Casei-me com o amor da minha juventude, Gonçalo.
No dia do nosso casamento, ele confessou-me que estava na ruína.
Cega de amor, prometi que enfrentaríamos tudo juntos.
Mas a vida tornou-se um inferno de cinco anos de sacrifício.
Eu trabalhava de sol a sol, e o nosso filho, Vasco, cresceu a apanhar azeitonas para comermos.
No quinto aniversário de Vasco, vestida de mascote num hotel de luxo, a verdade esmagou-me:
Gonçalo não era pobre; era multimilionário, e vivia na opulência com a sua ex-namorada.
E ria-se da minha "ingenuidade" e "sacrifício".
Ele usou o nosso filho, o seu próprio sangue, como dador de medula para o filho da amante.
Forçou-me a doar sangue para a criança dela, priorizando-a sobre o Vasco.
Vi o meu filho ser magoado e fui humilhada em público, forçada a ajoelhar.
E quando fomos raptados, ele disse aos captores para "se livrarem de nós".
Como pude amar um monstro tão calculista?
A cegueira do meu amor condenou-nos à miséria e à humilhação.
Cada mentira dele, um buraco na minha alma.
E o Vasco, com o seu olhar de dor, era a prova da minha tolice.
Mas os olhos do meu filho quebraram as minhas correntes.
Chega de pena, chega de sofrimento.
Peguei na pouca dignidade que me restava e mudei-me.
Dei um novo lar a Vasco, um amor honesto e um futuro longe daquela sombra.
E quando Gonçalo se atreveu a reaparecer, a minha resposta foi um muro de gelo e um "Eu odeio-te" final.