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Ayla, ainda sentada conta a porta escutou passos pelo lado do lado de fora. O som dos passos aumentava de volume. Alguém estava indo ao seu encontro.
-Senhorita Ayla? Estou aqui para ajudá-la com a bagagem.
Ela não fez menção de se mover.
-Vá embora! Não preciso de nenhuma ajuda. Não irei a lugar algum.
-Senhorita... seu pai me pediu para ajudá-la pois seria muito difícil para fazer tudo sozinha. E ele me pediu para te lembrar que você é a última esperança da família.
Por mais que não quizesse, sentiu uma fúria. O ódio subiu desde o estômago até a garganta. Queria berrar, queria xingar. Mas nada saiu. Ela se levantou, abriu a porta e deixou a moça entrar. Uma empregada, não mais que 17 anos. Seu cabelo ruivo trançado chegava a sintura.
-Obrigada Amanda. Apesar de ter rejeitado a ajuda, eu não poderia fazer nada sozinha.
-Que isso, senhorita. É minha obrigação. Não há de quê!
-Sabe Amanda... o que você faria no meu lugar? Eu realmente sou apenas um brinquedo que eles podem comprar e vender, como em qualquer loja?
-Realmente não sei o que te falar, senhorita... minha família não tem dinheiro. Eu vivia numa fazenda, antes de vir para a cidade. Eu não entendo nada disso de dívida, não.
-Se não fosse a irresponsabilidade do meu pai, nada disso estaria acontecendo. Como vou me casar com um homem que eu nem conheço? Eu achava que essas coisas de casamento arranjado já tinham ficado para trás..., mas pelo visto, estou muito enganada.
Amanda terminava de guardar as últimas peças de roupa e um livro surrado, assim fechando o baú.
-Sabe senhorita... acho que esse negócio de dinheiro é quem manda. Quanto mais dinheiro a família tem, menos liberdade tem também.
"Bom, já podemos falar pros meninos buscarem sua bagagem, pois está tudo pronto aqui. Durante a semana eu termino de arrumar o resto de suas coisas pro patrão mandar para sua nova casa, senhorita."
-Obrigada. - Respondeu Ayla, sem nenhum animo na voz ou em sua face.
A empregada desceu primeiro para pedir que os outros dois empregados subissem para pegar a bagagem. Ayla foi descendo vagarosamente as escadas, em seguida. Não dirigiu a palavra a mais ninguém. Não se despediu de ninguém. Não olhou para sua mãe e muito menos o seu pai. E saiu pela porta.