Eu estava nos meus nove meses, prestes a dar à luz nosso filho.
Minha mãe viera passar a semana, nossa casa cheia de expectativa.
Mas o cheiro a queimado e as sirenes romperam a tranquilidade daquela noite.
Nosso prédio ardia, eu e minha mãe presas no quinto andar.
Liguei para o Leo, meu marido, um bombeiro que deveria nos salvar.
Sua voz, contudo, trazia a mais inimaginável revelação.
Ele abandonou-nos para priorizar salvar o gato e a minha meia-irmã Sofia.
"É mais rápido, você tem tempo" , ele disse antes de desligar.
O pânico e a fumaça causaram-me contrações severas.
No hospital, a notícia brutal: nosso bebê não resistiu.
Leo e Sofia vieram, hipócritas, enquanto eu desmoronava.
Ele, um "herói" para todos, menos para a própria família.
Eles me culparam de "dramática", ignorando minha dor e a vida perdida.
Como ele pôde escolher um animal em detrimento do próprio filho?
A raiva e a tristeza me consumiam.
Mas a maior traição ainda estava por vir.
Descobri a prova de anos de engano: Leo desviava nosso dinheiro para Sofia.
Carros, férias, presentes caros – tudo com o que seria para o nosso futuro.
Aquilo não foi só negligência, foi uma mentira cuidadosamente construída.
Minha dor então se transformou em uma fúria fria.
Com o apoio da minha mãe, contratei a melhor advogada.
Leo não pagaria apenas pelo divórcio, mas pela vida do nosso filho.
E pela destruição financeira que ele nos causou.
O herói cairia, e eu me ergueria das cinzas da minha própria vida.