A caneta preta deslizou sobre o papel, selando um destino. Câncer terminal. Clara assinou o testamento final de sua vida, decidida a proteger Heitor da dor da sua partida. Para isso, ela precisava se tornar a vilã.
Ele, que prometeu nunca a deixar, estava em seus braços, beijando outra. O amor de anos se desfez em pedaços diante de seus olhos, mas um alívio amargo a inundou. Era o empurrão que faltava para executar seu plano.
Clara reapareceu na vida dele, cruel e sem coração, destruindo-o para que ele a odiasse, para que ele a esquecesse e seguisse em frente. "Eu nunca te amei de verdade", suas palavras gelaram a alma dele, forçando-o a vê-la como um monstro materialista.
Por que, mesmo morrendo e dedicando seus últimos dias a poupá-lo, ele a torturava de volta com a mesma intensidade? Por que a vingança dele era tão implacável, a ponto de permitir que outra mulher a humilhasse e que seu único consolo, seu gato Milo, fosse tirado dela de forma tão brutal?
Mas foi a queda fatal de Milo que quebrou as últimas amarras de Clara, revelando seu segredo e selando um pacto sombrio com o próprio diabo. "Desapareça. Finja que o traiu. Faça-o te odiar tanto que ele nunca mais vai querer ouvir seu nome" , a voz de Sofia ecoou. A única saída era a morte. E assim, no fundo de uma banheira, Clara encerrou seu último ato de amor, sem saber que sua história não terminaria ali.