Capítulo 5 verde turquesa.

- Escolhe uma cor! - Noah exclamou animado assim que entrou na loja de tintas com Oliver.

- Noah, isso é ridículo. - Oliver disse, balançando a cabeça em descrença, mas Noah estava determinado.

- Escolhe logo ou eu escolho para você, e vai ser rosa. - Noah disse, provocando Oliver com um sorriso motivador.

- Eu gosto dessa cor. - Oliver disse, apontando para o verde turquesa que estava na prateleira.

- Ele gostou dessa cor. - Noah disse ao homem que estava atendendo. Noah e o atendente conversaram por um momento até que o homem pegou duas latas de tinta e colocou sobre o balcão juntamente com o restante dos materiais de pintura, que claramente Oliver não fazia ideia de quais eram os nomes.

- Noah, você não precisa fazer isso. - Oliver disse, tocando o braço de Noah e olhando para a pilha de materiais de pintura. Noah apenas se virou para Oliver, com um sorriso confiante no rosto.

- Pense nisso como um segundo encontro. - disse Noah, com um brilho nos olhos.

- No mesmo fim de semana? - Oliver questionou, com surpresa pela proposta, mas ele acabou sorrindo assim que Noah pegou seus pulsos para puxá-lo em sua direção. Oliver percebera que não podia resistir ao entusiasmo de Noah e seu desejo genuíno de faze-lo sorrir.

- Isso é um problema, Princesa? - Noah rosnou sedutoramente, em seguida, colocando sua testa contra a de Oliver. - Isso vai ser divertido, agora chega de lamentar. - Noah acrescentou e então se virou para encarar o atendente que estava parado do outro lado do balcão, dando o seu melhor para não demonstrar seu desapontamento ao ver dois garotos tão próximos.

- São setenta e quatro reais e cinquenta centavos. Mai alguma coisa, senhor? - o atendente perguntou forçando um sorriso educado. Noah apenas balançou sua cabeça e entregou o dinheiro ao atendente, agradecendo pela ajuda.

Quando Noah e Oliver terminaram de colocar todas as coisas em um carrinho de compras, os dois garotos fizeram caminho até o estacionamento o mais rápido possível.

***

- É sério que estamos fazendo isso a essa hora? - Oliver questionou, olhando para o relógio e vendo que já era tarde da noite. Mas logo ele estava rindo das palhaçadas que Noah fazia enquanto eles arrastavam os moveis do quarto para o corredor.

- Sim! Nós estamos. E temos toda essa noite e o amanhã para terminar. - Noah disse animadamente determinado, carregando um braço cheio de almofadas enquanto se balançava no ritmo da música que tocava ao fundo.

Noah começou a espalhar jornas em cada canto do quarto para proteger o chão da tinta respingada, garantindo que a bagunça fosse minimizada. Com cuidado, ele retirou de uma das sacolas um rolo de plástico para pintura e uma bandeja para a tinta. Noah preparava tudo meticulosamente, garantindo que tivessem todos os materiais necessários para a transformação do quarto. Sem mencionar que foi graças ao potente aspirador de pó de Noah que o quarto estava livre de qualquer sinal de cacos de vidro e agora os dois garotos poderiam até mesmo ficar descalços.

Já havia se passado duas horas desde que Oliver e Noah se aventuraram na reforma do quarto e, apesar do cansaço começar a se fazer presente, ambos estavam determinados a completar a tarefa. Duas das quatro paredes já estavam prontas e pintadas com a cor verde turquesa vibrante e alegre que Oliver escolhera, trazendo vida ao ambiente outra vez. Oliver sempre se pagava rindo de Noah, porque toda vez que uma música animada tocava no fundo, ele soltava o seu pincel e começava a dançar, puxando Oliver junto para um pequeno momento de descontração. Oliver nem mesmo tinha tempo para se lembrar do que os trouxe até este momento, pois o entusiasmo de Noah era contagiante.

Os dois garotos já estavam cobertos de tinta seca dos pés à cabeça, mas com Noah ao seu lado, Oliver nem mesmo se importava com isso.

- Noah, que droga. - Oliver riu quando Noah o puxou e eles giravam no meio do quarto e o cheiro de tinta fresca não era tão ruim como Oliver imaginava.

- Eu amo essa música. Dança, Oliver! - Noah exclamou, puxando Oliver para mais uma rodada de dança no meio do quarto em reforma. Eles giravam até ficar tontos e cair no chão. Caídos, eles começaram a rir descontroladamente até ficar sem folego. Noah tinha seus braços ao redor de Oliver agora e ele só conseguia pensar em como Noah era incrivelmente lindo, vestindo sua camiseta branca completamente coberta de tinta verde agora. Oliver desejava ansiosamente se inclinar e beijar os lábios suavemente rosas de Noah, mas ele sabia que ainda não era o momento certo. Ele queria estar no controle da situação por uma primeira vez.

Os dois garotos continuaram olhando um para o outro enquanto ainda estavam no chão. Até que isso acabou graças a uma brincadeira de quem consegue ficar olhando sem piscar por mais tempo.

- Você piscou! - Noah exclamou, apontando para Oliver com um sorriso travesso no rosto, ele estava perdendo todas. Oliver riu e negou com a cabeça. O tanto que Oliver já havia chorado naquele dia fazia-o pensar que provavelmente seus olhos não secariam facilmente.

- Não. - Oliver respondeu. Os olhos de Noah já não suportavam mais e então se encheram de lágrimas, fazendo com que eles se fechassem. - Ainda não acabou. - Oliver provocou se inclinando para frente depois que soltou as mãos do pescoço de Noah e usando seus dedos para abrir suavemente as pálpebras dele.

- Ei. - Noah estava rindo muito agora, segurando sua barriga. - Precisamos terminar de pintar e talvez se conseguirmos terminar cedo, podemos assistir a um filme. - Noah sugeriu, tentando conter o riso. Oliver concordou com um sorriso e levantou-se, ajudando Noah a se levantar também.

- Abraçados? - Oliver perguntou, estendendo os braços em direção a Noah, que tinha seu rosto se iluminando.

- Abraçados!

***

O quarto estava finalmente completo, com paredes recém-pintadas e móveis organizados. As janelas foram abertas e dois ventiladores foram colocados para ajudar a secar as belas paredes verdes. Aquela palavra que Oliver odiava tanto agora se ocultava sob três demãos de tinta, mascarada por uma cor muito mais bonita e pintada por um jovem belo pintor.

Vestindo novas roupas limpas e com tudo no seu devido lugar, Noah e Oliver sentaram-se no sofá, extasiados com a transformação que haviam realizado juntos. Satisfeitos com a tarefa concluída.

- São só duas da manhã. - Noah exclamou, erguendo as mãos com um sorriso.

- Isso significa que podemos começar a assistir a um filme abraçados? - Oliver perguntou, com um olhar ansioso.

- Claro! - Noah respondeu animado, empurrando Oliver no sofá e correu até a cozinha. Depois de alguns instantes, ele voltou segurando uma sacola de supermercado e uma colher.

- O que é isso? - Oliver perguntou, cutucando a barriga de Noah assim que ele passou por ele. O filme foi colocado na tv e Noah se sentou ao lado de Oliver com um sorriso travesso depois de largas três potes de sorvete sobre a mesa de centra. Os olhos de Oliver brilharam ao ver que eram os sabores que ele amava: chocolate com menta, baunilha e napolitano.

- Então, quando você pretende se casar? - Oliver perguntou, antes de suspirar ao ver as três generosas porções de sorvete diante de si.

- Logo, mas agora... este é o teste final. - Noah brincou, balançando a colher na frente do rosto de Oliver. - Uma colher, duas pessoas, você consegue lidar com isso?

- É sorvete, não me importaria nem se você fosse um cachorro. - Oliver brincou, pegando a colher das mãos de Noah e começou a cavar o chocolate com menta. Quando a colher estava cheia, ele a levou à boca. À medida que o filme começou, Oliver se aproximou de Noah, com um pote de sorvete em seu colo e os braços de Noah ao redor dele. Chegou um ponto em que ele fez Noah lhe dar sorvete na boca como uma criança, o que o fez rir.

- Oliver, já estou tão cheio. - Noah gemeu. O filme estava na metade, e todo o sorvete havia desaparecido, até a última gota.

Talvez, sorvete seja o melhor amigo de um coração partido.

- Você é fraco. - Oliver riu, afastando o pote de sorvete de seu colo e acomodando-se novamente no abraço de Noah. Sentia-se consideravelmente melhor, como se seu quarto jamais tivesse se transformado em um pesadelo.

Noah era realmente incrível. Ele puxou um cobertor do cesto ao lado do sofá e o estendeu sobre os dois. Com a cabeça de Oliver apoiada em seu peito, ele fechou os olhos. Oliver nunca imaginara que poderia ser feliz novamente depois de perder seu único e melhor amigo. Mas, às vezes, quando se ama alguém profundamente, é preciso deixá-lo partir.

E Oliver esperava que ele nunca voltasse, porque Jake e ele não estavam destinados a estar juntos.

***

Na manhã seguinte, Oliver acordou com sua cabeça afundada no sofá. Noah já não estava ali, mas o cobertor que havia os envolvido na noite anterior ainda o cobria. Sua primeira preocupação foi uma terrível imaginação: "Jake matando Noah e escondendo seu corpo no fundo do quintal. Deus."

- Noah? - Oliver chamou, a voz saindo fraca e sonolenta. Logo ele teve uma resposta.

- Sim, Oliver? - a voz de Noah soou calma vindo do segundo andar. Oliver se levantou do sofá, sentindo seu corpo dolorido devido ao desconforto da noite no sofá, mas a lembrança de adormecer nos braços de Noah compensava qualquer desconforto. Ele subiu as escadas e notou que a porta de seu quarto estava fechada, e Noah estava de pé em frente a ela.

- Você...?

- Você merece o melhor, Oliver. - Noah disse, segurando as mãos de Oliver delicadamente, em seguida, ele abriu a porta lentamente e revelou a surpresa que havia preparado para Oliver. A respiração de Oliver prendeu na garganta enquanto seus olhos brilhavam.

- O que? - Oliver disse, sem conseguir encontrar as palavras certas para expressar sua surpresa. O lugar onde a palavra 'VIADO' antes tinha sido escrita agora dava lugar a uma linda obra de arte. Mais uma vez, Noah se demonstrava ser incrível.

A pintura retratava uma montanha com dois meninos de mãos dadas no topo, contemplando um nascer do sol deslumbrante. A técnica de pintura era tão profissional que lágrimas brotaram nos olhos de Oliver. Ele se virou para ver o resto do quarto, que estava perfeitamente arrumado, como se nada tivesse acontecido.

- Noah... - Oliver ainda não conseguia conter as lágrimas e puxou Noah para perto de si.

- Por que você está chorando? - Noah perguntou mesmo com seus olhos também marejados.

- O que você fez e está fazendo é tão... incrível! E eu nem sei como te agradecer.

- Ah, não é nada demais. - Noah sorriu, enxugando as lágrimas dos olhos de Oliver.

- A pintura foi você... Quero dizer, você é incrivelmente talentoso... - Oliver mal conseguia respirar devido a surpresa e o choque.

- Quero que você olhe para isso e pense em nós dois, na noite que tivemos, nos divertindo. Sempre. Não importa o que aconteça em nosso futuro, mesmo que você me odeie ou me ame nos próximos dois anos... quero que a parede, essa imagem, represente o quanto você está crescendo em mim. - Noah estava se abrindo, revelando seus sentimentos pela primeira vez. Oliver sentiu um misto de emoções ao ouvir as palavras de Noah.

- Obrigado, Noah.

- Pare de me agradecer, Oliver, e apenas me beije. - Noah sorriu e se inclinou, trazendo Oliver para perto dele. Oliver pressionou seus lábios suavemente contra os de Noah e fechou os olhos.

E naquele momento... ele realmente sentiu as borboletas.

                         

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