A olha quem chegou. - Sophia se levantou, foi correndo até o pai e virando o celular para ele.

- Oi Diana tudo bem ? - Ele falou sem graça.

- Ah, é, estou bem. - Ela respondeu meio desengonçada.

Sophia vendo aquilo ficou pensativa.

- Vou para o escritório querida qualquer coisa você me chama. - Lorenzo falou quase fugindo dali.

- A, bom, tudo bem então. - Sophia estava confusa.

"Por que se trataram assim ?"

No dia seguinte Sophia avistou Nicolas na academia. Ele estava sem camisa, o suor brilhoso escorrendo pelos músculos, ele estava treinando os braços e ela acompanhava o movimento com os olhos. Ele não tinha o corpo exagerado, mas era bem trabalhado.

- Acho que tem uma baba escorrendo aqui. - Tadeo chegou do lado dela.

- Nem vem, nem sei do que você está falando e se alguém perguntar, eu nego.

- Ata, eu já vi esse olhar antes mas estava estampado no rosto do Nicolas enquanto ele estava vendo você treinar outro dia.

Sophia passou a mão nos lábios.

- Para de dizer isso, ele nem conversa mais comigo.

- Bom aí eu já não sei. Sabe...- Ele deu um sorriso sacana. - Eu só falo do que vejo.

Sophia mostrou a língua pra ele e foi tomar banho.

            
            

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