Capítulo 6 O Susto

Ponto de Vista de Ângelo

Eu estava cumprindo meu papel como guarda-costas, atento a todos os movimentos ao redor. Fiquei refletindo acerca do atentado contra vida de Leyla. Não conseguia entender como alguém poderia fazer algo tão terrível contra ela, e ainda mais, como fui parar no meio desta história.

Era madrugada, a minha mente tentava juntar os pedaços dessa situação caótica até que as minhas pálpebras começaram a ficar mais pesadas, e então, eu adormeci.

Repentinamente, o som do clique me despertou. Os meus olhos arregalados prestavam atenção na mulher atordoada.

Leyla teve um dia agitado, mas eu nunca poderia prever que ela tomaria uma atitude tão absurda.

Diante da mira da minha pistola, o instinto de sobrevivência entrou em ação. Com os anos de treinamento, e experiência, eu sabia exatamente o que fazer. Sem hesitar, eu agarrei a arma de sua mão com precisão.

- Volte para a cama!

- Quero sair daqui, - Ela resistiu.

O estampido entrou em meus ouvidos nos meus ouvidos, o traçante veio na minha direção. Tudo aconteceu em um piscar de olhos. Estupefato, observei o semblante chocado da mulher à minha frente.

Mesmo ferido, aproveitei o momento em que ela se assustou. Tomei a pistola das mãos Leyla e girei o corpo franzino, mantendo-a entre mim e qualquer possível ameaça. As suas costas colidiram contra o meu abdômen, eu a segurava firmemente pelos ombros.

- Por que você fez isso? - Eu indaguei, minha voz carregada de incredulidade e preocupação.

A respiração da CEO estava entrecortada, eu podia sentir a tensão que percorria o seu corpo.

- No que estava pensando? - Inquiri entre dentes.

A confusão e a raiva se misturavam dentro de mim. Fui contratado para protegê-la e, em menos de 24 horas, eu estava segurando-a contra sua vontade. Ela não respondeu de imediato. Os seus olhos encontraram os meus, e pude ver um misto de medo e arrependimento refletido neles.

- Ângelo, eu... Eu não sei o que deu em mim. Foi apenas um impulso irracional, eu não queria te machucar -, ela murmurou, sua voz carregada de remorso. - Eu só quero sair desse hospital.

Suspirei profundamente, tentando controlar a tempestade de emoções dentro de mim. Eu já havia percebido que Leyla era uma mulher forte e de personalidade intensa, mas nunca imaginei que ela poderia tomar uma atitude tão perigosa.

- A senhora tem que entender que recebi ordem para protegê-la. - Repreendi, minha voz firme e séria. - Não posso te deixar sair daqui.

- Você está ferido!

O meu sangue estava tão quente que mal senti dor naquele momento.

- Vou te soltar, não faça mais nada por impulso.

Ela assentiu, compreendendo a gravidade da situação. A tensão em seu corpo foi diminuindo, eu a larguei lentamente, mantendo a arma segura em minhas mãos.

- Oh, não! - Leyla colocou a mão na boca ao se virar e ver a mancha vermelha em minha camisa. - Tenho que chamar um médico.

- Nem pense em sair desse quarto, - minha voz estava mais rouca e intimidadora.

Franzi o cenho, suportando a dor ao sentir uma leve fisgada no ferimento. Desviei o meu olhar para os dois brutamontes que cruzaram a porta. As expressões de ambos ficaram ainda mais sérias ao avistarem a pistola em minha mão direita.

- Você está preso por suspeita de envolvimento no atentado contra a CEO Leyla Aydin, - disse o policial que entrou logo em seguida. - Você tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal.

- Não fiz nada contra a senhora Aydin. - O meu desespero aumentou.

Eu estava cheio de dívidas, a ponto de ser despejado do meu apartamento e, ainda por cima, fui acusado injustamente.

- Ouvimos disparo, - um dos seguranças falou com Leyla. - A senhora está bem?

Ela concordou com um aceno de cabeça, a face estava pálida enquanto assistia o policial se aproximando para me conter.

- Abaixe essa pistola, - o homem fardado ordenou.

- Sou o guarda-costas dela, liguem para o senhor Osman Aydin. O avô dela me contratou.

Os seguranças e o policial não pareciam acreditar em uma palavra do que eu estava dizendo.

Eles se aproximaram de mim, seguraram os meus braços com força como se eu fosse um criminoso perigoso. Eu me debati, tentando me soltar.

- Conte a verdade para ele, senhora Aydin! - As minhas palavras pareciam cair no vazio.

Enquanto eu tentava me libertar, os meus olhos encontraram os da CEO, que estava parada ao lado da cama, observando a cena com uma expressão mista de choque e descrença.

- Por favor, diga a eles que sou o seu guarda-costas - gritei, os seguranças do hospital me arrastavam para fora. - Eu só quero protegê-la.

A porta do quarto se fechou atrás de mim e eu fui arrastado pelo corredor. Estava cercado por olhares curiosos e julgadores. Era tratado como um criminoso. Enquanto os seguranças me levavam para longe, eu olhei para trás uma última vez, tinha esperança de que Leyla esclarecesse a situação.