Carta:
Reino de Lucis, sou Katherina Dragons. Escrevo para pedir ajuda. Meu reino está sob ameaça de guerra e meu marido, o rei Damon, se encontra terrivelmente doente. Por favor, nos ajudem. Eu e meu reino seremos eternamente gratos à vossa ajuda em um momento tão difícil. É preciso ajudar, para juntos a ameaça derrotar. Uniremos forças e assim, quando vocês precisarem, estaremos aqui também para ajudar.
Ass: Rainha Katherina Dragons.
Aquele dia fatídico... As memórias ainda me assombram, pintando meus sonhos com tons de vermelho e cinza. "Eles não vieram..." As palavras ecoam em minha mente, um mantra amargo que define o abismo de solidão em que fomos lançados. Poucos reinos atenderam ao nosso chamado, poucos se importaram com o sangue que manchava nossas terras. Aquele dia, o dia em que meu mundo ruiu, permanece gravado a ferro e fogo em minha alma.
A imagem de meu pai, a espada cravada em seu coração, a vida esvaindo-se em um rio carmesim, me persegue implacavelmente. O horror da decapitação de minha mãe, a frieza da lâmina que silenciou sua voz para sempre, me assombra em cada pesadelo. Foi um banho de sangue, um massacre brutal que ceifou vidas e sonhos, um inferno que se abateu sobre nós sem piedade.
Naquele dia de horror, eu era apenas uma criança, uma espectadora impotente da carnificina. Escondida com meus dois irmãos em um armário empoeirado, meus olhos infantis testemunharam atrocidades que nenhuma criança deveria presenciar. Através de uma pequena brecha, vi a brutalidade que ceifou a vida de meus pais, a selvageria que transformou nosso lar em um palco de horrores. O medo me paralisou, silenciando meus gritos, enquanto assistia, impotente, ao nosso mundo desmoronar.
Por pouco escapamos da morte. A sorte, ou talvez a magia ancestral que corre em minhas veias, nos protegeu da fúria assassina que varreu nosso reino. Mas a marca daquele dia permanece, uma cicatriz invisível que moldou quem sou.
E, contra todas as probabilidades, vencemos. Mesmo à beira do abismo, com nossas forças esgotadas e um exército dizimado, Dragons se recusou a sucumbir. A chama da esperança, por mais tênue que fosse, persistiu em nossos corações. Nós vencemos!
Eu e meus irmãos, crianças de 9, 7 e 5 anos, fomos forçados a amadurecer em meio ao caos. A dor da perda nos moldou, a responsabilidade nos fortaleceu. Tivemos que ser fortes, não apenas por nós mesmos, mas por todo o reino que dependia de nós.
Nasci com o fogo do dragão correndo em minhas veias, um legado ancestral que me predestinava a liderar. Sou a herdeira, a principal na linhagem, destinada a assumir o trono de Dragons. E assim o fiz, com a determinação de uma leoa protegendo seus filhotes.
O reino de Dragons, outrora um farol de esperança, foi envolto em magia, ocultado do mundo exterior. Para garantir nossa sobrevivência, espalhei boatos pelos vilarejos próximos, proclamando nossa destruição. A notícia se espalhou como um incêndio, e o mundo acreditou que Dragons havia caído.
Mas, nas sombras, começamos a reconstruir. Lenta e cuidadosamente, ressurgimos das cinzas, como a fênix renascida. Aqueles que permaneceram leais, os que carregavam Dragons em seus corações, juraram segredo, comprometendo-se a nunca revelar a verdade sobre nosso reino. Não iríamos estender a mão àqueles que nos abandonaram em nossa hora mais sombria. A lição daquele dia fatídico estava gravada em nossa alma: a partir de agora, Dragons protegeria apenas a si mesmo.