Capítulo 10 Você está demitido

Ponto de Vista de Ângelo

Segurei o punho do senhor Aydin, impedindo de golpear a minha protegida.

- O que estava fazendo? - O velho turco mediu forças comigo.

O meu rosto queimava, expressando raiva e indignação. Osman estava perdendo as estribeiras. De alguma forma, Leyla estava certa. Embora existissem leis, tudo era como eco que ressoava bem longe, surtindo poucas mudanças; no entanto, prometi à CEO que não permitiria que nem Sultan e nem mesmo o avô a machucariam novamente. Eu estava cumprindo a missão de protegê-la.

- O senhor não pode bater em uma mulher.

- Isso não é da sua conta - vociferou no idioma. - Você foi pago para vigiar a minha neta enquanto ela estivesse neste hospital...

- Passou a ser da minha conta quando o senhor ameaçou a Leyla.

- Quem você pensa que é, cachorro sarnento? - o sotaque de Osman ficou ainda mais acentuado em meio a tensão.

- Sou o guarda-costas da CEO.

- Você está demitido, - o senhor Aydin tencionou o lábio superior. - A minha já recebeu alta, eu vim buscá-la.

Soltei o punho no instante em que ele baixou o braço e relaxou a mão.

- Vá embora, - Leyla ordenou, chorando. - Não vou a lugar nenhum com o senhor e nem mesmo com o Sultan.

Estava claro que toda aquela situação a atormentava física e emocionalmente. Girei a maçaneta e indiquei a saída para o velho.

- Vou garantir que você não encontre mais emprego nesta cidade.

- Hum, é mesmo? - indaguei sarcasticamente. - Se o senhor já falou tudo, pode se retirar. Minha chefe não tem mais nada para tratar com o senhor.

O velho passou a mão trêmula duas vezes nos fios brancos da barba ao me fuzilar com olhar. Por fim, ele saiu.

Não sabia se devia ficar, mas enquanto a Leyla estava se recompondo com a ajuda da advogada. Fiquei ali parado até ela me dispensar.

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Eu sabia que teria um dia agitado pela frente, mas não imaginava o quão tumultuado ele se tornaria.

Ainda no quarto, elas estavam tomando o café da manhã. Leyla e a sua advogada estavam conversando sobre o processo de divórcio litigioso.

Quieto no meu canto, ouvia tudo. Eu estava surpreso com a quantidade de informações que ela conseguiu reunir em tão pouco tempo. A presença da Dr.ª Isadora, com sua expressão séria e olhar atento, só aumentava a tensão no ar.

"Um casamento por conveniência!" Cocei a minha nuca instintivamente ao refletir sobre a proposta que a CEO me fez há pouco. Por motivos óbvios, eu poderia aceitar, mas fiquei pensando em Jasmim. No funeral dela, eu prometi que jamais me casaria com outra mulher. Não havia sol no dia que ela se foi, meus sonhos de ter uma família foram enterrados com ela.

- Ângelo, você já terminou de comer? - Leyla indagou, despertando-me de meus pensamentos.

- Sim, tomei um copo de café.

- Você está pálido! - Leyla reparou.

- Tem muito tempo que não vou à praia, - comentei, tentando descontrair a tensão. - A senhora dispensará os meus serviços? - questionei a senhora Aydin.

- Não! Na verdade, eu quero que você continue trabalhando para mim. A Isadora elaborará um contrato de confidencialidade. Necessito que assine caso concorde com os termos.

- Claro!

- Que tal 7 mil por mês? - A doutora Isadora inquiriu.

- Perfeito!

Eu já tinha recebido o pagamento pelo serviço adiantado que o meu tio enviou. Com aquele valor, eu quitaria os meses que eu devia de aluguel do meu apartamento.

- Muito bem, você continuará trabalhando como o meu guarda-costas.

Gostei da maneira como aquelas palavras saíram dos lábios da CEO.

- Quanto a sua proposta, eu...

- Não vamos falar sobre isso, agora, - ela interrompeu-me, - depois que eu me divorciar do Sultan, nós voltaremos a tocar nesse assunto.

Leyla estava determinada a se livrar de seu opressor e eu estava mais tranquilo por ter um trabalho fixo. Inesperadamente, o meu celular tocou, interrompendo a conversa das duas. Era o meu tio.

- Desculpe! - Rejeitei e desliguei o aparelho.

Virei-me para a porta após algumas batidas leves. Olhei pela fresta ao ver a senhora que usava blazer preto combinando com a saia.

- Posso ajudá-la?

- Estão solicitando a sua presença na administração do hospital.

Toquei o nó da gravata cinza grafite. Tinha certeza que era para falar sobre a minha dívida.

- Por quê?

- O seu nome foi mencionado em uma reclamação feita pelo Senhor Osman Aydin, o avô de nossa paciente informou que foi agredido pelo guarda-costas que contratou.

Eu não fiquei tão surpreso com a acusação. Sem perder tempo, olhei para Leyla e a advogada, ambas tinham noção da situação.

- Isadora vai acompanhá-lo!

- Não vou te deixar aqui, - rebati.

- Vou com vocês! - A senhora Aydin respirou fundo.

Era hora de tomar coragem e enfrentar a tirania de Osman Aydin.

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Leyla estava indignada com a reclamação e pronta para confrontar seu avô. A Dr.ª Isadora, por sua vez, estava calma e confiante em sua habilidade de lidar com a situação legalmente.

- O senhor Osman Aydin disse que o senhor apertou o braço dele com violência.

- O meu cliente apenas impediu que o avô da senhora Aydin desferiu um golpe contra ela, - a voz imponente me defendeu.

A Dr.ª Fernanda, por sua vez, apresentou argumentos sólidos em minha defesa.

- Eu não fui violento com o senhor Osman.

- Gostaria de ver as gravações do quarto da Senhora Aydin, - a advogada pediu.

- Você se intrometeu em um assunto familiar, - o velho encarou-me.

- Isso não é verdade, o senhor tentou me bater, - Leyla rompeu o silêncio, defendendo-me, - Foi por isso que o meu guarda-costas interferiu.

- Isso é verdade, senhor Osman? - O diretor do hospital perguntou.

- Ela é minha neta, tenho direito de corrigi-la e educá-la.

- Perdoe-me pela intromissão, mas isso não te dá o direito de ser agressivo com a Leyla. Aliás, ela já é adulta e se quiser, pode dar queixa contra o senhor.

Foi uma batalha verbal intensa, mas no final, conseguimos desmascarar a tentativa de difamação. Indignado, o velho Osman arrastou a cadeira com o peso do corpo e levantou.

- Você está de alta, - pigarreou, limpando a garganta após falar com Leyla. - Venha, eu vou levá-la para a sua casa - tentou tocar o braço, mas ela retrocedeu num sobressalto.

- Não, eu não quero ver o Sultan.