O oxigênio há muito tempo não estava nos seus pulmões. Olhou em volta, nada ali parecia ter saída. Recostou-se contra uma árvore de tronco largo. A noite estava caindo, e logo tudo estaria escuro.
A mulher apoiou todo o corpo contra a árvore. Tentava respirar normalmente, mas o ar queimava suas narinas e pulmões, estava frio, agradeceu a si mesmo por ter escolhido aquela roupa.
"Não consigo mais correr. O que eu faço? Será que vou morrer aqui mesmo!"
Ouviu galhos sendo quebrados ali perto. Os seus lábios abriram-se em agonia. Abraçou a si mesma, enquanto tomava coragem para fugir novamente.
O barulho estava cada vez mais perto. Sentiu um calafrio medonho passar por sua espinha.
"O que eu faço?"
O ser que a seguia era bem real. Seus olhos apavorados puderam vê-lo.
A fera era 2 tamanhos maior que ela, certamente, possuía o corpo coberto por pêlos e músculos de um predador, garras afiadas e olhos vermelhos como sangue.
Ele aspirava o ar a sua volta, como quem tenta discernir qual o cheiro da presa que buscava.
A cada passo que dava à sua volta, partia galhos e folhas secas. A mulher se encolhia tentando abafar o som de sua respiração com as mãos por sobre sua boca.
A besta olha na mesma direção da mulher, ela se encolhe mais ainda se escondendo, na expectativa de que o ser não a tivesse visto.
"Oh céus por favor! Eu não quero morrer!"
A fera solta um rugido assustador. E para a surpresa da mulher o monstro corre em direção oposta a sua.
Ao ver a fera se afastando, o alívio toma conta de todo o seu corpo. Suspira ainda assustada.
Ouve novamente galhos quebrando. Não há mais nada para ouvir além dos galhos e dar árvores a seu redor.
"Não posso mais suportar isso!"
Tudo parecia um filme de terror a seus olhos e ouvidos, odiava filmes de terror.
Olhou de um lado a outro e não viu ninguém, estava saindo o mais rápido que pôde quando sentiu as mãos a agarrarem com força.
Os braços de um homem forte a puxaram contra o seu corpo. Podia sentir o quanto ele era quente.
Ele vestia peles de animais, ela sentia o cheiro tomar conta das suas narinas.
Sentiu uma das mãos dele ficarem por sobre os seus lábios e a outra na sua cintura, o homem a fazia sentir além do medo, um certo desconforto.
Morreria naquele momento se pudesse.
Ele sussurrou em seu ouvido para que ela ficasse em silêncio, ela não conseguia se mexer, o aperto em sua cintura a estava quase a sufocar.
Tentava de todas as formas ver quem a agarrava daquele jeito, estava furiosa por ele se atrever a tocar nela, daquela forma. Nenhum homem jamais ousou.
Tentou libertar -se em vão, o homem a segurou ainda mais forte quando percebeu suas tentativas frustradas.
- Mantenha-se em silêncio! Ele ainda está aqui! A voz dele era firme.
Alguns segundos depois, sem ouvir sinal da fera, o homem a libertou de seus braços enormes.
Foi tão rude quanto a fera. Ela virou -se para ele, e tomada de ódio intenso, desferiu uma bofetada no rosto moreno com barba, e olhos negros como a noite acompanhado por seus cabelos penteados para cima, que o deixavam ainda mais sensual na sua roupa de pele enorme.
O homem era uns 20 cm maior que ela.
Ele permaneceu imóvel, não demonstrou nenhuma reação, sem insultos ou represália.
Ela o observou apenas apertando o maxilar, e em seguida, tomando a sua espingarda, seguiu a trilha para longe dali. Ela sem acreditar que ele a deixaria ali, chamou sua atenção antes que ele desaparecesse tão rápido quanto surgiu.
- Ei!?
Ele continuou sua caminhada ignorando-a por completo. Ela então tentou acompanhar suas passadas enormes. Estava quase correndo para acompanhá-lo.
Parou bem a sua frente. Ele suspirou quando sentiu ela tocar o seu peito por sobre a pele do animal.
Por esse instante, ela notou a beleza do homem, um caçador rude como todos os que já havia conhecido, mas indiferente demais para os seus costumes.
Surpreendeu-se quando o viu tirar grosseiramente a mão que ela havia deixado sobre o peitoral dele
- Veio pedir desculpas?
Ela não deixou abalar-se. Os olhos de ambos se encontraram.
- Nem pensar! Estava tudo sob controle, até você aparecer!
O caçador sorriu.
- Certo! Então já que está tudo sob controle, passar bem!
Ele começou sua caminhada. Ela suspirou passando as mãos nervosas por seus cabelos.
- Seu idiota grosseiro!
Ele parou estático, assim que a ouviu.
- Devia medir bem suas palavras, senhorita!
Ela foi até ele novamente, eliminando o espaço entre eles.
-Porquê? Não é mesmo rude, grosseiro e idiota!
Ele ficou na altura dos olhos dela.
- Sabe por que eu sou o único que está aqui além de você?
Ela fitou os olhos negros que agora pareciam ter um certo brilho. Engoliu em seco após escutá-lo.
- Não, eu não sei!
Percebendo que ela não continuaria a insultá-lo, foi afastando-se dela a longos passos.
Ela continuou parada ali sem saber que caminho seguiria.
O observou por um instante, seu subconsciente a perturbava ainda mais.
"Qualquer direção exceto com ele."
Ele estava há uma distância de 50 passos dela quando parou, e pôs-se a reclamar contra ela.
- É bem teimosa! Ignorante e prepotente!
Notou ela girar sobre os calcanhares automaticamente, havia conseguido a atenção que desejava.
Os olhos dela traziam toda a fúria possível.
- O que você disse?
Ele continuou onde estava com seu o rifle em posição, a mulher tropeçou nos próprios pés, assustada ao ver a arma apontada em sua direção.
"Será que ele levou muito a sério o que eu disse?"