Capítulo 2 Duelo e Aliança

Após descobrir o real motivo pelo qual Treville foi atrás de mim, passei a me dedicar mais nos treinamentos; eu não queria desapontá-lo. Com o passar dos anos, tornei-me mais forte que uma donzela. Ao completar 12 anos, tive o prazer de aprender a dominar uma espada, minha primeira paixão. Meu pai teve toda a paciência para me ensinar as artimanhas e o estilo de luta que a família Coyle passou de geração em geração. Aos 15 anos, meu pai concedeu-me terras para que eu pudesse fazer parte de seu exército de Cavaleiros, tornando-me uma das poucas mulheres na cavalaria dos 12 Duques de Valência.

Achou que a história terminava aqui? Está enganado(a). A vida me presenteou com muitas coisas pelas quais sou eternamente grata, mas foi com a primeira flor que nasceu na primavera de Valência que conheci um jovem chamado Aramis, que tirou meu fôlego em todos os sentidos. Na semana do meu aniversário de 14 anos, enquanto treinava no local habitual, quatro rapazes chegaram. Pareciam se conhecer há muito tempo, demonstravam amizade e lealdade uns aos outros, quando parei para saber o motivo de tanta conversa, meu instrutor Ghanor falou:

"Esses quatro jovens são os melhores soldados que seu pai tem, praticamente da família. Seu pai os considera como filhos, cuidou deles desde pequenos e prometeu às suas famílias que zelaria por eles como se fossem seus próprios filhos. Além de habilidosos, possuem muitas técnicas de batalha. O que está com o símbolo de leão no ombro chama-se Porthos, habilidoso com o machado; ao lado dele, Athos, líder do grupo, mestre da espada e da mira; o de cabelo liso é o especialista em armas de fogo D'Artagnan, e o de chapéu é Aramis, perito em esgrima, facas e espadas."

Olhei para Ghanor e comentei sobre a importância de ter bons homens para defender as terras de meu pai. Treville sempre pediu a Ghanor para apresentar os soldados que eu ainda não conhecia, dizia que, quando partisse deste mundo, eu precisava conhecê-los todos. Após a apresentação, retomamos o treinamento, mas notei que as gargalhadas e conversas dos rapazes tinham cessado por um tempo.

Prestes a desferir o golpe final em Ghanor, fui interrompida por uma espada dourada cortando meu golpe. Ao perceber que tinha mais alguém na batalha, olhei para o novo adversário e vi um jovem de aproximadamente 17 anos, de cabelos castanhos e olhos esverdeados. O sorriso em seus lábios indicava que estava apreciando a luta que acabara de iniciar, e seu olhar denotava ansiedade pelo embate que se desenrolava. Teimosa como sempre, dei início ao confronto, e nossas espadas passaram a se entrechocar, soltando faíscas com muita rapidez.

Percebi que nossos passos estavam sincronizados, como se tivéssemos treinado juntos por anos. Subitamente, ouvi ao fundo uma voz masculina gritando:

"Você vai arranjar encrenca com Treville, Aramis!"

Ele sorriu ainda mais e retrucou: "Vou adorar essa encrenca!"

Aproveitei a distração e ataquei com determinação. Nossos movimentos fluíram em sincronia, como numa dança com espadas. Quanto mais tentava, mais percebia a agilidade dele, esquivando-se com habilidade. Treinada por meu pai, não podia permitir que um simples soldado ganhasse de mim. Num movimento rápido, tentei golpeá-lo por cima, mas ele foi mais ágil, cortou meu ataque e, habilmente, fez minha espada voar para longe. Rodopiou e simulou um golpe na minha barriga, empurrando-me contra a parede. Nesse momento, olhou intensamente nos meus olhos e, ofegante, desferiu o mais belo sorriso que eu já tinha visto.

Então, notei que ele me olhava de maneira diferente. O mundo parecia ter parado naquele momento, mas o silêncio foi quebrado quando ele disse:

"Então significa que acabei de lutar com a mais famosa Donzela da região? Prazer, chamo-me Aramis!"

Estendi a mão, e ao tocar a dele, experimentei algo que nunca tinha sentido. Meu coração acelerou um pouco mais, e respondi:

"Então, você e seus colegas já sabem quem eu sou?"

"Sim, Milady! Sua fama nessas terras é grande, mas não maior que sua habilidade. E, se me permite, sua beleza," falou com um sorriso ainda maior.

Nesse momento, corri de leve e agradeci seu elogio. Em seguida, apresentou-me a Porthos, D'Artagnan e Athos. A partir desse encontro, aprendi com esses quatro jovens o verdadeiro significado de amizade, baseada em lealdade, companheirismo e irmandade.

Com o passar dos anos, convivi e aprendi muito com meus novos amigos, considerando-os como irmãos. Eles cuidavam de mim com carinho e proteção. Como meu pai gostava deles e, após descobrir que me tinham "adotado no grupo", decidiu criá-los e treiná-los ao meu lado. No entanto, não imaginava que sua filha poderia se apaixonar por um deles. Felizmente, ao conhecer mais Aramis, acabei me apaixonando por ele, e o melhor de tudo é que ele sempre demonstrou seus sentimentos por mim.

            
            

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