Capítulo 4 Era um desafio viver a vida de Allana

Aurora sempre obedece a seus pais de forma literal, mesmo sabendo que seus pais sempre preferiram sua irmã a ela, ela sempre foi muito grata por tudo, entretanto achava que será injusto ser substituta de sua mimada irmã, contudo por eles pagarem seus estudos seria o mínimo que ela poderia fazer, e se recusar era impossível.

Aurora não poderia deixar de demonstrar sua tristeza, estava nítido em seu olhar que ela não estava satisfeita com aquela situação, mas irá fazer exatamente o que seu pai ordenou, porém iria deixar algo bem claro aos seus pais.

-Está bem, eu irei assumir o lugar de minha irmã, mas não renunciarei aos meus estudos e do meu trabalho, como o Sr. Saymon trabalha, penso que ele não irá desconfiar de nada, e já vou adiantando, não serei Allana por muito tempo, então façam de tudo para encontrá-la, eu faço isso não por ela e sim por vocês, porém não me deixarei acabar em um casamento que nem é meu.

-Sua insolente, ainda quer fazer exigências.

-Papai, eu sou boa, mas sei até que ponto posso ser, então não faça isso.

Aurora virou as costas firme, mas parou quando seu pai chamou.

-Aurora, pegue o necessário que irei te levar até a casa de sua irmã.

-Eu preciso ir para faculdade.

-Hoje você não irá, melhor estar preparada quando Saymon chegar em casa, amanhã você retorna a sua rotina, mas lembre-se, ele não pode suspeitar de nada.

Aurora se manteve em silêncio, ela não queria começar uma guerra com seus pais, foi até seu quarto para pegar o que iria precisar.

Antes de começar arrumar suas coisas, ela se sentou em sua cama, olhando ao redor de seu quarto, lagrimas insistiam em escorrer de seus olhos pelo seu rosto, ao levar uma de suas mãos para secá-las, ela se questionava por que isso estaria acontecendo com ela.

Sua irmã estava fugindo e ela teria que assumir um papel que não lhe pertencia, ela iria atuar sem saber o que lhe esperava, estava sendo jogada entre os leões para morrer.

-O que será de mim, em um lugar totalmente desconhecido, e um homem que eu nunca vi, pessoas que não faço ideia de quem sejam, se Allana está fugindo é porque não é feliz, eu serei mais infeliz que ela.

A mãe de Aurora bate na porta.

-Entre, falou a menina secando rapidamente suas lágrimas e tentando se recompor.

-Vim te ajudar arrumar suas coisas.

Aurora simplesmente balançou a cabeça, ela estava triste demais para falar ou questionar algo.

-Não se preocupa, vai dar tudo certo, não tenha medo, a vida da sua irmã é fácil, ela apenas sai o dia inteiro para fazer compras, você não irá se esforçar muito, quando tiver jantares de negócios de Saymon, você apenas fique bem linda e seja gentil.

Aurora pensava, que sua mãe falando parecia super fácil, porém se era tão fácil qual seria o motivo de sua irmã abandonar uma vida de luxo e sair sem rumo, é claro que não era tão perfeito assim.

Com todos os pertences necessários prontos, Aurora carregou até a sala onde seu pai a esperava.

-Isso é tudo?

-Sim papai.

-Você não vai levar suas roupas?

-Não, como poderia se as roupas de minha irmã são lindas e cheia de glamour, estaria obvio se eu levasse até um prendedor de cabelo.

-Você é perfeita para isso, é muito inteligente!

Você está certa, então vamos, assim você terá tempo de se familiarizar com a casa, empregados e quando o marido de sua irmã chegar em casa, não irá perceber nada.

Para Aslan poderia ser a solução perfeita, mas para Aurora era um pesadelo.

O caminho até a casa de Saymon foi em total silêncio, as batidas do coração de Aurora podiam ser ouvidas, ela estava muito nervosa.

Quando o carro de Aslan foi diminuindo a velocidade, Aurora já sabia que estava chegando.

Ao estacionar, a mulher olhou para seu pai, com os olhos implorava para não ser deixada ali, porém, Aslan mal olhou para sua filha.

Ao desembarcar, Aslan retirou Aurora do carro, a porta de entrada foi imediatamente aberta por Marta, a governanta de Saymon.

-Bom dia Sra.

Minha filha estava em minha casa, por isso vim trazê-la, ela não está muito bem hoje.

-Bom dia!

Notei a demora para a Sra. Descer para o café, mas não imaginei que não estava em casa, já que acorda tarde, me desculpe a falta de atenção.

-Não se preocupe, está tudo bem, disse Aurora

-Nossa a Sra. Deve estar muito mal, sua voz está tão baixa.

-Sim, minha filha precisa descansar, poderia levá-la até seu quarto, por favor.

-Claro Sr.

Vamos Sra. Eu irei acompanhá-la.

Como Aurora não sabia onde ficava o quarto de sua irmã, seu pai fingiu que ela não se sentia bem para a governanta acompanhá-la.

Aslan retirou as coisas de Aurora do carro e deixou na porta de entrada e foi embora, nem ao menos se despediu de sua filha.

-Seu pai estava com pressa, ele raramente vem aqui, e nem se despediu.

Aurora não disse nada, ela não tinha palavras para se expressar, e o medo que sentia era grande.

Ao chegar no quarto, Aurora entrou tímida, mas ao vê-lo, não tinha dúvida que aquele era o quarto de sua irmã, era a cara dela.

-Eu pessoalmente irei preparar algo para a Sra. Comer, tome um banho que logo retorno.

Era nítido o conforto que Allana tinha naquela casa.

-Porque minha irmã que tanto desejou viver assim, abandonaria tudo.

Aurora foi em direção ao closet de sua irmã, olhando tudo em sua volta via roupas lindas, sapatos maravilhosos, bolsas de todas as cores e tamanho, joias e muito mais, porém nem um sinal de roupa masculina.

-Por que as roupas do marido dela não estão aqui?

Aurora se perguntava curiosa.

-Todas as roupas de minha irmã parecem desconfortáveis para usar dentro de casa, como poderei usar isso?

Aurora não via nenhum tipo de roupa que poderia ser confortável para dormir, ou apenas para ficar em casa, ir para faculdade, ir há seu emprego com aquelas roupas jamais, seria muito estranho.

-Vou precisar comprar algumas coisas, que pareça sofisticada, mas que eu possa me sentir confortável, pelo menos para dentro de casa e ambientes que frequento, na frente do marido dela eu uso suas roupas.

Para Aurora era um desafio viver a vida de Allana.