Capítulo 4 O passado de Lorenzo

Ah, como a vida de Lorenzo fora difícil, principalmente em sua adolescência, como dizem, a época em que há inúmeras descobertas, para ele que infelizmente foi privado de tal acontecimento, o transformou em um adolescente que mal falava, era quieto. Seus colegas de escola o achavam misterioso.

Muitos acreditavam que ele sofrera algum tipo de abuso, mas a verdade era que ele se privava de sentir, viver como realmente queria, ele receava que seus pais descobrissem que seu filho, seu único por sinal, não poderia ser considerado 'normal'.

Contudo lhes faço a pergunta de um milhão de euros...

Quem é normal nessa porra de vida?

Ninguém diria para quem ousasse me fazer tal pergunta idiota.

Ali, quieto em seu quarto, com mais dúvidas do que respostas, sem alguém que lhe pudesse ajudar, o jovem confuso, com medo desse abrir, com medo da reação dos pais, mas pra que tanto medo? Lhes pergunto.

Simples, seus pais nem sequer piscavam para falar mal da comunidade LGBTQIAPN+, enxiam o peito de ar para gritar a plenos pulmões que tinha um filho normal, hetero, contudo mal sabiam eles que seu querido filho Lorenzo, estava em seu quarto, deitado em sua cama encolhido em posição fetal, chorando, se questionando o porque de se sentir tão diferente das pessoas ditas como normais, sim é isso mesmo, Lorenzo Alburquerque não se sentia como seus colegas de classe, tendo seu primeiro crush em uma colega de classe, ou até mesmo em uma atris do cinema ou até mesmo da televisão.

Se indagava o porque de ter nascido assim, o porque de ter os pais que tinha, realmente não queria ser filho de quem era, duas pessoas que não passavam de dois troços de merda, e ainda da mais podre que Deus encontrou para lhe presentear como seus pais.

Outra coisa que o incomodava era Deus, porque se ele existisse não poderia ter lhe dado pais que o amassem como realmente era, que não queriam muda-lo a qualquer custo, isso era triste, é verdade, contudo, era os pais que tinha.

Durante toda sua adolescência quis fugir, ao queria mais sofrer calado, ouvindo o pai xingar os gays e todo o resto da comunidade.

Seu pai, o Sr. Pietro Alburquerque, que mais vivia dentro da igreja do que tudo, e mesmo assim, cometia adultério adoidado, frequentemente havia brigas em sua casa, de um lado seu pai dizendo que mudaria, do outro sua mãe desesperada, talvez, irada, para dizer com mais exatidão, o xingava de tudo o que era xingamento, mas como sempre eles terminavam a noite fazendo as pazes.

Esse foi um pouco da adolescência de Lorenzo, que infelizmente não pudera ser ele mesmo na maior parte do tempo, vivia uma vida de faz de conta, acompanhando os pais a igreja, fazendo tudo que lhe era ordenado, contudo tudo tem sua hora de chegar a um fim.

Ao amanhecer daquele dia, para ser mais preciso, no dia do seu aniversário de 18 anos, Lorenzo acordara decidido a dar um basta na situação em que se encontrava.

Se levantou, indo para a mesa de café da manha, a mesa estava posta, seu pai, sentado na cabeceira dela, sua mãe sentada ao seu lado direito, os dois comiam um croissant cada, o de sua mãe era com recheio de chocolate ao leite, o de seu pai era o clássico, não diziam nada um ao outro, já fazia anos que os dois estavam casados de fachada, moravam na mesma casa, contudo, um não falava com o outro a anos.

- Bom dia.

Lorenzo diz se sentando na outra cabeceira da mesa, seu pai por sua vez não gostava que o filho sentasse ali, pois somente ele poderia se sentar na cabeceira da mesa, mas como ele 'Lorenzo' iria contar algo que com toda certeza enfureceria tanto o pai quanto a mãe, decidiu se prevenir sentando-se o mais longe possível.

- Pai, Mãe, eu tenho algo para lhes contar...

Ele começa a dizer gaguejando entre uma palavra e outra o que fez com que ganhasse a atenção dos dois.

- Diga meu filhão.

Disse seu pai todo orgulhoso de seu filho.

- Eu... terminei com a Agnes - Solta a bomba na mesa.

- Claro meu filho, quem é a outra? - Pietro já supõe que a outra.

- Não tem outra, pai... - Começa a dizer, mas é interrompido pelo eu pai.

- Então são outras.

- A verdade é que não há ninguém.

- Como assim?

- É o que o senhor ouviu. Só mais uma coisa meu relacionamento cm ela era de fachada e eu cansei de fingir quem eu não sou.

- E quem é você? - Pietro pergunta já com a voz alterada, imaginava o que viria a seguir.

- Eu... sou... gay...

O silencio após Lorenzo dizer essas três palavras tão temidas em sua vida dava para ser cortado de faca. Pietro ficou incrédulo com tal barbaridade que o filho proferira.

"Isso não pode ser verdade" Pietro sussurra em pensamentos, ele não sabia o que falar, ou até mesmo como agir, ele estava em choque.

- Pegue suas coisas, você não fica mais nenhum dia nessa casa.