A vida parecia normal, embora com as habituais nuances de um casamento e a maternidade.
Até que numa fria madrugada, o grito do meu filho Leo rasgou o silêncio.
Ele estava em convulsões, ardendo em febre.
Em pânico, liguei para o meu marido, Miguel, implorando por ajuda para o hospital.
Mas a resposta dele foi um choque: estava ocupado a consolar a sua meia-irmã, Sofia, porque o gato dela tinha fugido.
"É só uma febre", disse ele, antes de desligar.
Arrastado Leo sozinho para o hospital, descobri a verdade aterrorizante: meningite bacteriana.
O meu filho podia ter morrido.
Miguel só apareceu horas depois, casual, e ainda me acusou de exagerar.
Como se não bastasse, a gestão do hospital logo exigiu um adiantamento.
Fui verificar a nossa poupança de emergência, o dinheiro para o futuro do Leo.
Vinte mil euros. Transferidos para a conta de Sofia Martins, para o "sonho" da sua loja de flores.
A audácia dele cortou-me o ar.
Ele roubara a segurança do nosso filho, que estava entre a vida e a morte, para financiar o capricho de uma mulher adulta!
A voz dele ao telefone, defensiva, a dizer que eu podia "pedir dinheiro emprestado aos meus pais", foi a gota d' água.
Como se a vida do meu filho fosse menos importante do que o "bem-estar mental" da sua meia-irmã privilegiada.
A minha indignação era palpável.
Naquele momento, enquanto Leo lutava pela vida, eu soube: o meu casamento tinha acabado.
Agarrei nas joias de família que a minha avó me deu "para os dias de chuva" e vendi-as para pagar a conta do hospital.
Depois, fiz a chamada que mudaria tudo.
"Joana? Sou eu, Clara. Preciso da tua ajuda. Preciso do divórcio e de justiça."
Esta não é apenas a história de um divórcio; é a saga de uma mãe que se recusa a ser vítima.