O cheiro de mofo e morte ainda pairava, a escuridão da masmorra grudada na minha pele.
Lá fora, os sinos dobravam, não em festa, mas anunciando minha execução pelo crime de traição que não cometi.
A porta rangeu, e neles vi as figuras de Verônica, minha meia-irmã, e Ricardo, meu noivo.
"Eu falsifiquei as cartas, plantei as provas. Ricardo me ajudou" , Verônica sussurrou, seu sorriso frio rachando meu mundo.
Ricardo, cujo toque um dia prometera o mundo, olhou-me com desprezo: "Você nunca foi o suficiente para mim, Isabella. Verônica, sim, ela sabe como tratar um homem."
A lâmina desceu, e a dor da traição era excruciante, pior que a própria morte iminente.
Se eu pudesse ter outra chance, eles pagariam, eu jurei.
Então, a escuridão cedeu à luz.
Abri os olhos, em meu quarto, nos meus lençóis de seda, não na pedra fria da prisão.
Corri para o espelho: era eu, aos dezesseis anos, no dia da minha festa de debutante – o dia em que tudo começou a desmoronar.
Eu havia retornado.
Uma risada fria escapou dos meus lábios, uma melodia de vingança ressoando na promessa de que, desta vez, tudo seria diferente.
Desci as escadas para o salão de baile e a vi: Verônica, com o grampo de safira que meu Imperador tio me dera, roubado e brilhando em seu cabelo.
Ela sorriu, um sorriso falso e doce.
Eu a encarei, a raiva e a dor de uma vida passada fervendo.
E dei-lhe um tapa.