Passei meus braços por trás de sua cintura, levando minha mão até os seus ombros, fiquei na ponta dos pés para que meus lábios pudessem alcançar sua orelha. O corpo inteiro dele ficou tenso quando eu comecei a dar beijinhos leves em seu rosto antes de sussurrar em seu ouvido:
"Hmm... Desculpe, querido, mas não foi. Hmm... Talvez seja meu segundo beijo." Sorri quando ele se afastou para me olhar com os olhos pensativos.
"Então você não é mais vir...", mas acabou sendo interrompido por sua mãe.
"Parabéns! Gosto do que você fez, filho. Foi tão romântico!" Senhora Kelley nos abraçou e deu uma piscadela para mim, mesmo sabendo que Daniel estava nos olhando.
"Isso faz parte do show, mãe", argumentou ele na defensiva, fazendo uma pequena careta.
"Para onde você está indo?", perguntou ela quando ele largou minha mão, pronto para ir embora.
"Preciso ligar para minha secretária para falar sobre a reunião de amanhã."
"Ah! Meu Deus, Daniel! Essa é a sua festa de noivado e você está com a cabeça no trabalho e nos negócios?"
"Mãe, já fiz minha parte. Já dei o anel para ela, então, não há mais nada a fazer. Não precisam mais de mim", respondeu ele, dando um beijo na testa de sua mãe. Ele começou a andar na nossa frente sem nem mesmo lançar um olhar para mim.
"Sinto muito, querida. Eu sei que o comportamento dele é indelicado."
"Tudo bem, senhora. Kelley. Não precisa se desculpar. Ele está certo em um ponto: realmente me deu o anel e fez sua aparição na festa! Então, ele fez a parte dele."
"Sophia", começou ela, pegando minha mão. "Não deixe meu filho te colocar para baixo no futuro. Ele é meu filho, mas não te ofereci este acordo apenas para o benefício dele, ofereci para te ajudar também. Se você precisar de qualquer coisa, não pense duas vezes antes de falar comigo. Você tem meu número de telefone e pode me ligar a qualquer hora."
Sorri agradecida para ela e concordei com a cabeça. "Muito obrigada."
"De nada, querida. Lembre-se de que agora você faz parte da família", comentou ela ao colocar a palma de sua mão sobre o lado esquerdo de meu rosto.
"Mãe... Belle."
"Minha filha!"
Nós duas nos viramos para o rosto sorridente de Rian. Ela nos abraçou carinhosamente.
"Parabéns, Belle", ela também pegou a minha mão, mas eu respondi apenas com um sorriso sem graça.
"Por que você a está chamando de Belle?" Nós duas olhamos para a mãe dela ao mesmo tempo que nossos sorrisos se alargavam.
"Mãe, o nome verdadeiro dela é Sophia Ysabelle e somos amigas desde a faculdade! E quer saber, eu não sabia que ela era noiva de Dani."
"Mesmo? Que coincidência, não é?" Ela olhou para mim com um novo brilho de felicidade nos olhos.
"Com certeza, mãe. Estou realmente feliz por você a ter escolhido para ser minha cunhada. Sempre sonhei em ter uma irmã e agora vou ter", falou Rian, toda feliz, enquanto batia palminhas.
"Você sabe tudo?" Os olhos da senhora Kelley se arregalaram um pouco quando ela fez aquela pergunta à filha.
O sorriso de Rian desapareceu de seus lábios quando ela concordou com a cabeça. "Sim, já sei tudo, mãe. Desde o que aconteceu com Belle seis anos atrás até incidente do shopping nas últimas duas semanas. Prometi a Belle que a ajudaria não apenas a encontrar Layla, mas também a melhorar o comportamento frio do meu irmão", respondeu, dando uma piscada para nós.
"Você está certa. Seu irmão nunca teve o coração partido antes, não sei por que ele ficou desse jeito."
"Mãe, mas nós duas sabemos que atrás dessa seriedade toda, Dani é uma das pessoas mais doces do mundo."
"Eu sei, minha filha." Após concordar com Rian, ela olhou para mim. "Sophia, assim que você conhecer bem o meu filho, vai entender o que queremos dizer. Ele não é tão frio assim com as pessoas que ama. Na verdade, é o oposto. Ele é muito possessivo com elas."
Eu apenas sorri para elas, segurando as palavras que queria dizer. Se pudesse, falaria algo como: 'Sim, para as pessoas que ele ama, mas ele se comporta de modo totalmente contrário quando se trata de mim.'
Depois da festa, o motorista da senhora Kelley me levou de volta para casa. Depois daquela proposta falsa e surpreendente, não vi mais o Daniel. Ele literalmente me abandonou no meio de seus amigos, família e outros parentes. Ele só reapareceu mais para o final da festa, quando todos os convidadoes já estavam agradecendo e indo embora.
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"O quê? Ele se atreveu a beijar você?!"
Os olhos de Craig se arregalaram de surpresa ao ouvir minha confissão. Ele insistiu tanto em saber todos os detalhes do que aconteceu na festa que eu fiquei sem escolha, a não ser contar detalhe por detalhe, desde o momento em que saí do carro até o momento em que Daniel me beijou. Sua reação foi somente gritar e arregalar os olhos!
Frente a isso, eu simplesmente concordei com a cabeça e revirei os olhos.
"Ai, meu Deus! Então, como foi a sensação de ter sido beijada por um dos solteiros mais cobiçados de LA? Mais ainda, ele foi seu primeiro beijo?", perguntou ele, sorrindo e batendo palminhas de excitação e alegria. Nós estávamos conversando em meu quarto, ficando prontos para ir para a cama.
"E o que ele disse depois de beijar você? Vamos, Sophia! Conte tudo! Estou morrendo aqui esperando mais informação!"
"Hahaha", ri com vontade de sua reação. "Bem, ele sabe", respondi dando de ombros e mordendo o lábio ao me lembrar das palavras que ele me disse depois do beijo.
"Ele sabe o quê?"
"Que foi meu primeiro beijo! Merda, Craig! Como ele podia saber disso?"
"Ai, meu Deus, Sophia! Claro que ele ia saber, ele é um homem. Pode notar essas coisas facilmente pela maneira que você respondeu ao beijo dele!"
"Ahh!", exclamei enquanto dava um tapa na minha própria testa.
"Então, o que você disse quando ele te falou isso? Como você reagiu? Você confirmou o palpite dele?"
"Não, claro que não!"
"Então o que você fez?"
"Eu neguei! Não ia dar a ele a satisfação de pensar que era meu primeiro beijo! Não queria que ele usasse isso contra mim, para me gozar pelo resto da vida! De jeito nenhum!"
"E como você disse isso para ele?", perguntou Craig, rindo.
"Eu disse que ele estava errado e que não era o meu primeiro beijo. Eu sabia que isso só aumentaria seu ego."
"Ok. Ele acreditou no que você disse?"
"Acho que sim, porque ele ficou bravo e até saiu depois que fomos parabenizados por sua mãe."
"Ha! Ótimo. Quer saber? Acho bom que Joseph não tenha beijado você naquela época. Agora, seu futuro marido teve essa oportunidade e tomou a iniciativa na primeira ocasião.
"Sim! Acho que aquele filho da puta não foi apenas para o inferno!" Fechei os punhos como se estivesse apertando aquele rosto feio entre meus dedos.
"De qualquer forma, qual será o seu próximo passo agora? Quando vocês estão planejando se casar?"
Suspirei alto para liberar o estresse do meu corpo e me acalmar um pouco.
"Já vamos nos casar na próxima semana. Acabei de solicitar uma cerimônia de casamento simples, sem mídia, sem paparazzi e sem repórteres."
"Hmm. Então, diga, o que seu noivo ajudou nos preparativos da cerimônia?"
Dei meu melhor sorriso sarcástico para ele.
"Você está me perguntando se ele me ajudou? Em nada! Absolutamente nada!", respondi realmente enfatizando a última palavra.
Craig começou a rir. "Bem, então, tenho certeza de que ele vai ser o marido perfeito do ano!"
"Hahaha. Isso é o que chamamos de 'milagre'!"
"Opa, não se apaixone por ele."
Ao ouvir isso, minha expressão ficou azeda. "De jeito nenhum! Prefiro morrer a me apaixonar por aquele homem!"
"Ai, meu Deus! Só tome cuidado para não ter que engolir suas palavras quando isso acontecer!"
"Hahaha. Não vai acontecer nunca!", respondi cheia de convicção.
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Ponto de vista de Daniel:
"Senhor Daniel!"
Levantei os olhos quando ouvi uma batida na porta do meu escritório. Era a voz de Denise, minha secretária.
"Entre, Denise."
Ela abriu a porta e me deu um sorriso educado imediatamente.
"Senhor, você recebeu uma correspondência do advogado, Relagio", informou ela ao me passar um envelope branco fechado.
"Advogado? Relagio?", perguntei franzindo a testa, em dúvida.
"Isso mesmo." Ela deu de ombros.
'Não conheço esse advogado', murmurei para mim mesmo. "Obrigado. Pode voltar para o seu trabalho, Denise."
"De nada", respondeu ao se dirigir à porta.
Abri o envelope com um sentimento misto de desconfiança e curiosidade enquanto não parava de me perguntar quem poderia ser esse advogado Relagio para me mandar uma correspondência.
Cerrei os dentes assim que vi do que se tratava. O envelope continha uma carta e um acordo pré-nupcial já assinado por Sophia Del Mundo, ninguém menos que minha noiva.
'Como esta mulher se atreve a me enviar um acordo pré-nupcial? Eu que deveria propor esse tipo de coisa!' Cerrei os punhos antes de discar o interfone que me conectava a meu assistente, Andrew. Ele atendeu no mesmo instante.
"Senhor...?"
"Andrew, venha ao meu escritório agora!", encerrei a chamada antes que ele pudesse falar qualquer coisa.
Depois de alguns segundos, Andrew entrou apressado em meu escritório.
"Por que esse péssimo humor?" Não me dignei a responder sua pergunta, apenas joguei os documentos para ele. "Opa! Um acordo pré-nupcial entre você e Sophia? Por quê?", perguntou ele, como se não pudesse acreditar no papel que estava segurando.
"O que você quer dizer com 'por quê'? Não foi iniciativa minha!" Olhei fixamente para ele.
"Ahh! Então, isso veio dela?"
"Exatamente! Como aquela mulher se atreve a me enviar um acordo desses? Nunca ousaria tocar em nenhuma propriedade dela! Além do mais, a razão de ela querer se casar comigo não é pelo meu dinheiro? O que ela quer dizer com esse documento? Eu deveria ser a pessoa que apresentaria esse documento para ela!"
"Bem, se você pensar no assunto, esse documento não é favorável para você? Como acabou de dizer, você acha que a única razão para ela querer se casar com você é dinheiro."
"Sim, e isso ainda não mudou."
"Se for assim, não importa de quem veio a iniciativa do acordo. Pelo menos ela está te mostrando que não tem nenhum interesse em tudo o que você tem, propriedades, dinheiro e contas bancárias."
Andrew pegou o documento e começou a ler em voz alta.
"Com base nas partes, afirma-se aqui que o marido, que é você, possui seus bens separados e a esposa não reivindica nenhum direito sobre eles. Que estes bens não podem ser reivindicados por nenhum dos dependentes da esposa. Em caso de divórcio ou separação judicial, a esposa não terá o direito de reivindicar nenhuma pensão alimentícia ou fazer uma reivindicação dos bens separados ou dos bens adquiridos pela outra parte durante o casamento." Ele fez uma pausa e me encarou com uma expressão franca. "Cara, isso só prova que ela não tem interesse em todo o seu dinheiro e bens."
"Isso tudo é apenas uma atuação!", respondi entre os dentes. Aquilo tudo estava realmente me deixando com raiva.
"Ei, cara, para com isso!" Ele quase se jogou no sofá, cansado com a discussão. "Por que você não pode simplesmente dar a ela o benefício da dúvida? Por que você não vai lá e pergunta para ela o porquê do casamento? Tenho certeza de que ela tem outro motivo para isso." Ele fez uma pausa repentina enquanto seus olhos se arregalavam.
"O que foi?"
"Talvez ela esteja apaixonada por você! É isso! Ela está apaixonada por você!"
Fiquei sem saber como reagir inicialmente. Quando ouvi o que ele disse, só olhei para ele como se ele tivesse virado um monstro de duas cabeças antes de cair na gargalhada.
"Vá se foder, Andrew! Isso é totalmente impossível! Mesmo que seja verdade, eu não vou me apaixonar por ela! Nem agora nem nunca!"
"Ai! Cara, agora estou com medo!" Apesar de suas palavras, seus atos demonstravam o oposto, pois ele caiu na gargalhada. "Ainda não ponha um ponto final no que está dizendo para não ter que engolir suas palavras no final."
"Ha! Isso não vai acontecer!"
"Ok, ações falam mais do que palavras. Por que você a beijou na festa?"
Sua pergunta me surpreendeu bastante. "É minha festa de noivado e ela é minha noiva, então o que há de errado nisso? Além disso, era tudo fingimento para mostrar àqueles empresários que estavam na festa que nosso casamento não era só um blefe." Como evitei olhar para ele naquele instante, não vi o tipo de olhar que ele me lançou.
"Hã, hã", disse ele concordando com a cabeça. "Ela é sua noiva, eu sei." Dei um olhar para ele e ele me deu um sorriso. "Você pelo menos admite que ela é linda, certo? Tem um corpo em forma e cheio de curvas naquele vestido roxo de..."
"Você está fantasiando sobre minha noiva?", perguntei com uma voz furiosa e os dentes cerrados. Não sei o porquê, mas não consigo imaginar alguém pensando essas coisas sobre ela sem ficar irritado.
"Uau! Espere cara, eu-eu não disse isso! Estou apenas descrevendo ela para você." Ele imediatamente levantou as duas mãos no ar em posição de rendição. "Meu Deus, Daniel! Por que eu faria isso? Além disso, ela é a 'sua noiva'."
Ele enfatizou bastante as duas últimas palavras, mas eu não estava com vontade de fazer nenhum comentário sobre isso.
"Nem pense em fazer isso, Andrew. As pessoas não podem ver você flertando com ela, a menos que não sejamos mais casados."
"Então isso significa que quando você já estiver separado, eu posso fazer o que eu quiser? Eu posso namorar com ela e até me casar se eu quiser?"
Meus punhos se fecharam debaixo da mesa. "Você sabe que a decisão é sua." Dessa vez, não o deixei sem resposta, mas agora tinha que enfrentá-lo. "E que porra de assunto é esse, Andrew? Ainda não somos casados e você já quer nos separar?"
"Ei! Não foi isso que quis dizer!"
"Estávamos falando sobre o acordo pré-nupcial que ela me mandou e não sobre separação nenhuma!"
"Tudo bem. 'Então você não quer discutir a coisa da separação, hein?'" Sua voz era praticamente inaudível, como se ele estivesse resmungando consigo mesmo, e só consegui ouvir as duas primeiras palavras.
"Faça uma ligação para esse advogado Relagio e marque uma reunião com ele o mais rápido possível. E não se esqueça de ligar para o meu advogado", mandei, já de volta ao meu humor profissional de todos os dias.
"Sim senhor. E Sophia? Devo ligar também para ela?"
"Não. Ligo para ela mais tarde."
"Ok. Mais alguma coisa?"
"Por agora é só. Pode voltar ao trabalho."
Fechei os olhos e reclinei as costas no encosto da minha cadeira giratória. Agora estava mais intrigado do que nunca pelos motivos de Sophia. Honestamente, nunca tinha passado pela minha cabeça fazer um acordo pré-nupcial, mesmo achando que ela estava querendo me usar por causa do dinheiro.