O dia poderíamos dizer que estava ocorrendo como sempre ocorria, ele acordava ao lado da mulher que amava, tomava seu café da manhã, bem reforçado, e partia para a plantação verificar como estava o andamento das coisas, logo depois passava pelos galpões onde eram feitas as drogas sintéticas, fiscalizava para ver se tudo estava ocorrendo nos conformes.
Matteo saiu de um dos galpões quase na hora do almoço, lembrou que mais cedo prometeu a um de seus filhos que almoçaria com eles. Montou em seu cavalo puro sangue partindo em direção a casa principal.
Ao decorrer do caminho percebeu uma certa agitação no pessoal da fazenda, a maioria desesperada quando o via faltava se ajoelhar a seus pés lhe pedindo perdão, mas como estava com pressa para poder comer com seus filhos e esposa não prestara muita atenção aos sinais que a vida lhe dava.
Pessoas com baldes de água passavam apressadas com o pavor estampado em sua face, realmente algo serio estava acontecendo.
Matteo já com uma pulga atras de sua orelha decide parar uma dessas pessoas que passavam por ele apresadas.
- O que está acontecendo? - Pergunta preocupado com a plantação, o que ele não imaginava que era mil vezes pior.
A pessoa que o chefe parou estampava angustia misturada com medo, o que não fazia sentido na cabeça dele, porque as pessoas que trabalhavam tantos anos na fazenda teriam medo justo de Matteo, um homem integro, que só fazia bondade aos seus funcionários. Em seus pensamentos ele nunca dera motivos para terem medo muito menos pavor dele.
- É-É-É qu-que a mansão...
- O que tem a mansão homem? - O chefe interrompe angustiado em saber que o problema estava na mansão.
- Ela está pegando fogo chefe.
Finalmente seu funcionário diz o que estava acontecendo, ali ele teve certeza que era um atentado a sua família, isso o preocupou imensamente. Imediatamente viera em sua mente seus filhos.
- Em que proporções está o incêndio? - Matteo pergunta já com medo do que ouviria.
- Na mansão toda - O rapaz diz apontando em direção a uma nuvem de fumaça negra que infelizmente retratava um incêndio de enormes proporções.
- Cadê meus filhos? - A pergunta sai de sua boca no automático.
- Não sabemos onde estão.
Louco de preocupação, o medo o corroendo de dentro para fora, seu coração faltando sair pela boca, subiu no cavalo seguindo em direção a mansão, a galope, que agora se transformou em uma gigantesca nuvem negra.
A fumaça do incêndio que Matteo tinha a plena certeza de que se tratava de uma obra de seus inimigos, que tentavam a todo custo o atingir de alguma forma, tomava proporções jamais vistas por ele, por quilômetros podia sentir o cheiro de madeira queimando.
Ao se deparar com a mansão em chamas, os olhos dele se encheram de lágrimas prestes a transbordar, contudo, tinha que ser forte e demonstrar frieza diante da cena, pois com toda certeza do mundo a pessoa que provocara esse incêndio criminoso estava por perto observando como seria a reação de Matteo diante tal cena.
- Cadê minha família? - Matteo grita para poderem o escutar por conta do barulho das altas labaredas que tomavam a mansão por completo.
- Não sabemos senhor - Disse um dos capatazes que tentavam todo custo apagar o fogo da mansão.
- Podem parar - O chefe grita descendo do cavalo, se aproximando de seus empregados - Os bombeiros já foram chamados?
- Não.
Alguém lhe responde.
- Nós não conseguiremos apagar esse fogo sozinhos.
Matteo constata o obvio.
A preocupação e a angústia, que nele sempre andavam de mãos dadas tomam conta de seu ser, onde Julia e as crianças se meteram? Essa pergunta rondava seus pensamentos. Era impossível uma pessoa sobreviver em um incêndio dessas proporções.
O medo, um sentimento que está presente em todo ser humano, contudo, o medo que Matteo sentia naquele momento era uma coisa de outro mundo, era como se tirasse alguns pedaços dele, lhe doía na alma, o que ele sentia era uma coisa surreal.
- Liguem agora para os bombeiros. - Ele ordenou andando de um lado a outro - Não podemos deixar o incêndio se espalhar para o restante da fazenda.
O desespero de todos que ali estavam era palpável, ninguém que presenciava tal acontecimento já passara por algo nesse nível.
Além de estar preocupado com o restante da fazenda, se esse incêndio se espalhasse por todo o lugar o prejuízo que ele teria seria incalculável, além de atrasar todo o fornecimento de produtos que a fazenda produzia.
Também Matteo não sabia onde sua família estava, se conseguiu sair ou se ainda se localizava dentro da mansão, que neste momento começou a desmoronar e nada dos bombeiros chegarem, seus funcionários tentavam a todo custo impedir que o fogo se espalhasse por toda a propriedade, algo que poderia ser considerado ariscado para civis estarem realizando, mas como a fazenda ficava muito longe da cidade consequentemente longe de onde os bombeiros estavam localizados.
Matteo via que o desespero das pessoas a sua volta era genuíno, ele infelizmente agora se encontrava em um estado de inercia, o famoso choque pós-traumático, não entendia muito bem o que falavam com ele, muito menos conseguia registrar o que acontecia a sua volta.